Séries e TV

Entrevista

"Ilha de Ferro é uma série em que a tensão calça tudo", diz Afonso Poyart

Cineasta santista que já dirigiu Anthony Hopkins pilota produção da TV Globo com Cauã Reymond

14.12.2017, às 19H24.
Atualizada em 14.12.2017, ÀS 20H00

Heróis de carne e osso e rostos sujos de petróleo vão despontar nas telas da TV Globo a partir do segundo semestre de 2018. Com Cauã Reymond, a série Ilha de Ferro promete levar à teledramaturgia nacional doses de ação e sensualidade com um requinte plástico singular. Ao menos, esta é a expectativa desde que Afonso Poyart, realizador de 2 Coelhos (2012) e de Mais Forte Que o Mundo: A História de José Aldo (2016), foi anunciado para dirigir a trama.

Centradas nos percalços físicos e afetivos de uma plataforma de petróleo, o projeto nasceu do trabalho do autor Max Mallmann com Adriana Lunardi e uma equipe de criadores, supervisionados por Mauro Wilson (Cidade Proibida). Com foco num torvelinho de tensões proveniente do conflito entre os irmãos Dante (Reymond) e Bruno (Klebber Toledo), os episódios vão retratar um quadrângulo amoroso que envolve as personagens de Sophie Charlotte e Maria Casadevall.

Na entrevista a seguir, o cineasta santista, que dirigiu Anthony Hopkins e Colin Farrell em Presságios de um Crime (2015), mensura quanta adrenalina espera o telespectador.

Você é encarado no cinema como um especialista em cenas de ação. Como é fazer ação na TV aberta no Brasil?
Afonso Poyart: Esta semana eu filmei uma sequência de muita tensão com um helicóptero de verdade em uma plataforma pneumática. É uma coisa que só se espera de Hollywood, mas que a Globo tem. E tem ainda uma equipe de efeitos especiais de primeiro porte. Isso mostra que a nossa televisão tem uma estrutura para esse tipo de experiência, que pode competir pau a pau com as séries americanas. Tenho pela frente cenas de ação à la Michael Bay para fazer. Essa é uma série onde a tensão calça tudo.

Ilha de Ferro escolhe o cotidiano dos petroleiros como foco e, a partir deles, constrói ação. Como é essa experiência de aportar seus conhecimentos de set de cinema na teledramaturgia?
Afonso Poyart: A linha que separa TV e cinema está se embaçando cada vez mais. A Globo me convidou com uma proposta de fazer algo carregado de uma energia de ação, de sexo. E a narrativa do projeto tem um arco dramático muito diferenciado do que já vimos na televisão. É uma história sobre homens divididos entre terra e mar.

Existe lugar para o heroísmo nas séries brasileiras, quando se pensa numa trama como a de Ilha de Ferro?
Afonso Poyart: Existem heróis sim: Dante ocupa esse lugar, ainda que no começo tenha algo de anti-herói. Na CCXP, Mauro Wilson falou que os petroleiros são heróis brasileiros. Sinto que existe um esforço de dramaturgia em se retratar os trabalhadores deste país e mostrar seus princípios mais inabaláveis.

Seus três longas-metragens carregam um tônus de melodrama, sobretudo no que diz respeito a discutir a questão de família. O que há de melodramático aqui em Ilha de Ferro?
Afonso Poyart: Existem vários núcleos de drama pessoal na série, mas a questão central é a redenção, com situações que passam por traumas ou traições. No fundo, o eixo da história de Dante é um processo de redenção dele com o irmão.

Até quando vão as filmagens?
Afonso Poyart: Começamos há umas três semanas e vamos até o final de maio, sendo que haverá um período intenso de pós-produção.

Como fica a sua carreira como realizador depois da série?
Afonso Poyart: Tenho o remake americano de 2 Coelhos para fazer. Fiquei bem animado com o roteiro, escrito por Chris Boal, irmão do Mark Boal que escreveu Guerra ao Terror. Tenho ainda um filme sobre tecnologia para fazer, meio Black Mirror, e vou produzir o longa sobre a tragédia do Bateau Mouche [embarcação que naufragou no réveillon de 1989, no RJ, resultando em dezenas de mortes].

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