Séries e TV

Crítica

Desventuras em Série - 2ª Temporada | Crítica

Adaptação em três atos chega ao "meio" e prepara para o "fim"

02.04.2018, às 19H43.
Atualizada em 03.04.2018, ÀS 01H01

A história dos irmãos Baudelaire é bem extensa, preenchendo 13 livros que foram publicados entre 1999 e 2006. Na segunda temporada de Desventuras em Série fica claro que toda a série da Netflix, suas três temporadas e 26 episódios, vai seguir a clássica estrutura narrativa de três atos, com começo, meio e fim. Sendo assim, esse segundo ano se encaixa exatamente no "meio", trazendo explicações para as diversas questões estabelecidas no primeiro ano e criando a base para o início do "fim", o desfecho dessas desventuras em série no terceiro e último ano.

Assim como a primeira temporada, cada dois episódios conta a história de um livro, e o ano dois adapta Inferno no Colégio Interno, O Elevador Ersatz, A Cidade Sinistra dos Corvos, O Hospital Hostil e O Espetáculo Carnívoro, onde a questão dos guardiões acaba ficando de lado, dando cada vez mais espaço para a CSC (VFD no original) e seu significado, o envolvimento de Olaf (Neil Patrick Harris), Lemony Snicket (Patrick Warburton) e vários outros adultos com a organização e a investigação de Violet (Malina Weissman), Klaus (Louis Hynes) e Sunny Baudelaire (Presley Smith) sobre o que de fato aconteceu com seus pais.

A série segue com a mesma linguagem visual do primeiro ano, trazendo paisagens ainda mais desoladoras, cores ainda mais desbotadas e situações cada vez piores para os órfãos. Porém, a grande novidade dos episódios é a introdução de novas crianças: os trigêmeos Isadora (Avi Lake) e Duncan Quagmire (Dylan Kingwell) - Quigley morreu num incêndio -, além da chatinha Carmelita Spats (Kitana Turnbull). É um dos melhores elencos infantis da TV. Todos trazem a profundidade necessária para seus papéis (incluindo Smith, que fica cada vez mais adorável e expressiva) e se encaixam perfeitamente na trama. Além disso, todas as novas adições integram-se muito bem ao elenco já estabelecido, tornando verossímil uma história absurda.

Aliás, vale apontar que um dos principais pontos positivos de Desventuras em Série é sua desconexão com a realidade. A produção em nenhum momento se leva a sério, fazendo constantes piadas sobre si mesma e escondendo inúmeras referências à cultura pop que a cerca - procure pela piada que o próprio Harris faz com How I Met Your Mother, é impagável. O excelente uso da metalinguagem não remove o espectador da experiência, mas dá a recompensa que aqueles mais atentos procuram.

Em Desventuras em Série, a questão da metalinguagem vai além das referências externas e cria quase que um vórtex da auto-referência. A história dos Baudelaire deixa de ser apenas deles, tornando-se muito maior do que apenas um incêndio que matou seus pais. A estrutura narrativa da série é complexa e intrincada, com inúmeros detalhes que, por vezes, poderiam ter sido vistos de relance em cenas passadas, no plano de fundo de uma cena simples. Absolutamente tudo é relevante, cada desenho, cada símbolo, cada matéria de jornal, e são esses detalhes que deixam a produção ainda mais interessante.

Talvez um dos maiores trunfos da série seja, no entanto, a habilidade de realmente ser um chamariz para toda a família. Assim como todas as boas produções infantis, Desventuras em Série traz entretenimento para todas idades - seja pelo fato das crianças serem sempre retratadas como inteligentíssimas enquanto os adultos são completos imbecis, na intenção de atrair a atenção os mais jovens; ou as piadinhas escondidas para o deleite dos adultos. Vale a pena entrar no mundo dos Baudelaire, não importa a idade.

Nota do Crítico
Excelente!

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