Embora o fandom de Supernatural seja um dos mais apaixonados da cultura pop atual, há dentro dele um grande número de pessoas que acredita que a série deveria ter sido encerrada em sua quinta temporada, conforme inicialmente planejado por seu criador Eric Kripke. A saturação da fórmula procedural, as longas temporadas impostas pelos canais abertos dos Estados Unidos e carga dramática acima da média que se tornou padrão dos programas da CW estão entre os principais argumentos de quem largou a série há dez anos. Por outro lado, fãs que se mantiveram fiéis a Sam(Jared Padalecki) e Dean Winchester (Jensen Ackles) após a “batalha final” contra Lúcifer (Mark Pellegrino) puderam conhecer personagens queridos como Rowena (Ruth Connell), Jack (Alexander Calvert) e Mary (Samantha Smith).
Mesmo que tenha enfrentado altos e baixos em sua qualidade desde a saída de Kripke, Supernatural sempre soube dar aos fãs a dose certa de aventura e amor fraterno para manter seus espectadores entretidos e confortáveis com a rotina de acompanhar as caçadas dos Winchester. Em sua 15ª e última temporada, no entanto, a série teve alguns problemas ao tentar equilibrar sua despedida e seu já tradicional formato.
Enquanto a trama do ano final, que colocou Sam e Dean em um confronto final com Deus (Rob Benedict), dá uma sensação de urgência, a produção opta por manter sua fórmula de mais de vinte episódios, quebrando bruscamente o ritmo da narrativa. Embora os fillers de Supernatural tenham um histórico relativamente positivo, seja por aprofundar a história dos irmãos ou reforçar os laços com personagens coadjuvantes, os episódios com tramas paralelas desta temporada desviaram demais dos acontecimentos centrais, tornando a temporada confusa.
O fato de os produtores terem desperdiçado oportunidades de entregar alguns fan-services também não ajudou. Mesmo sabendo que o seriado se manteve no ar por todo esse tempo graças à paixão dos fãs, a CW não encaixou participações significativas de Crowley (Mark Sheppard), Gabriel (Richard Speight Jr.) ou Kevin (Osric Chau), desapontando grande parte de seu público, que torcia por um último encontro com os aliados dos Winchester.
Assim como a própria série, o 15º ano se estendeu demais. Ao invés de se encerrar no agridoce, porém certeiro penúltimo capítulo, “Inherit The Earth”, a temporada chegou ao fim no incompreensível “Carry On”. Com decisões que vão contra anos de desenvolvimentos de personagens, o finale ultrapassou todos os limites do melodrama e passou mais tempo tentando forçar emoções inexistentes do que em fechar um ciclo que marca mais da metade da vida de alguns fãs.
Os poucos momentos de alegria trazidos pela última temporada de Supernatural foram, como sempre, proporcionados por Sam, Dean, Cass e Jack. O quarteto manteve a boa química de anos anteriores e, mesmo trabalhando com um roteiro problemático, Padalecki, Ackles, Misha Collins e Calvert, convenceram como a família improvável formada no decorrer da série.
Como vilão, Rob Benedict também pareceu se divertir mais do que quando tentava ajudar os Winchester em suas aventuras. Agora no papel de um Deus impiedoso e destrutivo digno do Velho Testamento, o ator entregou algumas das melhores falas da temporada com o mesmo brilho no olhar de uma criança brincando com seus bonecos favoritos.
Ainda assim, é triste dizer que esses poucos bons momentos não são os que melhor definem a última temporada de Supernatural. Inchada, confusa e com um final muito aquém do que a série e seu rico legado mereciam, o programa se despede deixando um gosto amargo na boca de muitos fãs.
Criado por: Eric Kripke
Duração: 15 temporadas