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Jessica Jones enfrenta fantasmas do passado na nova temporada; confira primeiras impressões

Série retoma com novos personagens e explorações mais profundas

28.02.2018, às 13H46.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

[Cuidado com possíveis spoilers do primeiro episódio da segunda temporada de Jessica Jones]

Marvel Studios/Divulgação

Um dos elementos mais envolventes de Jessica Jones, em sua primeira temporada, foi a estreia de uma super-heroína que não somente era uma mulher, mas que representava uma problemática tipicamente feminina, mas não necessariamente excludente. Com sutileza, a Marvel na Netflix conseguiu apresentar a história de uma vítima de manipulação física e psicológica de forma não apenas que conquistou o público de modo geral, como também tratou de questões relevantes e ainda concluiu um arco de superação. Jessica Jones foi construída como uma super-heroína poderosa que também é frágil, principalmente por ser assombrada pelo seu passado traumático. E apesar disso ser frequente na maioria das histórias de heróis, a peculiaridade de seu desenvolvimento e a introdução da perturbada heroína mulher na Marvel fazia da personagem mais intrigante, ainda mais com um dos melhores vilões dos quadrinhos, Kilgrave.

Em sua segunda temporada – que estreia convenientemente no dia internacional da mulher, em 8 de março – a série tem alguns obstáculos para enfrentar. Não apenas ela perdeu seu forte vilão, que foi morto por Jessica no último episódio, como finalizou com a protagonista buscando se abrir mais e engajar na sociedade, principalmente pela influência de Trish (Rachael Taylor) e Malcolm (Eka Darville), o que significaria que a heroína deixaria para trás grande parte de sua personalidade casca-grossa, sua anti-sociabilidade. Sem o elemento do inédito ou de seu vilão, restavam dúvidas de que a segunda temporada pudesse segurar a trama envolvente apresentada em seu primeiro ano.

Mas de cara, em seu primeiro episódio, Jessica Jones soube tratar do vácuo deixado. Na estreia da temporada, Jones ainda apresenta o conflito entre bloquear seus poderes ou usá-los para o bem maior, o que significaria investir em seu passado para conseguir respostas, algo que é, novamente, o objetivo principal de Trish. Mas agora, ao invés de encarar uma questão específica, como Kilgrave, Jessica se aprofunda no acidente de sua família e nos 20 dias entre o acontecimento e a sua internação no hospital; o intervalo de tempo é um buraco em sua memória, e parece ser a resposta da obtenção e desenvolvimento de seus poderes. No segundo ano, Jessica vai atrás da IGH, instituição que deve ser explorada para entender tanto Jessica, como o promissor vilão deixado em aberto no primeiro ano, Will Simpson (Wil Traval), que no primeiro episódio já aparece para assombrar Trish.

Ainda, na estreia do segundo ano, a série abre portas para mais arcos e novos personagens. A imprevisível Jeri Hogarth (Carrie-Anne Moss), além de lidar com problemas de saúde, deve aliar-se com um novo oponente de Jessica, Pryce Cheng (Terry Chen), um investigador motivado em eliminar sua competição. A série ainda traz um novo namorado para Trish, o jornalista Griffin, e novos vizinhos de Jessica, no novo zelador e seu filho. E apesar do primeiro episódio ainda não revelar o Kilgrave que apareceu nos trailers, ele é capaz de deixar o telespectador tenso pela sua possível aparição em diversos momentos, o que pode ser um problema da série em depender dos ganchos do passado, mas, se a trama for capaz de trazer o vilão de volta com alguma relevância, pode ser também um testamento de sua qualidade.  

De certa forma, o primeiro episódio da segunda temporada é bem semelhante ao piloto da série, de 2015 e, por isso, deve agradar quem já é fã e antecipa a estreia. Ele se inicia com a narração da protagonista falando sobre a cidade, trabalhando em suas investigações como detetive particular e inicialmente resistindo em se envolver em grandes questões. Novamente, por causa de um trágico acontecimento, a heroína se vê sem escolhas e decidindo se envolver em casos que inicialmente se recusava. E apesar de continuar carismático e ácido como no ano anterior – como na ótima resposta da heroína quando Cheng lhe diz “que não aceita não como resposta” e ela retruca com “que estuprador da sua parte”Jessica Jones ainda tem um problema maior a ser lidado, no desenvolvimento de sua personagem principal. Se Jessica aprendeu algo na primeira temporada, é que pode e deve confiar na ajuda dos outros, e, pelo menos no primeiro episódio, ela não parece ter o aprendizado na bagagem. Mas a série não pode cometer o erro de retornar sua personalidade à estaca zero; exatamente porque a sua característica mais cativante é sua humanidade, a protagonista precisa evoluir para se manter envolvente.

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