Homem-Aranha

Créditos da imagem: Disney+

Séries e TV

Crítica

Homem-Aranha: Amigão da Vizinhança é mais tímida do que suas mudanças sugerem

Animação do Disney+ não oferece grandes novidades, mas tem reformulações interessantes

Omelete
4 min de leitura
29.01.2025, às 11H22.
Atualizada em 29.01.2025, ÀS 14H32

Assim como nos cinemas, o Homem-Aranha tem uma longa e variada história na televisão, particularmente se tratando das séries animadas. Da hoje cômica animação dos anos 1960 a adaptações quase perfeitas do herói (O Espetacular Homem-Aranha, de 2008), o personagem tem tantos clássicos (Homem-Aranha: A Série Animada, da década de 1990) quanto curiosidades. Muito antes do multiverso entrar na moda, Homem-Aranha Sem Limites levou o personagem para outra realidade e fez algo ousadíssimo: lhe deu uma capa.

Entre esses dois extremos, do familiar e do diferente, está Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha. A animação do Disney+ parece feita por, e para, pessoas que assistiram a tudo que foi citado acima. Situada num universo semelhante ao MCU (eventos-chave como o Acordo de Sokovia, a Batalha de Nova York e a Guerra Civil são citados), ela busca preencher o espaço deixado pelos filmes de Tom Holland e mostrar os primeiros meses de Peter Parker como o herói. Rapidamente, porém, as coisas fogem do esperado.

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A aranha que pica Peter, por exemplo, vem de outro universo e chega no Queens no meio de uma batalha entre o Doutor Estranho e uma Simbionte, um gesto que de cara nos ensina a jogar fora o que achávamos que sabíamos. Os maiores desvios de curso, porém, vem no relacionamento de Peter com figuras conhecidas de sua mitologia. Lápide é apresentado como o astro de futebol americano da escola, mas quando parece que ele será o valentão à la Flash, o garoto se revela amigável e desenvolve uma parceria divertida com Peter, algo que passa a ser ameaçado por seu envolvimento nada voluntário numa gangue.

remix mais chamativo, porém, vem com Nosman Osborn. O homem que, tipicamente, assume o posto de Duende Verde e é o grande algoz do teioso é colocado no posto de Tony Stark. Apresentado numa cena idêntica à chegada do Homem de Ferro ao apartamento dos Parkers em Guerra Civil, Norman é o patrocinador e mentor do herói. Essa nova dinâmica oferece um bom indicativo dos maiores atrativos de Amigão da Vizinhança, assim como de seus principais problemas. 

Por um lado, a quebra de expectativas dá à série espaço para explorar relacionamentos inéditos e diferentes. Se Peter tinha em Tony um ídolo em quem se inspirar, em Norman ele tem um professor imperfeito que pode ensinar tanto por seus erros quanto por seus acertos. Dublado em inglês pelo sempre excelente Colman Domingo, Osborn é tão cativante quanto intimidador, e as cenas entre os dois tipicamente figuram entre as melhores de toda a série.

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Falando assim, porém, Amigão da Vizinhança parece mais ousada do que é. Não estamos falando de Aranhaverso, uma história feita para examinar e celebrar as mudanças no cânone. O roteiro não explora afundo as aberturas que encontra. O texto oferece dramas contidos e previsíveis, desenrolados em cenas que pouco fazem com o potencial inerente às alterações feitas no cânone. O novo desenho do Homem-Aranha é bem mais tímido do que essas novidades sugerem, e sua narrativa é firmada na boa e velha dinâmica de Peter sofrendo para equilibrar o tempo entre suas atividades como herói, escola, amigos e estágio. Ao lado de uma tonelada de fanservice, seja do MCU (heróis como o Demolidor de Charlie Cox aparecem, assim como alguns Vingadores) ou do próprio protagonista (uniformes populares dos quadrinhos surgem aqui e ali), isso tudo faz de Amigão da Vizinhança algo pensado para quem já viu uma tonelada de animações do personagem e, agora, aceita um novo tempero.

É claro que muitos "fãs" dispensam qualquer coisa que fuja do tradicional (no caso do Aranha, qualquer coisa diferente demais dos filmes de Sam Raimi e da animação dos anos 1990), mas aqueles que aceitarem essas diferenças encontarão um entendimento ímpar de ao menos uma das facetas de Peter Parker. Está logo no título: Amigão da Vizinhança. A nova série do Homem-Aranha enxerga o papel do herói como algo além do combate ao crime, e envolve o personagem no bairro como alguém preocupado com o bem-estar dos vizinhos e que sabe que nem sempre a melhor solução é jogar alguém atrás das grades.

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A maior prova do amor do showrunner Jeff Trammell e do diretor Mel Zyer pelo Aranha, contudo, está na animação. O grande atrativo da série tem seus malefícios, prejudicando especialmente cenas onde duas pessoas não-mascaradas precisam interagir. Seus rostos e gestos perdem a naturalidade e expressão. Agora, quando temos, digamos, uma luta entre o Homem-Aranha e o Demolidor, o traço cartunesco e os efeitos visuais transformam Amigão da Vizinhança num deleite, como se a página de um quadrinho do personagem tivesse ganhado vida diante dos nossos olhos. É preciso um tempo para se acostumar com a direção de arte, mas suas recompensas logo vem. Elas não transformam Amigão da Vizinhança numa grande série animada, mas ajudam a dar à série seu lugar entre a vasta coleção de desenhos do personagem.

Nota do Crítico
Bom
Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha
Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha

Criado por: Jeff Trammell

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