Supergirl pode ser facilmente resumida como a mais inocente entre as séries do Arrowverse. Desde que estreou na CBS em 2015, o programa se destacava das outras produções da franquia televisiva pela leitura otimista que tinha do mundo dos super-heróis e por aproveitar todas as oportunidades que teve para estreitar os laços de seus protagonistas. Ao mesmo tempo, a produção, feita e transmitida desde seu segundo ano pela CW, foi, junto de Raio Negro, a mais política do universo DC na emissora. Nos últimos seis anos, Kara (Melissa Benoist) e companhia lidaram com fake news, corrupção, jogos políticos, xenofobia, LGBTfobia e violência policial. Essas características-chave serviram como a principal base para o sexto e último ano da série, que se despediu de maneira emotiva dos fãs.
Os 20 últimos capítulos de Supergirl focam, desde seus primeiros segundos, em encerrar de maneira satisfatória os arcos de seus protagonistas. Em claro clima de despedida, a série retoma e amarra algumas pontas soltas, desenhando um felizes-para-sempre para cada um dos seus protagonistas, que constroem suas próprias famílias e exploram mais a fundo a vida além da luta contra o crime. Ao longo da temporada, Alex (Chyler Leigh), Nia (Nicole Maines), Lena (Katie McGrath), Brainy (Jesse Rath) e J’onn (David Harewood) estrelam episódios próprios e fecham seus arcos de forma emotiva, mas que não apela para o melodrama.
Ainda que encerre algumas tramas, Supergirl se recusa a estabelecer um final concreto para a trajetória de seus personagens. Pensando no apaixonado e criativo fandom que a série acumulou nos últimos seis anos, os roteiristas deixaram propositalmente em aberto o destino de Kara e seus amigos, praticamente convidando os fãs a imaginarem seus próprios futuros para os Superamigos.
O sexto ano tropeça feio, no entanto, no desenvolvimento de Nxyly (Peta Sergeant), a grande vilã da temporada. Embora o caos causado pela elfa da Quinta Dimensão e sua busca por poder absoluto estejam diretamente relacionados à evolução dos heróis, sua trama parece deslocada e vazia. Sem nenhum traço de personalidade marcante, a antagonista entra e sai de cena sem apresentar qualquer mudança ou crescimento relevante.
A temporada também peca feio ao sugerir repetidamente um romance que nunca se concretiza entre Kara e Lena. Apesar de já ter mostrado competência ao abordar a causa LGBTQIA+ no passado, Supergirl não conseguiu se desvencilhar do queer bait, deixando mais esse gosto amargo na boca dos fãs.
Jogando no seguro, Supergirl deixa a TV com uma sexta temporada sólida, mas cheia de potencial não realizado. Ainda que tenha escorregado em velhos obstáculos, os episódios finais solidificam de vez o lugar da série no coração dos fãs e na história do universo DC na televisão.
Criado por: Ali Adler, Greg Berlanti, Andrew Kreisberg
Duração: 6 temporadas