Mesmo repetindo fórmula, The White Lotus empolga com personagens peculiares

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Crítica

Mesmo repetindo fórmula, The White Lotus empolga com personagens peculiares

Terceiro ano aposta em mais ligações com temporadas passadas e tem show de Jason Isaacs

Omelete
4 min de leitura
11.02.2025, às 13H00.
Atualizada em 11.02.2025, ÀS 15H01

The White Lotus sempre funciona como um grande tabuleiro de board game, com cada personagem sendo apresentado e posicionado dentro de um hotel de luxo e cada trama estabelecida pelas características e peculiaridades de seus personagens. O mix de comédia e suspense ganhou o público já na primeira temporada e era comum ler comentários como “ninguém presta”, “só gente mesquinha”, junto dos muitos elogios. Na mesma velocidade do sucesso de crítica, a produção da HBO também caiu nas graças da internet e dos memes, seja com a impagável Tanya, interpretada por Jennifer Coolidge nas duas primeiras temporadas, ou personagens como o gerente, feito por Murray Bartlett, e o idoso em busca de suas raízes, de F. Murray Abraham. Não é à toa que ambas foram indicadas para um monte de prêmios e venceram 15 Emmys até hoje.

A terceira temporada da série criada por Mike White retorna à HBO com a mesma fórmula das anteriores: novos grupos se hospedando em um hotel/spa de luxo da rede White Lotus. O local paradisíaco da vez é a Tailândia e os nomes famosos voltam a ser enfileirados nos belíssimos créditos iniciais: Jason Isaacs, Walton Goggins, Michelle Monaghan, Carrie Coon, Parker Posey e Patrick Schwarzenegger são alguns dos novos personagens que passarão uma semana no estabelecimento, em meio aos dramas familiares, trocas de farpas, segredos e, claro, um novo crime.

Não dá para negar que a terceira temporada de The White Lotus parece sim repetitiva. A escolha pela Tailândia como cenário traz uma memória forte do primeiro ano, que se passava em Maui, no Havaí. A dinâmica da família Ratliff, também não deixa que nosso pensamento escape dos Mossbacher, do primeiro ano. Mesmo com histórias diferentes, ainda existe o mesmo tipo de dinâmica entre os pais e os três irmãos. Saxxon (Schwarzenegger), por exemplo, tem atitudes e um jeito muito parecido com Shane (Jake Lacy), também da temporada de 2021. Entretanto, por mais que o sentimento de “já vi isso antes” seja forte logo de cara, o talento de Mike White em criar esses personagens um tanto quanto desprezíveis e nos prender na trama de whodunit é mais uma vez bem sucedido. Para fugir de qualquer spoiler, dá para dizer que a nova história de The White Lotus precisa de pouco tempo para nos jogar de cabeça na trama e já começarmos a confabular sobre o que vem aí nos próximos episódios.

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Se os primeiros anos jogavam com a mesquinharia da classe alta americana e com a sensualidade da europa, a terceira temporada utiliza o lado místico, comumente associado aos países asiáticos, para permear esse jogo de fofocas e segredos com budismo, animais exóticos e perigosos, meditação e alinhamentos de chakras. Mais uma vez, e até melhor do que no segundo ano, White trabalha muito bem o próprio resort/spa como um dos personagens dessa história. É um ambiente vivo, com visuais fantásticos e cheio de situações prontas para mudar o rumo de seus protagonistas. 

Os grandes destaques são os personagens de Jason Isaacs, Parker Posey e Walton Goggins. Os primeiros são incríveis como os pais dos Ratliff, uma família cheia de coisas boas para contar para os outros, mas que escondem seus próprios esqueletos no armário. Timothy (Isaacs) ainda se vê no meio de um possível escândalo que pode acabar com sua carreira e finanças. Não será surpresa se o ator aparecer nas próximas premiações de TV. Já Goggins é um misterioso hóspede que, junto com sua parceira (a ótima Aimee Lou Wood), parece mais interessado em outros aspectos do resort do que no spa em si. É a partir do casal e do retorno de Belinda (Natasha Rothwell) que The White Lotus cria sua maior ligação com as temporadas anteriores. A personagem da primeira temporada reaparece para um período de treinamento na filial do resort e Mike White acerta ao não ignorar seu passado na série.

Depois de trazer Jennifer Coolidge no ano anterior, criando um elo entre as duas primeiras temporadas, The White Lotus agora aposta não apenas em uma personagem repetida, mas em parte central da trama também estar ligada diretamente aos anos anteriores. É uma boa saída para afastar a ideia de “antologia repetitiva”, aumentando a curiosidade tanto do espectador que já é fã, como daqueles que podem cair de paraquedas nesses novos episódios - especialmente com um nome tão forte quanto Lalisa Manobal, a Lisa, estrela do grupo de K-Pop Blackpink, no elenco.

Esteja pronto para revirar os olhos com atitudes misóginas, comentários xenófobos ou socialmente duvidosos, amizades não tão verdadeiras, funcionários mais preocupados em flertar do que fazer seu trabalho e, claro, mais uma vez amar odiar esses personagens. A terceira temporada de The White Lotus é um prato cheio, mesmo que você já tenha provado algo parecido antes. É aquele jogo de tabuleiro que você já tem há anos, mas nunca deixa de ser divertidíssimo de jogar.

Nota do Crítico
Ótimo

The White Lotus

Criado por: Mike White

Onde assistir:
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