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Young Sheldon traz personagem icônico em versão mais irritante - e fofa - do que nunca

Primeiro episódio estreou em 25 de setembro com Iain Armitage no centro das atenções

26.09.2017, às 21H30.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H33

Quando Young Sheldon foi anunciada no fim de 2016, muita gente ficou apreensiva com o que viria de um spin-off de The Big Bang Theory e parte das dúvidas surgiram em função do questionamento sobre alguém além de Jim Parsons ser capaz de interpretar o icônico personagem. O jovem Iain Armitage ficou com a responsabilidade de encarnar o gênio em sua fase infantil e, após o primeiro episódio, dá para ver que as inquietações eram infundadas - Armitage dá conta do recado. O motivo do sucesso do garoto é que o Sheldon dele ainda é uma pedra bruta, enquanto o de Parsons já foi exaustivamente lapidado - na medida do possível - até se tornar minimamente tolerável em sociedade. Em Young Sheldon, temos o futuro físico em sua pior roupagem: ainda mais desajustado e irritante, mas com muito potencial a ser explorado.

Para quem esperava reconhecer The Big Bang Theory em cada cena de Young Sheldon, é melhor reduzir drasticamente as expectativas - e isso não é algo ruim. Colocar o excêntrico personagem em outro contexto que não ao lado de Leonard (Johnny Galecki), Penny (Kaley Cuoco) e o restante do grupo desajustado foi bom para entender que The Big Bang Theory obviamente não seria a mesma coisa sem Sheldon, mas que não é o personagem sozinho que faz da comédia clássica um sucesso que acaba de ultrapassar a marca de uma década.

Young Sheldon não é, portanto, uma espécie de The Big Bang Theory em miniatura - não só pela ausência dos demais protagonistas que fazem da comédia um programa único, mas pela importância dos novos personagens que orbitam em torno do novo Sheldon e da dinâmica social completamente diferente. Enquanto The Big Bang Theory é uma série sobre amigos, tal qual Friends ou That '70s Show, Young Sheldon é uma série focada nos maneirismos e particularidades de uma dinâmica familiar. Mais do que ser sobre Sheldon, a série é sobre como lidar com um pequeno e irritante gênio quando essa convivência não é algo optativo.

Dito isso, Mary (Zoe Perry) e George (Lance Barber), os pais de Sheldon, são tão vitais na construção de um enredo interessante quanto o próprio filho. São as interações entre os três que fazem da série algo potencialmente divertido: os pais são pessoas ordinariamente comuns querendo viver suas vidas medianas, mas são impedidos pelo filho atípico, que por sua vez se sente deslocado dentro no provincianismo de uma família texana do fim dos anos 1980. O que os une e faz com que todos se esforcem, façam concessões e tentem entender o lado do outro é o amor genuíno - é isso que rende cenas fofas, como a de Sheldon tirando a luva para segurar pela primeira vez na mão do pai ou acompanhando a mãe em sua ida à igreja mesmo sem acreditar em Deus.

Zoe Perry, aliás, se mostrou um grande trunfo da série no primeiro episódio - e isso nem está ligado ao fato da atriz ser convenientemente filha de Laurie Metcalf, que interpreta vez ou outra a mãe de Sheldon em The Big Bang Theory. A personagem é uma espécie de porto seguro do filho e logo no primeiro episódio foi interessante ver como essa relação de proteção flui naturalmente contrariando as probabilidades. Há outras dinâmicas interessantes vividas pela personagem que têm potencial na história, como a relação entre Mary e o marido, que já deu indícios de não ser exatamente um mar de rosas.

Entre os irmãos, não dá para esperar menos que um arco clichê entre Sheldon e o irmão mais velho, o que de antemão soa decepcionante. Já sobre Missy (Raegan Revord), ainda que a personagem tenha sido deixada completamente de lado no episódio de estreia, é possível perceber que a jovem também compartilha com Sheldon uma sensação, ainda que mais embrionária e por razões completamente distintas, de deslocamento dentro da família - isso precisa ser explorado para que ela não caia no ostracismo.

É muito cedo para vaticinar que a série é um erro ou um acerto, ainda que, do ponto de vista mercadológico, a audiência estrondosa da estreia seja um indicativo positivo - o spin-off debutou nos Estados Unidos como líder isolado de audiência, assistido por 16,5 milhões de espectadores, segundo dados da Nielsen. Young Sheldon é uma comédia bem ingênua e certamente não vai fisgar exatamente os mesmos fãs de The Big Bang Theory justamente pelo fato de, por mais irônico que seja, Sheldon ser o único ponto de conexão entre as duas. São duas séries completamente distintas e vai ser curioso acompanhar tanto o jovem Sheldon caminhando para se tornar o físico renomado conhecido por todos quanto o spin-off tentando chegar perto do sucesso gigantesco de sua original.

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