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Crítica

Better Call Saul | Crítica do piloto

Série começa seguindo as mesmas relações e os truques narrativos de Breaking Bad

MH
09.02.2015, às 18H51.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H34
Better Call Saul | Crítica do piloto

É sob a sombra de Breaking Bad que começa Better Call Saul, a série derivada que conta a história do advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk), e o episódio-piloto tira proveito dessa comparação inevitável ao jogar com a expectativa do espectador e corresponder com o fan service em momentos pontuais.

A cena pré-créditos, antes de mais nada, logo de cara remete à vida "civil" de Walter White como professor fracassado antes de enriquecer com o tráfico. Goodman aparece num emprego qualquer num shopping center, e a canção pop amena que embala a cena ajuda a nos lembrar daquela velha premissa: essa é a rotina banal da massa que leva uma vida "normal", e quem escolhe trilhar as margens da lei o faz não necessariamente para saciar uma fantasia mas, antes, para defender sua individualidade.

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Só que estamos vendo neve no Nebraska (difícil ficar mais "cold opening" que isso) e não no calor do Novo México, e não estamos no passado e sim no futuro. A estratégia de esticar as relações de causa e efeito a longos intervalos de tempo (basta lembrar das conexões entre Walter, Hector e Gus), usada até o limite do bom senso em Breaking Bad para prender o espectador, é repetida aqui mesmo antes dos créditos iniciais. A diferença é que, ao sugerir que mostrará tanto o passado quanto o futuro de Goodman, Better Call Saul já começa mais amarrada a causalidades que Breaking Bad. Na verdade, a própria menção a eventos narrados na outra série já torna essa rede de causas e efeitos mais intrincada.

Outras premissas vão soar familiares: Goodman tem dentro de casa um antagonista velado (seu irmão mais velho parece que exercerá o papel equivalente ao de Skyler em Breaking Bad, o de contrapeso moral) e o advogado tem uma rixa contra uma empresa bem sucedida onde trabalha um mal explicado interesse amoroso, como Walter tinha com a Grey Matter Technologies. A repetição dessa dicotomia até se justifica: para se reafirmar, o indivíduo se contrapõe não apenas à massa mas também e principalmente às corporações.

As escolhas estéticas também servem para colocar as duas séries numa mesma chave. Voltam os ângulos inusitados (como na cena da pista de skate) e os planos abertos que acompanham a ação bem à distância (para pontuar Albuquerque como uma terra cheia de oportunidades, de fato, por seu vazio). E não faltariam as participações especiais: uma aparece logo na saída do tribunal, no detector de metal, e o cliffhanger do piloto (é óbvio que esse outro recurso popular de Breaking Bad, o gancho entre episódios, não seria descartado) envolve um personagem que deixará os fãs em êxtase.

Se há um elemento capaz de tirar Better Call Saul da potencial amarra que são a iconografia e o imaginário de Breaking Bad, esse elemento é Bob Odenkirk. Embora seu personagem tenha um pouco do mesmo comportamento passivo-agressivo de Walter White, o ator traz à série solo um timing cômico que - como ele demonstra na ótima cena de tribunal que abre o episódio - tem tudo para gerar momentos de brilho próprio.

A série começou na AMC dia 8 de fevereiro, nos EUA, e o piloto chega hoje, dia 9, ao Netflix brasileiro. A primeira temporada completa de Better Call Saul estará disponível na Netflix quando terminar sua exibição nos EUA. Por enquanto, os episódios serão mostrados aqui toda terça-feira no serviço de streaming, seguindo a transmissão na AMC americana.

Nota do Crítico

Ótimo
Marcelo Hessel

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