Mais do que em outras ocasiões, a nona temporada de Doctor Who começou de forma atípica. O clima parecia daqueles reservado aos arcos decisivos - algo que, na temporada passada, só ocorreu bem para o fim. Parafraseando Clara, quando encontrou um Doutor esmerilhando riffs e licks de guitarra em meio a uma arena medieval: "Você está diferente".
Não era apenas o Doutor de Peter Capaldi que parecia outro personagem no começo deste ano. Tudo já começou virado de cabeça pra baixo: a própria personagem de Jenna Coleman (que fará sua despedida em algum momento nos próximos doze episódios) já apareceu mostrando uma faceta de liderança consolidada. Seu papel é decisivo na crise enfrentada pela UNIT quando todos os aviões em voo da Terra congelam no céu.
Missy (Michelle Gomez), a vilã final do oitavo ano, ressurgiu dos mortos em um enigmático papel de "melhor amiga" do Doutor - mas, claro, sem deixar de lado sua loucura, e com certeza munida de planos e interesses próprios para esta temporada. E ainda nem vimos a personagem de Maisie Williams em cena...
Entretanto, nada esteve mais fora da curva do que os primeiros minutos do episódio, que, em um ponto vital da história, revisitado de forma ainda mais bombástica nos minutos finais, revela um elo vital entre o Doutor e Davros, o criador dos Daleks. Spoilers do primeiro episódio nos próximos dois parágrafos - leia por sua conta e risco!
O fato de o Doutor ter salvo a vida de Davros quando ele ainda era uma criança, e a consequência do garoto ter herdado uma chave de fenda sônica - a ferramenta primordial para a criação dos maiores inimigos do protagonista -, tem um impacto marcante para a série como um todo. Já no primeiro episódio, Steven Moffat e sua equipe mostram a sua intenção de desbravar um capítulo interessantíssimo na história do personagem, com direito a flashback para versões do Doctor do século passado.
Isso, combinando aos ganchos deixados pelo final, deixam o seguinte dilema no ar: se a nona temporada já começou de forma tão explosiva, como ela vai terminar? Trata-se de um arco que pode ser resolvido em poucos episódios ou de uma reviravolta em toda a timeline do Doutor? O patamar estabelecido pelo primeiro episódio indica que, ou veremos uma das melhores temporadas da história recente de Doctor Who ou sentiremos cada vez mais saudades dos antecessores do protagonista e suas fiéis companions.
