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Supermax | Versão hispânica da série brasileira troca fantasia por realismo social no Festival de Berlim

Vimos dois episódios do remake produzido pela Rede Globo

13.02.2017, às 15H40.
Atualizada em 13.02.2017, ÀS 20H03

Em sua 67ª edição, o Festival de Berlim é do Brasil, e não apenas do cinema nacional, que emplacou 13 produções em diferentes mostras do evento alemão, mas também de nossa teledramaturgia: duas séries da TV Globo foram projetadas nesta segunda na seção Berlinale Series do evento. Pela manhã, os europeus viram Os Experientes, dirigida por Fernando Meirelles (Cidade de Deus) e seu filho Quico, e, à tarde, ocorreu a première mundial da versão hispânica do seriado SuperMax, dirigida pelo cultuado diretor argentino Daniel Burman (de O Abraço Partido). Ela é protagonizada por estrelas de prestígio no planisfério latino, como Cecilia Roth, o cantor-ator António Birabent e César Troncoso. A atriz paulista Laura Neiva (da novela O Rebu) é o único destaque brasileiro entre os protagonistas da trama, que se difere em múltiplos pontos da versão local, transmitida em 2016, a começar pela troca do clima sobrenatural em prol de uma narrativa de realismo social.

"O valor de produção da série é notável para um produto latino. Foi uma surpresa", elogiava a representante de aquisição de conteúdo do canal francês OCS Peggy Charlery, que estava na plateia atrás de novos produtos. "O trabalho dos atores é impressionante".

Causou espanto (e boa impressão) o hiperrealismo das cenas de ação que abrem a série, nas sequências de uma rebelião em um presídio, chamado Elefteria, nos confins do continente. No SuperMax original, havia misticismo. No SuperMax de Burman, só realismo cru e seco. Nele, adaptado dos scripts originais pelo cineasta e por seu conterrâneo, Mario Segade, o astro número um do cinema-pipoca espanhol Santiago Segura vive Orlando Saslavsky, o apresentador de um reality show que se ambienta nesta cadeia, dez anos após o massacre retratado nos minutos iniciais. Ele anuncia oito participantes (Cecilia, Birabent, Laura e Troncoso estão entre eles) que terão de sobreviver a uma bateria de provas de risco no ambiente. A primeira delas se dá numa câmara de alta temperatura.

No capitulo um da série, carregada das marcas autorais de Burman (debates sobre paternidades, desamparos afetivos, diálogos irônicos), é a personagem de Laura quem rouba a cena: insinua-se que ela foi uma bailarina. No episódio dois, também exibido na Berlinale, conhecemos um tiquinho a mais dos demais integrantes do reality, sobretudo a ligação do personagem de Troncoso com boxe. Nos momentos finais, a intriga central da série parece se fazer presente quando Orlando (Segura) parece ter perdido seu contato com a emissora. Alguém parece ter invadido a prisão. Quem? Isso só vai ficar claro nos próximos episódios, feitos pela Globo, majoritariamente nos estúdios cariocas da emissora, em coprodução com TVP da Argentina, a Oficina Burman, a TV Azteca do México e a Media Set da Espanha.

"A Globo já fez coproduções de novelas de sucesso com o mundo, mas este SuperMax é nossa primeira série neste formato. E de cara entrou em uma das mais prestigiadas vitrines do audiovisual do mundo. Berlim é um dos maiores festivais do planeta e se abre para a dramaturgia da TV do Brasil em sua segunda edição da Berlinale Series, o que é uma vitória pra nós", diz Gustavo Gontijo, gerente de desenvolvimento de séries da Globo. "Essa exibição da TV nacional aqui na Europa mostra que não há mais fronteiras para o nosso conteúdo".

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