Luke Kirby e Rachel Brosnahan em Maravilhosa Sra. Maisel

Créditos da imagem: Maravilhosa Sra. Maisel/Prime Video/Reprodução

Séries e TV

Crítica

Afiada como sempre, Maravilhosa Sra. Maisel pisa no freio na 4ª temporada

Preparando-se para seu ano final, série pontua espertamente o quão longe Midge e companhia chegaram — e o quão longe ainda podem ir

Omelete
4 min de leitura
25.03.2022, às 18H43.

Só uma pessoa é capaz de desacelerar o jeito verborrágico e frenético de Midge (Rachel Brosnahan), e não é coincidência que este alguém seja Lenny Bruce (Luke Kirby). O experiente comediante tem um ritmo particular de falar que, aliado ao seu estilo galanteador e boêmio, o tornam uma figura envolvente também do lado de cá da tela. Porém, mais do que isso, ele é ídolo e admirador da protagonista de Maravilhosa Sra Maisel. A personificação do que ela quer ser — isto é, um orador inconsequente e sem pudores, celebrado justamente por isso —, e ainda assim um dos poucos que entendem suas pulsões. A essa altura da série, ele é o único que restou no seu pedestal, o que o torna praticamente um deus, e a cada prisão, a cada queixa por obscenidade, o respeito dela só aumenta. É significativo, portanto, que seja ele quem desça desse posto para tirá-la do seu castigo autoimposto na 4ª temporada. Porque, diferentemente do que se anunciou no retorno da série, a raiva de Midge pelo “fiasco” na turnê com Shy Baldwin (Leroy McClain) se traduziu não em combustível, mas sim em estagnação.

O susto não foi exclusivo de Midge. A temporada foi tão cheia de acontecimentos que o espectador também sentiu o chacoalho do monólogo de Bruce no palco do emblemático Carnegie Hall. Por mais que, nos sete episódios anteriores, tenha ficado evidente a resistência/teimosia da humorista, foi só naquele momento, carregado e tão bem escrito, que se materializou como ela tomou as rédeas da sua vida também movida por medo. “Também” porque seus “nãos” vieram, sim, de um desejo de ser levada a sério pelos seus pares. Mas não somente. Havia ainda ali um receio oculto de fracassar e ser humilhada novamente. Como se, na terceira temporada, ela tivesse chegado tão perto do seu sonho, mas tivesse voltado para a estaca zero.

A impressão é obviamente equivocada, porque seu nome ganhou alguma fama tanto nas páginas do jornal como símbolo de “desvio de conduta”, quanto no boca a boca que lotou o clube de strip, ou seja, ainda que não seja o cenário dos sonhos, é a prova de que, em pouco tempo, ela deixou sua marca. No entanto, é somente no finale que a ficha cai, e o novo ano justifica seu conteúdo e forma. O tropeço — ou como quer que você queira chamar — não foi só um elemento cíclico da natureza da profissão que ela escolheu. Foi uma oportunidade muito bem aproveitada tanto para Midge, quanto para a série dar uma pausa e revisitar o longo percurso que trilharam até aqui.

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A estreia deste ano já dava sinais de que este seria seu plano quando começou a expor o efeito cascata que a carreira de Midge despontou. Seus pais, que antes tratavam a comédia e a prostituição praticamente como sinônimos, agora se rendiam de vez à "devassidão" ao sair das convenções: Rose (Marin Hinkle) deixando o lar e investindo numa carreira própria, e Abe (Tony Shalhoub) abandonando uma carreira consolidada e se jogando no jornalismo cultural. Os reflexos, contudo, não foram sentidos só pela família Weissman. Enquanto o casal seguia o exemplo da filha e começava a desafiar o status quo, Joel (Michael Zegen) e Susie (Alex Borstein) estavam um passo à frente, ativamente correndo atrás dos seus sonhos e muitas vezes metendo os pés pelas mãos.

Essa tendência se confirmou nos episódios seguintes, deixando Midge menos no centro das atenções. Quando não estava literalmente nos bastidores, reivindicando melhores condições para as dançarinas do clube de strip e impulsionando o negócio clandestino, ela prestava apoio (ou atrapalhava) o arco dos coadjuvantes.

O elenco, espetacular como de costume — e acompanhado por participações especiais de peso —, soube aproveitar muito bem esse destaque. As performances de Shalhoub e Borstein, sobretudo, foram impressionantes. Sob a direção (mais uma vez) precisa do casal Amy Sherman-Palladino e Daniel Palladino, eles realçaram o texto já afiado e delicioso da série e acrescentaram camadas, mais emocionantes do que cômicas, aos seus personagens. Como resultado, Maravilhosa Sra. Maisel os colocou em um clima de tudo ou nada às vésperas da temporada final: todos, sem exceção, têm muita coisa em jogo nos próximos episódios.

Apesar desse respiro dos holofotes, Midge os acompanha. Porque, no fundo, essa desaceleração na carreira não foi uma interrupção. Foi, na realidade, a representação máxima da sua insegurança após seu primeiro grande fracasso. Ela enfatizou não apenas seus desafios e conquistas até aqui, como também os que estão adiante. Afinal, se ela tem medo é porque chegou em um ponto decisivo: ou ela vai para frente e se sujeita a errar e se frustrar rotineiramente, ou ela fica pelo caminho.

O debate final com Lenny Bruce tem, portanto, mais serventia do que frisar a química absoluta entre Brosnahan e Kirby e dar continuidade a um antigo desejo dos fãs. Ele marca uma cisão definitiva na jornada da personagem, e o incentivo que ela precisava para chegar ao lugar que ela merece — onde quer que ela queira estar.

Nota do Crítico
Ótimo

Maravilhosa Sra. Maisel

Encerrada (2017-2023)

Criado por: Amy Sherman-Palladino

Duração: 5 temporadas

Onde assistir:
Oferecido por

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