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Manto e Adaga | Nova série de TV da Marvel tem potencial para criar algo único

Trama aposta no drama adolescente para discutir trauma e arrependimento

09.06.2018, às 22H22.
Atualizada em 10.06.2018, ÀS 12H00

Enquanto a Marvel preza pela coesão de universo único nos cinemas, na televisão o que ganha força é a diversidade de estilos e abordagens. Os seriados vão desde a violência sombria dos programas da Netflix até a estranheza artística de Legion . Agora, a empresa se uniu com a Freeform para conquistar o público jovem-adulto com Manto e Adaga.

Divulgação

Ainda que as adaptações direcionadas para os adolescentes sejam mal vistas, a dupla de personagens é a escolha perfeita: originalmente introduzidos na década de 1980 nas HQs do Homem-Aranha , os personagens conquistaram seguidores fiéis - ainda que não lá tão expressivos - por frequentemente terem motivações e inimigos realistas, como a violência e o tráfico de drogas. Na era onde os jovens estão cada vez mais engajados social e politicamente, faz todo o sentido a Marvel não perder essa oportunidade.

O seriado acompanha Tyrone Johnson (Aubrey Joseph) e Tandy Bowen (Olivia Holt), dois jovens opostos unidos por um acidente que tira o irmão do garoto e o pai da menina na mesma noite. De diferentes classes sociais - ele rico e com um futuro promissor; ela pobre e envolvida com crime -, os dois são unidos por uma espécie de conexão mística. Os dois primeiros episódios, que foram ao ar em sequência, não chegam a completar a união dos protagonistas como é esperado, mas sim toma tempo para desenvolver os conflitos pessoais de cada um - e é aí que Manto e Adaga mostra seu potencial.

Tanto Tyrone quanto Tandy são fortemente moldados por trauma e arrependimento. Os dois sofrem diariamente com luto, mas ainda são condicionados às altas expectativas da família e sociedade. Isso cria angústia que se manifesta em forma de agressividade e rebeldia. Para completar, o seriado também desenvolve em plano de fundo temas como violência policial, vingança e saúde mental. Assim, o resultado é algo de incrível relevância para a atual geração de jovens, abordado de forma correta e sob uma camada de misticismo e, é claro, com todos os benefícios de ser parte do universo de heróis da Marvel.

Isso, é claro, não significa que o programa não tenha algumas questões preocupantes: enquanto os atores principais apresentam boa química, as interações com o restante do elenco não são lá muito convincentes, frequentemente beirando o robótico - algo que, infelizmente, é sustentado por diálogos artificiais.

Há futuro, público e espaço para Manto e Adaga. O seriado parece tocar em temas tão relevantes quanto os das HQs com sensibilidade e respeito, abrindo espaço para discussões pontuais enquanto aproveita o charme de ser, simultaneamente, um romance e um conto de super-heróis. Resta ver como as tramas individuais serão conduzidas com a reunião dos protagonistas, e se a escrita evoluirá junto com o enredo. Caso aconteça, o programa tem potencial para ser algo único dentro do universo televisivo da Marvel.

Manto e Adaga é transmitida nos Estados Unidos pela emissora Freeform. No Brasil, o canal pago Sony se encarregará da exibição em data ainda não definida.

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