O Mecanismo | "O sonho é que meu personagem seja tão forte quanto Walter White", diz Selton Mello
Ator falou sobre a criação do policial Marco Ruffo na série
Um dos principais lançamentos nacionais do ano da Netflix é a série O Mecanismo, nova produção de José Padilha estrelada por Selton Mello. A obra busca apresentar uma nova visão da Operação Lava-Jato, ao mesmo tempo que foca em personagens complexos e com morais duvidosas. Segundo o ator, que vive um delegado aposentado da polícia federal chamado Marco Ruffo, seu papel tem o potencial de ser tão icônico quanto clássicos anti-heróis de seriados americanos.
“Acho que ele tem a grandeza de grandes personagens. O sonho de consumo do Padilha, da Elena [Soarez, roteirista] e o meu é que ele seja um personagem tão forte e tão emblemático quanto Walter White [Breaking Bad], Tony Soprano [Os Sopranos], que são personagens icônicos”, afirmou o ator durante uma visita ao set do Omelete realizada no ano passado.
O personagem de Mello serve como uma espécie de guia para a policial de Carol Abras, que vive a principal investigadora do seriado. Segundo o ator, seu personagem foi inspirado em Gerson Machado, considerado um dos “pais” da Lava-Jato e um dos primeiros a investigar o doleiro Alberto Yousseff e destrinchar o esquema de corrupção que deu origem a Operação.
Apesar de Gerson ter sido procurado pela produção do novo seriado, Selton preferiu não conhece-lo para ter mais liberdade criativa pois, acima de tudo, o seu personagem não seria um herói tradicional. “Ele é um personagem bem ambíguo, rico e complexo. É além dessa série. Depois de um tempo, parei de acreditar nessa coisa de laboratório, eu não preciso ficar morando com um médico durante um mês para ser um médico. Eu vou precisar aprender a fazer coisas técnicas, mas assim, acho que a gente é capaz... é preparado ao longo da vida pra fazer o personagem. Eu não preciso ficar colado um mês em um delegado para viver um delegado. É a humanidade dele que me interessa”, explicou.
O sonho de trabalhar com Padilha é antigo, segundo o ator. Há muito tempo ele admira o trabalho do cineasta mas, até então, não havia aparecido uma oportunidade de encabeçarem um projeto juntos. Então, surgiu a ideia do Mecanismo e, mesmo sem ser ligado a política, o Mello decidiu participar do projeto junto com o diretor.
“Não me sinto representado por nenhum partido, tenho esse limite. A minha sensibilidade vibra de outra forma. Caiu justamente no meu colo essa série e falei: ‘que ótimo’. Primeiro porque é muito boa e segundo que é uma ótima chance de um crescimento pessoal, de estudar sobre isso, de entender melhor política. Eu costumo dizer o seguinte: ‘eu não gostava de política’ e, agora, estudei e posso dizer: ‘eu não gosto de política’, explicou.
Mesmo com o público sabendo a maioria dos desdobramentos do seriado – especialmente por acompanhar a Lava-Jato em tempo real nos jornais - , o ator disse que a forma como ele está sendo montado tem chance de atrair o público brasileiro e internacional, pois é uma obra baseada em fatos “surreais”. “Acho que o público vai curtir bastante, vai se sentir provocado, vai fazer ele pensar e o público mundo a fora também vai achar peculiar essa história”, explica.
Por fim, o ator acredita que a função do seriado é fazer o público refletir sobre o momento atual e sentir-se provocado pelos fatos apresentados na obra. “A democracia deve ser tagarela e a função da arte é fazer pensar. E é importante ter todo tipo de manifestação artística. Vão lançar documentário [sobre a Lava-Jato], filmes e tem que ter muita coisa sobre isso. Falar sobre o que acontece é importante e faz as pessoas pensar sobre”, finalizou.
A primeira temporada do seriado, que contará com oito episódios, tem estreia marcado para o dia 23 de março na Netflix.
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