"Audacioso, inovador e perigoso"; diz Cao Hamburger sobre Castelo Rá-Tim-Bum

Créditos da imagem: Nadja Kouchi/Divulgação

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"Audacioso, inovador e perigoso"; diz Cao Hamburger sobre Castelo Rá-Tim-Bum

O Omelete entrevistou o co-criador do programa infantil que falou sobre representatividade, criação de personagens e inovações que a série previu

Omelete
4 min de leitura
02.03.2023, às 18H00.
Atualizada em 03.03.2023, ÀS 13H57

Nesta semana, a TV Cultura em parceria com a Oreo divulgou o Especial de Castelo Rá-Tim-Bum, que reuniu o elenco após 26 anos. Com homenagens e curiosidades sobre os bastidores, o episódio fez um resgate da memória e imaginário brasileiro que o programa infantil ocupa na mente e corações dos fãs até hoje. Em entrevista ao Omelete, o co-criador Cao Hamburger fala sobre a importância de ter trazido uma representatividade da identidade brasileira na TV aberta e como o programa previu certas tecnologias dos dias de hoje.

REPRESENTATIVIDADE E INOVAÇÃO

No especial, os atores Patrícia Gasppar (Caipora), Cinthya Rachel (Biba) e Eduardo Silva (o pizzaiolo Bongô) comentaram a importância de o programa infantil trazer um elenco diversificado e levantar pautas sobre o folclore brasileiro na TV aberta. Perguntado sobre, Cao diz que não vê a representatividade como inovação, mas como algo que sempre pensou em colocar no programa. “Eu não sei dizer se é pioneirismo, mas foi uma preocupação minha desde o início”.

Ele continua e lembra que o programa também trouxe a presença de povos indígenas com o quadro Curumins, que tinha duas crianças indígenas, Poranga e Porunga, que protagonizavam os contos dos povos originários narrado por Caipora.

Cao conta que tanto ele quanto Sérgio Mamberti (Dr. Victor), recebiam elogios de indígenas quando visitavam as terras deles. "Eu acho que vem da gente não ter esquecido deles como muitas vezes o Brasil esquece"; diz o co-criador.

QUEM TE VIU QUEM TV

Sobre a fórmula de sucesso do Castelo, Cao gosta de defini-la como um "alinhamento dos planetas", mas reconhece que outras questões ajudaram, como o fato de a TV Cultura, na época, já ter um histórico de produções infantis bem-sucedidas, como Glub, Glub, Rá-Tim-Bum e Mundo da Lua. Outro fator foi o carinho que veio dos atores que enriqueceram os personagens trazendo seus bordões e trejeitos. "Os atores emprestaram e fizeram de uma maneira muito amorosa os personagens, se dedicaram muito e trouxeram o melhor."

Diferentemente dos outros programas, Castelo Rá-Tim-Bum trouxe um formato inédito ao misturar o seriado com curtas diferentes que blocavam o episódio, além da trama novelística e contínua. Cao lembra que, apesar de ser inovador para a TV, foi muito desafiador, pois tinha que prender a atenção tanto da criança mais velha quanto da mais pequena. "Tinha que contar a história com essas interrupções e manter a tensão, o interesse, suspense e a emoção. Foi um formato audacioso, inovador e perigoso nesse sentido, então deu muito trabalho."

Trabalho esse que não existe mais projetos na TV aberta que sejam semelhantes ao que o Castelo foi. Cao afirma que, para ele, a TV aberta não tem se dedicado a conteúdos infanto-juvenis como no passado. "Acho que a TV aberta deveria ter um compromisso com o país de fazer [programas infantis] de boa qualidade."

Perguntado se o Castelo teria sucesso nas plataformas de streaming, o diretor acredita que sim, mas nota que isso não se limita tanto ao meio de divulgação, e que há "conteúdo bom em qualquer plataforma".

A JANELA PARA O FUTURO

Castelo Rá-Tim-Bum foi lançado em 1994, quando a televisão era um dos maiores meios de propagação e computador e internet eram para poucos e até eram vistos como algo que saiu de uma ficção. Cao reflete sobre como o programa "previu" algumas tecnologias, como o personagem Telekid (Marcelo Tás) que sempre respondia às perguntas mais difíceis de Zequinha (Fredy Allan), assemelhando-se às assistentes virtuais de hoje em dia, como a Alexa, Cortana e Siri. "É a própria ferramenta de busca que viria alguns anos depois"; diz Hamburguer.

O diretor continua e lembra que quando chegou o primeiro computador na produção, ele teve um lampejo sobre o programa. "Quando chegou o primeiro computador na sala da produção, veio com o programa Windows. Eu falei 'É isso! O Castelo é uma janela que vamos abrir essas janelas'".

ORIGEM DO REENCONTRO

Sobre a ideia do reencontro, Felipe Pedrolli, Diretor de Marketing da Mondelez Brasil, contou ao Omelete que o especial veio após uma campanha anterior relacionada a marca de bolacha e o Castelo e que, com o sucesso, eles acharam que seria possível algo a mais. "Percebemos que não poderíamos parar por aí, precisávamos ir além"; disse Pedrolli. "Foi assim que falamos com a TV Cultura para tirar a ideia do Reencontro do papel. Quando anunciamos a reunião, não foi surpresa a emoção e carinho dos fãs, que receberam a ideia com braços abertos e muita animação."

O Especial Castelo Rá-Tim-Bum já está disponível na internet no canal do YouTube da Oreo.

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