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Crítica

Big Little Lies | Crítica

HBO entrega minissérie madura com suspense e discussões importantes

03.04.2017, às 13H52.
Atualizada em 03.04.2017, ÀS 14H11

Parece repetitivo começar uma crítica citando a extrema qualidade da HBO, mas é exatamente isso que o canal entrega com Big Little Lies, minissérie em sete episódios inspirada no livro de Liane Moriarty. Com um elenco principal talentoso e conhecido - Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Alexander Skarsgard - o canal apresentou uma série na linha de Gossip Girl e Meninas Malvadas, mas foi muito além, entrando em discussões pertinentes.

O ponto central da trama é a vida de três mulheres: Madeline, Celeste e Jane, vivendo conflitos por conta de relacionamentos, da criação dos filhos e das fofocas e comentários da pequena cidade de Monterrey, na Califórnia. O que se sabe logo no começo é que houve um assassinato e todas as “pessoas de bem” do local são potenciais suspeitas.

Tudo isso é mostrado de forma não linear, com os investigadores colhendo depoimentos para saber o que aconteceu, enquanto vemos cenas das vidas dos personagens antes do incidente. Tal técnica contribui para o aumento da expectativa do público, que é levado em todos os episódios a procurar pistas do que aconteceu e com quem.

Porém, todas as pequenas intrigas eram apenas a superfície da atração, que mostrou uma discussão muito mais profunda: da violência doméstica e do quanto isso afeta uma casa. Se antes a série parecia ter a Madeline de Witherspoon como personagem principal, o final mostrou que a história não era de uma Abelha Rainha rodeada de suas amigas, e sim de mulheres que foram afetadas de modo terrível pela violência de um homem, mas se uniram e conseguiram sobreviver a isso.

O personagem central da violência é Perry, vivido muito bem por Alexander Skarsgard. Com poucos diálogos, o ator expressa agressividade principalmente pelo olhar e pela movimentação do corpo. Shailene Woodley também se destaca, com o drama pessoal da criação e origem de seu filho Ziggy. Quem a conhece apenas pela saga Divergente pode esquecer a garota da franquia adolescente e esperar por uma jovem atriz madura, que entende muito bem o drama de sua personagem e se entrega de verdade ao papel.

Diferente de outras produções, Big Little Lies teve seus sete episódios dirigidos por Jean-Marc Vallée, conhecido por filmes como Clube de Compras Dallas (2013) e Livre (2014), que confere um ar delicado e importante às cenas dramáticas. Todo o movimento de câmera é em prol dos personagens e esse detalhe fica mais evidente no último episódio, que utiliza o recurso principalmente em uma festa beneficente e na sequência final.

A atração termina deixando o público, novamente, com algumas dúvidas, principalmente das consequências do clímax, mas reitera a força das protagonistas, que superam os traumas por si mesmas, e também através de seus filhos, que são usados de forma delicada como a imagem do futuro daquelas famílias. Big Little Lies mostra com competência como uma atração pode ser dinâmica, misteriosa e madura.

Nota do Crítico
Ótimo

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