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Por que você precisa ver Star Wars Rebels

Em três temporadas animação amadureceu e expandiu mitologia da saga; quarto ano será o último

16.04.2017, às 16H49.
Atualizada em 20.12.2019, ÀS 15H03

Ao apresentar os caminhos da Força para Ezra, um jovem órfão de Lothal, Star Wars Rebels buscava formar uma nova geração de “Guerra nas Estrelas” na sua nova casa, a Disney. Passadas quatro temporadas, essa ideia amadureceu. Sem nunca pensar na série como “mera animação”, o roteirista, diretor e produtor Dave Filoni fez de Rebels um terreno fértil para a mitologia da saga e para a criação de personagens fortes e marcantes.

Filoni, que trabalhou ao lado de George Lucas em Clone Wars e criou Rebels com Simon Kinberg e Carrie Beck, soube aproveitar em quatro anos todas as oportunidades para explorar o universo de Star Wars ao ampliar tramas já existentes e dar novas nuances a tudo o que havia sido dito sobre os Jedi até então.

O poder do cânone

Uma das maiores riquezas de Star Wars é o seu universo expandido. Desde o início, naves, droides, alienígenas e planetas que sequer tinham seus nomes mencionados nos filmes contavam com biografias e especificações técnicas. Mais tarde, livros, quadrinhos, games e outras publicações ampliaram o que era visto nas telas e estabeleceram novas culturas e personagens dentro do universo. Quando a LucasFilm foi vendida para a Disney, parte dessa complexidade se perdeu. Rebaixado ao patamar de “Lendas” para que as novas histórias do cinema começassem sem tantas amarras, muitos fãs sentiram a ausência de elementos já consagrados, como a Trilogia Thrawn, de Timonthy Zahn, que continuava nos livros a saga dos Skywalker.

Almirante Thrawn

Graças a Filoni, Rebels contornou em parte essa carência. O grande vilão da terceira temporada foi justamente o almirante Thrawn (dublado por Lars Mikkelsen). Zahn foi chamado para auxiliar os roteiristas na adaptação do personagem, um dos antagonistas mais interessantes de Star Wars. Intelectual e colecionador de arte, o militar é uma exceção entre os imperiais. O único capaz de ver a diversidade da galáxia e de usar essa percepção como estratégia de guerra.

Ter Thrawn como vilão permitiu explorar mais a cultura dos Twi'lek ao visitar o planeta natal de Hera Syndulla (a comandante da Ghost), e dos Mandalorianos, ao ampliar a história de Sabine (que integra a mesma cultura do caçador de recompensas Boba Fett). Ideias que foram iniciadas no antigo universo expandido e agora foram incorporadas ao cânone. O conceito de Sabre Negro (mencionado como easter egg em Rogue One) foi apresentado, dando ainda mais complexidade para Ordem Jedi.

Bendu (dublado pelo quarto Doctor Tom Baker) é outro personagem introduzido no terceiro ano a restabelecer os caminhos da Força. A antiga criatura vivia em sono profundo, misturando-se a paisagem de Atollon (planeta que serve de base para o Esquadrão Phoenix de Hera, Ezra e Cia.) até despertar pelo desequilíbrio de Kanan. Ele ajuda o Jedi e apresenta um novo conceito: “Sou aquele no meio”, descreve-se. Se a luta de Star Wars sempre foi entre a luz e a escuridão, o prometido equilíbrio não estaria nessa centralização? Filoni inclusive já havia questionado os caminhos da Ordem com Ahsoka Tano. Personagem central de Clone Wars, Ahsoka deixa os Jedi para seguir o próprio caminho e reaparece em Rebels como parte de uma Aliança em formação. Ela ainda usa a Força em combate, mas seus sabres de luz brancos representam a sua desassociação dos Jedi.

Capitão Rex e Ahsoka Tano, dois personagens de Clone Wars que reaparecem em Rebels

Preparação para o fim

Para a quarta e última temporada, Filoni promete levar a série para um novo nível. Com o retorno de personagens como Mon Mothma (a líder rebelde apareceu em dois episódios do terceiro ano, incluindo o ótimo “Secret Cargo”, S03E07), a animação aperta ainda mais seus laços com a saga principal. Saw Gerrera, o personagem nascido em Clone Wars e vivido por Forest Whitaker em Rogue One, também retorna para mais episódios, preenchendo as lacunas do seu arco no cinema. Anunciada como General em outro easter egg de Rebels em Rogue One (um terceiro é a presença da nave Ghost na batalha pelo roubo dos planos da Estrela da Morte), a personagem também deve ter a sua história ampliada no novo ano, ainda em conflito direto com Thrawn.

A tripulação da Ghost: Sabine, Chopper, Ezra, Kanan, Hera e Zeb

Visual + Ação + Trama + Personagens

A ação é outro dos pontos fortes de Rebels. O primeiro episódio da temporada final, exibido durante o painel na Star Wars Celebration,  mostra uma missão de resgate do clã de Sabine e coloca diversos mandalorianos em combate ao mesmo tempo em cenas bem construídas. As batalhas no espaço e as perseguições em terra têm cor e ritmo, transformando as possibilidades quase ilimitadas da animação em computação gráfica em belas cenas, que perdem para o cinema apenas na escala da tela. A série também aproveita conceitos descartados, tendo os arquivos da LucasFilm como principal referência. O visual de Zeb Orrelios, por exemplo, é baseado no primeiro conceito desenvolvido para Chewbacca e diversos cenários são representações diretas das artes de Ralph McQuarrie.

Rebels se provou um grande acerto e merece a atenção dos fãs da franquia, veteranos e novatos. O conhecimento enciclopédico de Filoni  (no painel de 40 anos na Star Wars Celebration ficou claro que ele é um pupilo direto de George Lucas) expande e amarra o universo, com direito a momentos nostálgicos como no episódio “Twin Suns”, S03E19, que mostrou Obi-Wan Kenobi em Tatooine. Ainda assim, a série não restringe seu alcance em relação ao público: o conhecimento prévio da saga é um bônus, não uma exigência. Um feito que é fruto da sua trama intrigante, aventuresca e de personagens cativantes - três sentenças essenciais para o sucesso em Star Wars.

Star Wars Rebels é exibida no Brasil pelo Disney XD. As duas primeiras temporadas da série estão disponíveis na Netflix.

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