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The Rain | Primeiras impressões da série da Netflix sobre jovens em mundo pós-apocalíptico

Produção original dinamarquesa mostra grupo sobrevivendo à dizimação da população após chuva letal

04.05.2018, às 20H00.
Atualizada em 04.07.2019, ÀS 17H43

Primeira iniciativa original da Netflix na Dinamarca, The Rain acompanha dois irmãos tentando se adaptar a um novo tipo de sociedade após a maioria da humanidade ser dizimada por um vírus. Logo nos dois primeiros episódios, o público é apresentado a Simone (Alba August) e Rasmus (Lucas Lynggaard Tønnesen), os jovens protagonistas que são arrancados da rotina quando uma tempestade letal se aproxima. Os dois são levados para um bunker, onde permanecem sozinhos durante seis anos à espera do pai, até que os recursos do lugar acabam e, do lado de fora, eles se deparam não só com um mundo completamente destruído, mas também com sobreviventes violentos e psicologicamente modificados pela nova realidade.

A princípio, a trama não oferece nada de inédito em relação a outras produções do gênero. Há uma série de situações-clichês que vão desde uma irmã mais velha lutando incansavelmente para proteger o caçula até o envolvimento do pai deles em alguma iniciativa obscura relacionada com a origem do apocalipse. Além disso, há também a informação de que Rasmus é, de alguma forma, um tipo de resposta para a cura por conta de experimentos que sofreu ainda na infância - mais um motivo para ser protegido de forma incondicional. Apesar disso, os dois primeiros capítulos são bem executados e, se a série apresentar reviravoltas interessantes ou, pelo menos, não deixar a falta de ineditismo se tornar cansativa, pode entreter bem o público.

As escolhas estéticas da atração lembram bastante Dark, a produção alemã da Netflix, mas as comparações entre as duas originais europeias do serviço de streaming param por aí. Há mais das primeiras temporadas de The Walking Dead, misturado com uma espécie de The 100 mais caprichado na atração, por exemplo. Logo no começo da série, Simone e Rasmus são interceptados por um grupo de jovens sobreviventes liderados pelo ex-soldado do exército Martin (Mikkel Følsgaard), um rapaz frio e aparentemente cruel. Fazem parte da sua equipe Beatrice (Angela Bundalovic), Patrick (Lukas Løkken), Lea (Jessica Dinnage) e Jean (Sonny Lindberg), claramente com papéis já bem definidos na história, como o cérebro do grupo ou a namorada do líder.

Há várias informações sobre o que o mundo se tornou que são lançadas logo no duo de episódios iniciais e que deverão ser trabalhadas ao longo da temporada. Por exemplo, há várias e fundamentais questões ligadas ao pai de Simone e Rasmus. Sabe-se que ele fazia parte de uma organização chamada Apollon que está relacionada tanto ao problema, quanto à solução. O pai dos dois desaparece em busca da cura para o que está matando as pessoas, mas fica implícito também que a própria empresa a qual ele serve é responsável pela chuva contaminada por um vírus que causa reações respiratórias, alergias e, rapidamente, a morte. Não se sabe, contudo, muito além disso, assim como sobre o que aconteceu exatamente com Rasmus, caracterizado pelo pai como a “chave de tudo”.

Apesar do teor de terror embalar a premissa da trama, há poucos elementos escatológicos e o clima soturno é garantido pelas escolhas visuais de luz e cores e, principalmente, pelos efeitos sonoros - o que é algo interessante do ponto de vista de que o programa consegue construir o clima desejado sem apelar para obviedades mais grosseiras. Uma coisa que ajuda a garantir empatia do público é a proximidade com a protagonista, Simone. Ao que tudo indica, ela sabe tanto quanto quem assiste a série sobre o que destruiu o mundo e os espectadores deverão descobrir junto a ela o que está acontecendo. Por exemplo, nos primeiros episódios, ela fica sabendo que há um grupo de pessoas responsáveis por caçar os sobreviventes, logo, é necessário permanecer na clandestinidade.

Há algumas dinâmicas sociais embrionárias logo no começo da série que direcionam o olhar de quem está assistindo. Uma delas é um provável conflito entre Simone e Martin em função da liderança do grupo ou, pelo menos, da forma de liderar - pode ser que ela seja responsável ainda por trazer de volta a humanidade ao rapaz, que se deixou endurecer pelo apocalipse. Há outras coisas, como a insinuação de um interesse de Rasmus por Beatrice, que mantém um relacionamento amoroso escondido com Martin, e isso também pode gerar um conflito a longo prazo. Logo nos primeiros momentos no bunker, Simone também consegue estabelecer contato com um rapaz chamado Philip (Anders Heinrichsen), cujo aparecimento não seria uma surpresa caso viesse a acontecer em algum momento.

The Rain é uma série bem tradicional em suas escolhas, mas cumpre os requisitos técnicos e criativos básicos para entregar um produto coeso e enxuto. Ainda que deixe logo de cara muitas perguntas, a clareza na forma como as questões são plantadas são praticamente uma garantia de que o público não vai ficar perdido sem respostas: tudo será respondido no tempo da trama, ao que parece, sem enrolação. A construção da história não chega a surpreender, mas deixa o espectador curioso tanto pelo que vai acontecer com a dupla de irmãos quanto pelos detalhes ainda ocultos dessa nova realidade macabra. Todos os episódios da primeira temporada de The Rain já estão disponíveis na Netflix.

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