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Me Chama de Bruna mantém sensualidade, mas quer ir além do sexo na segunda temporada

Série retorna com proposta interessante, visual e narrativa

21.10.2017, às 12H29.
Atualizada em 21.10.2017, ÀS 13H00

Antes da coletiva de lançamento, realizada em 9 de outubro, a Fox convidou o Omelete para visitar o set de filmagens da segunda temporada de Me Chama de Bruna, série original baseada na vida de Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha. A visita revelou uma ansiedade do canal em estabelecer o imenso sucesso da produção perante toda a América Latina, embora midiaticamente falando, o produto não seja o que se pode chamar de fenômeno. Discreta e considerada por muitos como um derivado oportunista, a série resolveu avançar no seu objetivo de popularidade e virá para um segundo cheio de transformações.

As filmagens duraram 10 semanas e visitamos uma casa no Rio de Janeiro que serve como locação do Clube Paradise, um dos principais cenários desse segundo ciclo. Para quem nunca assistiu, uma primeira olhada pode causar estranheza, já que a série toma muitas liberdades com relação ao livro de Raquel e até mesmo em relação ao filme estrelado por Deborah Secco e que foi feito pela mesma produtora. A primeira temporada de Me Chama de Bruna foi situada logo após a saída de casa da personagem e concentrada em sua experiência como garota de um bordel de quinta categoria. Quase como numa espécie de “temporada procedural”, os novos roteiros e a nova direção (a cargo de Octavio Scopelliti e Pedro Amorim) reconfiguram a vida de Bruna e elegantizam os processos pessoais que veremos pela frente.

Essa será uma temporada mais solar”, reafirmou Scopelliti tanto na visita ao set quanto na coletiva de imprensa. Depois de oito episódios na opressiva rotina de um “puteiro de baixa renda”, Me Chama de Bruna ganhou a opulência do Clube Paradise, a amplificação do alcance das tramas e até a entrada de um “nome global” no elenco: Maitê Proença viverá uma apresentadora de TV lésbica que terá um conturbado envolvimento com Bruna (Maria Bopp). “Eu topei fazer porque era uma personagem de verdade , com um conflito e o texto era muito interessante, era inteiro, não era oportunista como eu pensei que seria, considerando o apelo dessa figura pública. Tudo era muito elegante”, disse ela. Direta, Maitê contou que um projeto pessoal com a Fox era seu interesse inicial, mas que o contrato previa o envolvimento dela como atriz em algum dos produtos da casa. “Há uma pegada de cinema e isso me faz esquecer que tô fazendo TV. Foi uma experiência muito satisfatória”, completou. Sua presença numa terceira temporada, contudo, é bastante incerta, mesmo que o Vice-Presidente de Desenvolvimento de Conteúdo, Zico Góes, tenha dito que um terceiro ano já está sendo discutido.

Bruna X Raquel

Quando esse segundo ano começa, a personagem já está morando sozinha, atendendo em seu flat e tentando a todo custo entrar no circuito da prostituição de luxo. É por isso que ela começa a frequentar o Paradise, para que consiga entrar no cast da casa e com isso aumentar seus lucros, já que o primeiro episódio já adianta que ela não está bem financeiramente. A aproximação com Miranda (personagem de Maitê) também é oportunista, baseada em sedução. Bruna quer fama e Miranda pode dar isso a ela. É como se a segunda temporada fosse um pequeno estudo das circunstâncias que levarão Bruna a se tornar a Surfistinha, quando o blog que lhe catapultou ao sucesso passa a existir.

Maria Bopp reforçou muito que a protagonista tem um caminho de autoconhecimento. “Essa não é só uma série de putaria” - disse ela. - “Existe um conflito muito grande, uma dualidade entre a Bruna e a Raquel”. Isso fica sutilmente evidente na première desse segundo ano, quando a ambição que move Bruna é brevemente ofuscada pelo reviver de uma certa ternura, sobretudo nas cenas com Gabriel Godoy, que também integra o elenco. Após experimentar uma exploração dos instintos maternos da protagonista na figura de Jessica (que não volta mais), a série parece querer reaproximar Bruna das dinâmicas do coração, embora esse seja um desastre anunciado.

Alguns dos personagens periféricos retornam no segundo ano, haverá um núcleo trans e a julgar pela cena que assistimos na visita ao set (cheia de erotismo entre Miranda e Bruna) e pela longa sequência de orgia inspirada em sequências de filmes como De Olhos Bem Fechados e Calígula, logo na estreia da temporada, os atrativos sensoriais se manterão vigentes na trama. A personalidade de Bruna, contudo, é o principal ponto positivo do roteiro. Já no primeiro episódio a amoralidade, a inveja, a ganância dela são sutilmente sugeridas em uma série de ótimas cenas. O texto, vale dizer, é bastante dedicado a naturalizar os efeitos dramáticos daquele tipo de vida e isso funciona muito bem para o show. Me Chama de Bruna é realmente muito interessante e sua linguagem visual mais crua só ajuda a deixar aqueles personagens ainda mais pulsantes e realistas.

A segunda temporada estreia no dia 22 de outubro, 22:45, na Fox Premium (que estará com o sinal aberto) e no aplicativo da Fox, para assinantes.

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