Último fruto de uma longa safra de adaptações de clássicos do cinema para a TV (veja o Bloco X sobre o tema), a versão seriada de Máquina Mortífera não tem o charme ou o apelo da série de filmes iniciada por Shane Black e Richard Donner em 1987.
A produção da Fox ensaia, com boa vontade, criar a sua própria linguagem, mas a soma do episódio-piloto, exibido na San Diego Comic-Con 2016, mostra apenas reprodução ao pé da letra da fórmula que fez a fama do filme estrelado por Mel Gibson e Danny Glover.
Falta o contraste de personalidades fortes da dupla original. Enquanto Damon Wayans ganha facilmente o público com um estilo de humor conhecido de séries como Eu, a Patroa e as Crianças; Clayne Crawford, que tem no currículo participações em Jericho e 24 Horas, ainda é uma incógnita. O ator chega a ter momentos charmosos como Martin Riggs, mas qualquer comparação com a versão de Gibson anula todo o seu esforço.
Dirigida por McG (de As Panteras), a estreia de Máquina Mortífera é repleta de ação, com uma coreografia de cena exagerada, no melhor estilo dos filmes do gênero da década de 80. O sentimentalismo na hora de mostrar a origem do estilo suicida de Riggs e o tom antiquado do humor seguem a mesma linha, com o público alvo da série sendo claramente mais maduro. Assim, ao mesmo tempo que tenta modernizar o seu material de origem, a série permanece, de certa forma, datada.
A versão para a TV de Máquina Mortífera ainda não tem carisma para dispensar comparações, mas pode, com o desenvolvimento correto ao logo dos próximos episódios, encontrar a sua audiência. Basta buscar a sua própria personalidade, ao invés de ser apenas a simulação de uma franquia adorada.
Máquina Mortífera estreou em 21 de setembro nos EUA no canal Fox. No Brasil, a série chegará pelo canal pago Warner em 4 de outubro, às 22h30.