Quanto mais novo se prende a um estigma, mais difícil é se livrar dele. Não que ser reconhecido como um ícone adolescente seja a pior marca do mundo, mas quando se deseja ir além, é preciso provar que você aguenta mergulhar mais fundo. Quando falamos em atuação, se contentar com o raso pode ser perigoso e qualquer jovem talento minimamente ambicioso sabe que é preciso se entregar mais para abrir mais portas.
Filho, sobrinho e irmão de cantores, João Guilherme caiu longe do pé e aos 21 anos coleciona alguns papéis como ator, enquanto busca ser um profissional mais maduro. Tudo por um Popstar, De Volta Aos 15, Cúmplices de um Resgate e Meu Pé de Laranja Lima são alguns dos projetos onde o jovem ator mostrou seu talento desde criança. Quando não interpreta um galã adolescente, João acaba vivendo um bad boy descolado, marca que ele, aos poucos, tenta se livrar. É com Da Ponte Pra Lá, nova produção brasileira da Max que o jovem deseja mostrar ao país do que ele é capaz.
Na série de sete episódios, que devem chegar ao streaming apenas em 2024, vemos dois paralelos: de um lado, a São Paulo que é a décima cidade mais rica do mundo e o principal polo financeiro da América Latina. Já do outro, a cidade que mantém sua população mais pobre em condições que equivalem a de muitos dos países listados entre os mais pobres do mundo. Se equilibrando nessa linha tênue entre miséria e opulência, os personagens veem suas realidades se chocarem em um dos colégios mais caros do país.
Em janeiro, a convite da Max, visitei um dos sets de Da Ponte Pra Lá, localizado na Cidade Universitária, em São Paulo. Lá conversei com João Guilherme, que celebra suas muitas primeiras vezes nesse projeto. “Nós temos cenas de relações sexuais, por exemplo, que nunca tinha feito na minha vida. A gente, pela primeira vez, contracena com arma, por exemplo. Eu também nunca tinha feito nada disso, na minha vida”, diz ele, sobre as cenas. Ele segue celebrando a profundidade de seu personagem. “Fazia muito tempo que a gente não prestava o drama que a gente está prestando aqui. Então é claro que eu fico muito ansioso, porque, primeiro, eu quero que as pessoas me vejam dessa forma”.
João quer crescer, se afastar do estigma de galã juvenil e alcançar novas oportunidades. “Há muito tempo estamos trabalhando em grandes canais, mas talvez de uma forma mais rasa dramaturgicamente falando. Eu sou ator desde menor e independente de qualquer coisa, de seguidores de internet, da fama, para mim [isso] não vale nada [perto] do reconhecimento de estar na tua área profissional, tá ligado? E é isso eu busco aqui”, afirma, confiante. “Eu tô acreditando que não só o meu trabalho — eu tenho feito com muito carinho, mas desde elenco até os nossos diretores [estão] super envolvidos e a nossa fotografia também tem uma direção super especial”.
Como é regra na sua geração, a ansiedade fala alto com João, e mesmo a um mês para encerrar as filmagens, ele já pensava em assistir à produção e entender o impacto que ela terá em seus contemporâneos. “Tô louco para ver, tô louco para que vejam e principalmente para ver quantas portas isso vai abrir para mim”, conta, pensando no futuro. “E também para a próxima temporada. Quero gravar mais, porque isso não é uma coisa que morre aqui, tá ligado? Sério, é uma coisa que se Deus quiser, e eu quero também, terá duas, três, quatro temporadas, até onde a gente possa entregar. Tem muita coisa para desenvolver aí”. Por fim, ele traz sua avaliação positiva para o trabalho que está sendo feito: “Eu acho que vai ser muito ‘bala’ e realmente algo que vem para mudar um pouco o cenário. De qualidade mesmo, da história também, porque isso é muito aperitivo para os jovens. Então acho que é uma coisa que vai legal para frente”.
Se o futuro de João Guilherme será como ele imagina, depende de muitas coisas, mas principalmente dele, e Da Ponte Pra Lá parece ser uma ótima oportunidade para ele se catapultar para desafios mais altos. Um drama adolescente que mescla tensão, crimes e mistérios no melhor estilo do fenômeno Euphoria, a próxima aposta nacional da HBO será um sinal do quão longe o jovem pode sonhar.
Com produção executiva de Vicente Amorim, Da Ponte Pra Lá ainda conta com Gabz, Victor Liam, Marcello Antony, Augusto Madeira, Virginia Cavendish, entre outros.