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The Walking Dead | Apesar de optar por soluções preguiçosas, desenrolar da guerra mantém série no caminho certo

Episódio começou com força total, mas tomou alguns rumos questionáveis

Omelete
4 min de leitura
26.03.2018, às 00H58.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

Finalmente, The Walking Dead mostrou as coisas saindo como planejado para Rick (Andrew Lincoln), Maggie (Lauren Cohan) e Ezekiel (Khary Payton) no campo de batalha. Em "Do Not Send Us Astray", 13º episódio da oitava temporada, a viúva de Glenn (Steven Yeun) mostrou seu potencial como líder ao colocar os Salvadores para correr de Hilttop com um plano engenhoso e bem arquitetado. Infelizmente, ainda que a série esteja se encaminhando para o fim do ano atual, essa está longe de ser a última batalha entre mocinhos e vilões. Aliás, com o iminente retorno de Negan (Jeffrey Dean Morgan), o impacto maior da batalha travada no episódio, que terminou com o saldo negativo para os Salvadores, deverá acontecer sob a forma de uma crise de lideranças no covil dos Salvadores.

Sobre desenvolvimento de personagens, "Do Not Send Us Astray" garantiu alguns bons momentos, como o diálogo entre Tara (Alanna Masterson) e Daryl (Norman Reedus) sobre perdão e sobre suas próprias escolhas erradas do passado - aliás, cenas interessantes com o melhor amigo de Rick são cada vez mais raras; parece que o personagem simplesmente foi esquecido pelos roteiristas e não tem mais destaque nenhum além de dar tiros e explodir coisas enquanto dirige uma moto. A conversa entre ele e a ex-aliada do Governador (David Morrissey) serviu para mostrar o quanto de evolução alguns dos sobreviventes tiveram e como eles se tornaram bons personagens ao longo da história.

Por outro lado, há alguns personagens que parecem estar, de certa forma, estagnados em suas recorrentes narrativas pessoais. Além de Carol (Melissa McBride), que novamente está enlaçada em uma trama pontuada por ver seus romances naufragarem e precisar lidar com os efeitos do mundo pós-apocalíptico em crianças, Morgan (Lennie James) segue com a mente danificada pelos horrores da guerra - agora o sobrevivente está sendo perseguido pelas lembranças de um dos salvadores mortos que voltou para assombrá-lo.

A guerra em si foi o ponto alto da trama. Ainda que a decisão de Dwight de se manter ao lado de Simon seja, no mínimo, questionável, valeu pelo diálogo entre os dois, alertando sobre os perigos do possível retorno de Negan. Com elementos surpresas e boa organização tática, Simon (Steven Ogg) foi obrigado a tirar o sorriso do rosto e ver que não repetiria a chacina do lixão em Hilltop. O episódio garantiu não só boas cenas de combate, mas um grau de planejamento coerente a tudo que Maggie e Rick já enfrentaram ao longo dos anos - sem contar que interações entre Andrew Lincoln e Lauren Cohan são sempre ótimas.

Na segunda metade do episódio, contudo, a trama acabou forçando um pouco a barra para trazer um pouco mais de ação para o espectador. Para justificar todo aquele festival escatológico de tripas e sangue de zumbi sendo usados para contaminar as armas dos Salvadores, a parcela final do episódio se dedicou a mostrar feridos do lado de Rick e Maggie virando zumbis. Até aí, a sucessão de acontecimento manteve a coerência em relação aos fatos prévios - o problema foi justificar como um problema isolado se tornou uma crise em Hilltop.

Sem se aprofundar tanto em como um zumbi rola uma escada inteira, cai no meio de um grupo de pessoas e ninguém acorda com o barulho - aparentemente, só sobreviveu ao apocalipse zumbi quem tinha o sono muito pesado -, alguns fatores simples impediriam o massacre visto em Hilltop. O mais óbvio, e inexplicável, deles é que, após uma batalha perigosa em que vários dos inimigos conseguem fugir, o lado oposto realmente iria dormir sem deixar um bom número de sobreviventes acordados em vigília? Difícil acreditar em tanto amadorismo de Rick e Maggie a essa altura do campeonato.

Outro ponto é: novamente, a série opta por colocar crianças transtornadas causando problemas homéricos para o grupo. Esse papel já esteve nas mão de Carl (Chandler Riggs), Lizzie (Brighton Sharbino), Sam (Major Dodson) e outros que se despediram da série. Carol, principalmente, já devia estar um pouco mais acostumada a redobrar a atenção sobre os pequenos, em especial após a manifestação de sinais estranhos - vale lembrar que Henry (Macsen Lintz) já vinha demonstrando traços psicológicos preocupantes em função não apenas de ter matado alguém, mas pela sua obsessão por vingança.

Se tivesse mostrado a batalha contra Simon e ido direto para as consequências da derrota dos Salvadores, o ritmo da série teria sido mais eficiente do que perder metade de um episódio mostrando um ataque zumbi interno bastante inverossímil. Contudo, a batalha serviu para voltar a colocar Rick e seus aliados como uma ameaça real a grupos antagonistas como o Salvadores. Ainda que Negan tenha sequer dado as caras desde o confronto que terminou com Lucille pegando fogo, "Do Not Send Us Astray" aguçou a curiosidade em relação aos reflexos de seu retorno - ele não apenas sabe sobre o que Simon fez no lixão, como precisará lidar com a recente confusão em Hilltop. Isso, é claro, se Jadis (Pollyanna McIntosh) permitir.

O próximo episódio vai ao ar em 1 de abril. No Brasil, o canal pago Fox se encarrega da transmissão do seriado.

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