Uzo Aduba e Randall Park em Assassinato na Casa Branca

Créditos da imagem: Netflix/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Assassinato na Casa Branca tropeça no ritmo, mas convence com bom mistério

Série da Netflix surfa em referências para construir um "quem matou?" excêntrico e envolvente

Omelete
4 min de leitura
20.03.2025, às 04H01.

Shonda Rhimes não dá ponto sem nó. Alavancada ao sucesso com Grey’s Anatomy, a produtora norte-americana empilhou acertos no streaming após assinar uma parceria milionária com a Netflix. Entre os títulos mais consagrados destacam-se Bridgerton, que se tornou um verdadeiro fenômeno mundial, e Inventando Anna, minissérie inspirada na vida da golpista Anna Delvey e que foi uma das produções mais comentadas de 2022. Com Assassinato na Casa Branca, série que mistura comédia com suspense, ela mostra mais uma vez que tem um olhar apurado para escolher projetos envolventes.

Criada por Paul William Davies, a série é livremente inspirada em Por Dentro da Casa Branca, livro de Kate Andersen Brower que traz um relato íntimo da equipe de serviço da Casa Branca, explorando o dia a dia dos mordomos, secretários, faxineiras, cozinheiros e vários outros funcionários que cuidam das tarefas domésticas na residência da Primeira Família - entre outras palavras, a do presidente dos Estados Unidos. Mas enquanto a obra de Brower combina pesquisa e relatos verídicos, Davis pega emprestada as experiências destes personagens para criar um suspense intrigante: e se acontesesse um assassinato na casa mais emblemática do mundo?

Na trama, um banquete presidencial realizado na Casa Branca para estreitar a relação entre os governos norte-americano e australiano entra em colapso quando A.B. Wynter (Giancarlo Esposito), secretário-geral da residência, é encontrado morto. Com o caos instaurado, a excêntrica Cordelia Cupp (Uzo Aduba), considerada a melhor detetive do mundo, é convocada para resolver o mistério. Sua missão é interrogar os mais de 200 suspeitos, entre convidados e funcionários do evento, antes que a notícia se espalhe e o escrutínio popular comece.

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Para explorar o mistério envolvendo a morte de Wynter, Davis se debruça em uma série de referências claras a outras obras da fórmula "quem matou?" para contar a sua própria história. De clássicos como O 3º Homem (1947) e Disque M para Matar (1954) a sucessos mais recentes como Entre Facas e Segredos (2019) e A Queda da Casa de Usher (2023), o showrunner pincela elementos de cada título para construir o seu próprio quebra-cabeças. Mas o que dá personalidade a Assassinato na Casa Branca é sua opção por arquitetar esse suspense com muito humor - cada suspeito investigado é a caricatura de um personagem excêntrico e irreal, o que valoriza ainda mais o trabalho de um elenco afiado e que perfeitamente escalado.

A cola que conecta todos elementos é Cupp, que une a genialidade de um Sherlock Holmes com a esquisitice de um Benoit Blanc para ser o maior acerto da série. Vencedora de três Emmys, Uzo Aduba esbanja carisma e um excelente timing cômico para ser uma capitã que eleva o jogo de seus companheiros. A atriz surge tão confortável no papel que parece trabalhar há anos ao lado de Randall Park (agente Park) e Isiah Whitlock Jr. (chefe Larry Dokes).

O que faz de Assassinato na Casa Branca tão envolvente também é o motivo de a série sofrer com tropeços ao longo de seus oito episódios. Mesmo ciente do tamanho de seu quebra-cabeça, Davies parece não saber identificar quando a narrativa de um dos suspeitos encontrou o seu limite. Com episódios com quase uma hora de duração, algumas histórias se tornam cansativas quando o personagem central em questão não tem força o bastante para conduzi-la sozinho. Um exemplo claro surge no quarto episódio, quando até mesmo a carismática mordomo Sheila (Edwina Findley) nos cansa com seus traquejos particulares.

A exaustão da fórmula fica ainda mais evidente pela repetição. Cada episódio dá voltas e mais voltas para contar a história do suspeito da vez, e a consciência de que o próximo irá explorar a mesma narrativa para, no fim, entregar uma pista que aponta para outra pessoa e começar tudo de novo pode afetar os menos envolvidos com a histórtia. Para a sorte de Davies, há bons personagens de sobra e uma montagem ágil e inteligente para não nos afastar da vontade de descobrir quem é o verdadeiro culpado.

Assassinato na Casa Branca é um exemplo claro de uma série em que os acertos compensam os tropeços, principalmente tratando-se de uma fórmula difícil de inovar. Mas como Shonda Rhimes bem sabe, um bom suspense de "quem matou?", quando bem feito, é difícil de decepcionar.

Nota do Crítico
Ótimo
Assassinato na Casa Branca
Assassinato na Casa Branca

Criado por: Paul William Davies

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