Agents of SHIELD - 3ª Temporada | Crítica

Quando trocou a espionagem pela ficção científica, Agents of SHIELD descobriu a si mesma. Ainda que permaneça conectada aos acontecimentos do cinema, a série não gira mais em torno das tramas de terceiros, sendo capaz de desenvolver por si só arcos completos e satisfatórios. Depois de uma ótima segunda temporada, focada na origem de Sky/Daisy Johnson/Quake (Chloe Bennet) e na mitologia dos Inumanos, o terceiro ano continuou a explorar essa base com as narrativas da epidemia Inumana decorrente das cápsulas contaminadas com o cristal Terrígeno, do desaparecimento de Jemma Simmons (Elizabeth Henstridge) e da criação dos Guerreiros Secretos.

A passagem de Jemma pelo misterioso planeta conectado à pedra Kree foi um dos pontos altos, ampliando as possibilidades estéticas do programa e aprofundando personagens. Assim como no segundo ano, a terceira temporada foi planejada como uma narrativa completa, com suas duas partes conectadas entre causa e consequência, o que culminou na fuga de Hive do planeta/prisão e a sua ascensão na Terra como líder dos Inumanos. O vilão foi bem aproveitado pelo canastrão Brett Dalton, explorando também a criação e queda da Hydra (cuja origem, segundo a série, vai muito além de Caveira Vermelha e Arnim Zola).

A participação dos Guerreiros Secretos foi tímida, não chegando a integrar a trama por completo, mas com boas adições como a velocista Yo-Yo (Natalia Cordova-Buckley). O foco ficou no drama em torno dos seres superpoderosos, sem aproveitar por completo essas habilidades para movimentar os episódios. Ainda assim, o terceiro ano teve bons momentos de ação e começou a testar a aceitação de criaturas cada vez mais fantásticas como Lash (Matthew Willig) e o próprio Hive - o que certamente abriu espaço para a inclusão do Motoqueiro Fantasma no quarto ano.

A terceira temporada também soube trabalhar o elenco, com espaço para o crescimento de todos os personagens, não apenas Phil Coulson (Clark Gregg) ou Daisy. É um elemento essencial para a conexão entre a série e o público, necessário para a longevidade de qualquer programa, evitando que os personagens se tornem descartáveis e a trama vazia. Destaque para o relacionamento bem construído entre Jemma e Leo Fitz (Iain De Caestecker), Melinda May (Ming-Na Wen), cuja presença em cena vai além das sequências de artes marciais e o gigante sensível Mack (Henry Simmons). Holden Radcliffe, o cientista vivido por John Hannah, foi o destaque no lado das novas adições, trazendo mais humor e possibilidades sci-fi para o programa.

A série perdeu apenas na sua tentativa de dar a Harpia/Bobbi Morse (Adrianne Palicki) e Lance Hunter (Nick Blood) o derivado Most Wanted, criando uma subtrama que prejudicou o ritmo da temporada. Além disso, com o cancelamento do projeto (leia mais), todo drama do episódio de despedida “Parting Shot” (S3E13) deve perder a importância em uma desculpa esfarrapada que trará os personagens de volta. 

O terceiro ano de Agents of SHIELD não teve o mesmo impacto da temporada anterior, quando os Inumanos surgiram como novidade no universo cinematográfico da Marvel, mas a fundação estabelecida foi aproveitada, reforçando a mitologia e assumindo sem vergonha uma alma aventuresca (sem querer reproduzir na TV aberta o peso dramático das produções da Netflix). Agora, todos os testes narrativos foram feitos, com erros e acertos computados. Na quarta temporada, que contará ainda com um personagem clássico como Motoqueiro Fantasma (ainda que não na sua versão mais conhecida), a série tem tudo para chegar ao máximo do seu potencial no universo Marvel.

Agents of SHIELD

Encerrada (2013-2020)

Criado por: Maurissa Tancharoen, Jed Whedon, Joss Whedon

Duração: 7 temporadas

Onde assistir:

Oferecido por JustWatch