Séries e TV

Crítica

Desventuras em Série - 1ª Temporada | Crítica

A triste história dos órfãos Baudelaire ganha uma belíssima adaptação para a TV

13.01.2017, às 16H59.

Ao longo dos oito episódios da primeira temporada de Desventuras em Série, somos constantemente avisados para não olhar, trocar o canal, assistir a outra coisa, pois a história daquelas crianças é tão triste que vai estragar seu dia. Apesar de ser realmente muito triste, toda a trama da série entretém e diverte, trazendo algo novo para a TV, uma adaptação que cabe perfeitamente no formato proposto.

Cada dois episódios conta a história de um livro, fazendo com que essa primeira temporada aborde os acontecimentos de Um Mau Começo, A Sala dos Répteis, O Lago das Sanguessugas e Serraria Baixo-Astral, dando tempo suficiente para que as tramas sejam bem exploradas, mas sem que sobre sequer um momento tedioso em meio às duas horas dedicadas aos arcos.

A trama acompanha os infortúnios das crianças Baudelaire e parte do momento em que Violet (Malina Weissman), Klaus (Louis Hynes) e Sunny (Presley Smith) perdem os pais em um terrível incêndio que destrói também sua casa. Acompanhados do sempre correto e ignorante Sr. Poe (K. Todd Freeman), elas devem ir morar com seu parente mais próximo, o não tão convidativo Conde Olaf (Neil Patrick Harris).

[Cuidado, possíveis spoilers abaixo!]

Com todos os roteiros supervisionados pelo próprio autor da série literária, Daniel Handler, o complexo universo dos Baudelaire e da sociedade secreta já começa a tomar forma. Os diálogos rápidos e a constante inquietação das crianças escondem pistas para o futuro que podem passar despercebidas. Entre o envolvimento de Jacquelyn (Sara Canning), os comentários de Lemony Snicket (Patrick Warburton) na narração e diversas outras dicas visuais, tudo aponta para algo muito maior do que foi inicialmente apresentado.

Desventuras em Série é também uma belíssima produção. Usando elementos anacrônicos, o programa não esclarece em nenhum momento em que época estamos, mas nos leva para um mundo paralelo surreal. Brincando sempre com as cores, a série explora tons vívidos e ambientes organizados para ilustrar a esperança dos Baudelaire, enquanto uma paleta monocromática explicita a tristeza ao seu redor.

Dentre os poucos momentos coloridos da série encontram-se as capas de chuva azul, vermelha e amarela em meio ao gelado, profundo, perigoso e cinzento Lago Lacrimoso, dentro da Gruta do P e na Serraria Baixo-Astral. Momentaneamente, suas vidas tinham o potencial de melhorar - até que tudo volta a ter um tom sépia e não há mais esperança à vista.

Por tratar-se de uma produção que beira o cartunesco, Desventuras em Série faz um excelente trabalho em se manter fiel à sua proposta surreal. Apesar de ser tudo exagerado, de todos os personagens terem uma personalidade gritante, cada peça se encaixa perfeitamente ao quebra-cabeça proposto - principalmente quando a ideia é dar toda a credibilidade às crianças, descreditando os adultos.

Por sua vez, tê-las como protagonistas aproxima o espectador ainda mais desse universo absurdo, que, assim como elas, também não tem ideia do que está acontecendo e do que virá a seguir. A única vantagem é a narração de Snicket, que serve com um guia da narrativa. Ele já conhece toda a história e dá o contexto, deixando o público apenas um passo à frente do trio, observando sua história por outro olhar. Em flashbacks e cenas paralelas, Pai e Mãe (Will Arnett e Cobie Smulders) seguem em sua jornada, o histórico de Snicket com Olaf e a organização secreta é apresentado, mas tudo ainda permanece em segredo.

Desventuras em Série entrega tudo o que foi proposto em seu primeiro ano e promete ainda mais para o segundo ano - que já está garantido e contará com dez episódios, adaptando os próximos cinco livros. Por mais triste que seja a história dos órfãos Baudelaire, ela merece ser contada até o fim.

Nota do Crítico
Excelente!

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