A Casa do Dragão

Créditos da imagem: HBO/Divulgação

Séries e TV

Crítica

A Casa do Dragão engaja com intriga, mas não esconde falhas de roteiro e direção

Prelúdio de Game of Thrones alterna entre grandeza e mediocridade em sua primeira temporada

Omelete
4 min de leitura
27.10.2022, às 14H06.

Quatro anos depois do frustrante final de Game of Thrones, A Casa do Dragão estreou na HBO com a missão de devolver a franquia às listas de maiores audiências da televisão mundial. O objetivo foi rapidamente alcançado, com o prelúdio criado por Ryan J. Condal e Miguel Sapochnik entregando números cada vez maiores a cada semana e com fãs engajando de forma dedicada com as fofocas que cercam a Casa Targaryen. E, por mais que as intrigas e climões da primeira temporada sejam inegavelmente divertidos, a introdução à guerra civil conhecida como A Dança dos Dragões sofre com alguns problemas técnicos difíceis de ignorar.

O principal defeito deste primeiro ano de A Casa do Dragão está no roteiro. Por melhor que alguns diálogos fiquem quando entregues por atores do calibre de Emma D’Arcy, Paddy Considine e Eve Best, muitos deles parecem ser escritos apenas com o objetivo de viralizar no Twitter, resultando em vários momentos contraditórios na construção de seus personagens principais, já prejudicada pela muleta dos saltos temporais.

Optando por pular anos e mais anos a cada dois ou três episódios, os realizadores da série acabam criando buracos nas personalidades de seus protagonistas. Por mais que muitos dos personagens de Game of Thrones tenham chegado à oitava temporada muito diferentes do que eram no piloto da produção original, seu crescimento foi gradual e, de certa forma, merecido. Em contrapartida, esse desenvolvimento é totalmente atropelado pela pressa dos roteiristas de A Casa do Dragão, especialmente após a grande troca de atores na segunda metade da temporada.

Há de se reconhecer, no entanto, a forma como os roteiristas transformam Fogo e Sangue, que serve mais de apêndice para As Crônicas de Gelo e Fogo do que como um capítulo à parte, em uma história intrigante. Embora tenha competido semanalmente com outros blockbusters televisivos como O Senhor dos Anéis, Mulher-Hulk e Andor, A Casa do Dragão nunca perdeu a atenção do público, que se manteve entretido e engajado até nos episódios mais fracos da série.

Assim como o roteiro, a direção de A Casa do Dragão peca ao investir demais em cenas de alto potencial de viralização. Apelando para partos brutais, tomadas excessivamente longas de poças de sangue e metáforas visuais nada sutis, os cineastas por trás do prelúdio entregam diversos momentos chocantes, mas seu valor é discutível para além do sensacionalismo.

Por mais que conte com um orçamento invejável e cenas de computação muito bem feitas, A Casa do Dragão não resiste à tentação de escurecer determinadas tomadas para esconder os menores defeitos que possam ter passado pela pós-produção. Com isso, momentos que poderiam ser épicos tornam-se visualmente desagradáveis, com o público se vendo obrigado a fazer um esforço real para decifrar as formas cinzentas que se mexem em suas telas.

Apesar dos tropeços seguidos de direção e roteiro, o elenco de A Casa do Dragão, pelo menos, dá seu melhor em cada tomada que chegou às telas. Das jovens Milly Alcock e Emily Carrey aos veteranos Steve Toussaint e Rhys Ifans, o elenco contribui com algumas das melhores performances de suas carreiras, elevando até os diálogos mais problemáticos.

Mesmo que não tenham trabalhado com o melhor dos materiais, e apesar dos saltos, os atores de A Casa do Dragão deixam sua marca. Confortáveis na trama cheia de reviravoltas, afinal o caráter novelesco permite um alcance na atuação que incorpora bem a canastrice e o exagero quando a situação pede, eles ajudam a transformar as fofocas familiares a la Casos de Família em um entretenimento envolvente e divertidíssimo de acompanhar.

Principal destaque da temporada, Paddy Considine traduz todo o sofrimento de Viserys ao ver sua família ser corrompida por ambição ao mesmo tempo que sua saúde piora de forma exponencial. Impactante, a presença do ator transforma um personagem relativamente menor do mundo criado por George R.R. Martin em um dos rostos da franquia da HBO.

Longe de ser uma obra-prima, A Casa do Dragão ao menos entrega uma história divertida, embora às vezes esburacada. Marcada mais pelos memes que proporcionou do que pela qualidade de sua execução, o prelúdio de Game of Thrones prioriza o entretenimento, mas tem muito a melhorar caso queira levar a franquia de volta ao seu auge.

Nota do Crítico
Bom
A Casa do Dragão
Em andamento (2022- )
A Casa do Dragão
Em andamento (2022- )

Criado por: Ryan J. Condal, Miguel Sapochnik

Duração: 1 temporada

Onde assistir:
Oferecido por

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