Séries e TV

Entrevista

Onde Nascem os Fortes | “Às vezes ele é simpático, às vezes é violento”, diz Enrique Díaz sobre papel em supersérie

Ator vive delegado de moral duvidosa em nova trama

23.04.2018, às 20H30.
Atualizada em 25.04.2018, ÀS 21H02

Após se destacar como o doleiro Roberto Ibrahim em O Mecanismo, produção nacional da Netflix, Enrique Díaz volta a dar vida a um personagem associado à lógica da corrupção. Em Onde Nascem os Fortes, nova supersérie da faixa das 23h da Globo, o ator vive Plínio, o delegado da fictícia cidadezinha de Sertão. Um homem oportunista e corrupto, as ações do personagem na trama giram em torno do ressentimento por ser menos poderoso do que gostaria. O programa gira em torno do desaparecimento de de Nonato (Marco Pigossi) e da busca de sua irmã, Maria (Alice Wegmann), e sua mãe, Cássia (Patrícia Pillar) por justiça - algo que pode ser difícil quando as investigações são comandadas por um homem como Plínio.

Em entrevista ao Omelete, Díaz contou que o processo de construção do novo trabalho foi algo carregado de sutileza, já que o personagem é um homem que atua de acordo com seus interesses, sem se pautar muito pela ética. “Ele tem uma trajetória paradoxal, ele trabalha com fingimentos. Isso foi algo mais trabalhoso, porque você se apega a uma primeira imagem e depois vê que talvez ele seja outra coisa. A figura como um todo eu não achava tão difícil de entender, mas esses meandros de como ele opera em relação ao Pedro [personagem de Alexandre Nero], ao Ramiro [Fabio Assunção], à Aurora [Lara Tremouroux], que é a namorada dele no começo, aos subordinados dele, isso sim. Ele tem muitas representações e isso foi o mais complexo pra mim”.

Curiosamente, Díaz já havia trabalhado com parte da equipe de Onde Nascem os Fortes na minissérie Justiça, em 2016, que também contava, por exemplo, com José Luiz Villamarim, assinando a direção artística. Na ocasião, ele viveu o policial Douglas, que incrimina falsamente a vizinha por tráfico de drogas. De volta a um papel de alguém corrompido pela autoridade, Díaz vive um delegado fica no meio do conflito de poder entre Pedro, empresário dono de uma mineradora de bentonita, e Ramiro, um juiz que pratica espionagem industrial contra o rival e planeja que, um dia, seu filho comande uma empresa concorrente. Oscilando entre os dois lados, o delegado atua como uma espécie de agente duplo, favorecendo cada um como melhor lhe convém.

Ele tem basicamente uma preocupação de ascensão social, lembra um pouco a commedia dell'arte”, explica Días, comparando seu personagem com a peça teatral Arlequim, Servidor de Dois Amos. “Ele tem que rodar o prato de um lado, depois rodar do outro. Nisso você vê ele meio pateticamente, de certa maneira, precisando se virar. Você não pega rapidamente quem é o personagem, você vê ele fazendo um papel diferente em cada lugar. As coisas vão mudando e ele vai tentando se adaptar, vai tentando manter o lugar de poder, de ascensão social. Às vezes ele é simpático, às vezes ele se desculpa, às vezes ele é violento, às vezes ele é superviolento, às vezes ele é cínico. É um personagem bastante camaleônico nesse sentido”.

Enrique Díaz acredita que o público vá entender bem as dinâmicas nas quais o personagem está inserido, ainda que parte do desenvolvimento da personalidade de Plínio ocorra de forma bastante sutil. “Esse personagem é um cara que no fundo é pequeno e se sente pequeno, mas ele se veste com a autoridade policial. Ele sobe nesse cargo como se aquilo fosse importante. O problema é que a gente vê na série que ele não é tão importante assim e, talvez, aos poucos, ele vá percebendo isso. É bastante específico isso e é muito diferente do personagem de O Mecanismo, por exemplo, que é um cara que está bem e nem tem a preocupação de ser mais do que é. Esse aqui não, ele tem esse elemento patético comum a essas pessoas que se guiam por uma imagem de algo que parece ser mais importante”, explica Díaz.

Com direção-geral de Luisa Lima, direção de Isabella Teixeira e de Walter CarvalhoOnde Nascem os Fortes é escrita por por George Moura e Sergio Goldenberg e estreia às 23h, em 23 de abril, na Globo.

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