Séries e TV

Crítica

Game of Thrones - 5ª Temporada | Crítica

A temporada do gelo e fogo

15.06.2015, às 01H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H38

[Essa crítica contém spoilers!]

Essa temporada de Game of Thrones foi controversa, os leitores de As Crônicas de Gelo e Fogo criticaram, espernearam e também elogiaram. Chegou o momento que muitos fãs temiam: a série começa a passar os livros. Será que os produtores, David Benioff e D.B. Weiss, conseguiriam manter o alto nível de escrita de George R.R. Martin? Alguns podem dizer que eles tiveram sucesso, outros dirão que a temporada deixou a desejar.

Nesse quinto ano tivemos mortes de vários personagens importantes, muitos no último episódio: Mance Rayder (Ciarán Hinds) [queimado por Melisandre e Stannis], Mossador (Reece Noi) [o ex-escravo executado por Daenerys], Sor Barristan (Ian McElhinny) [atacado pelos Filhos da Harpia], Janos Slynt (Dominic Carter) [decapitado por Jon Snow], Meistre Aemon (Peter Vaughn) [o único a morrer de velhice], Shireen (Kerry Ingram) [queimada também por Melisandre e Stannis], Selyse (Tara Fitzgerald) [se matou enforcada], Meryn Trant (Ian Beattie) [esfaqueado por Arya], Myranda (Charlotte Hope) [empurrada por Fedor e Sansa], Stannis?! (Stephen Dillane) [sentenciado à morte por Brienne] e Jon Snow (Kit Harrington) [esfaqueado pela Patrulha da Noite]. R.I.P.

Esse ano também houve mais estupros, só que dessa vez de uma personagem querida dos fãs, Sansa Stark (Sophie Turner). A violência contra a moça infelizmente não serviu para o crescimento de nenhum personagem durante vários episódios e muitos fãs ficaram descontentes com isso. Apesar disso, Sansa cresceu desde a morte de sua tia Lysa (Kate Dickie) e faz uma descoberta que pode ser proveitosa no futuro: seus irmãos Bran (Isaac Hempstead Wright) e Rickon (Art Parkinson) seguem vivos. Finalmente no último episódio Theon/Fedor (Alfie Allen) se redime e ajuda Sansa, demorou mas aconteceu!

As manipulações de Mindinho (Aidan Gillen) são dignas de Oscar. Ele vai convencendo todo mundo do que quer e é incrível como ele sempre consegue se dar bem. É bom lembrar que ele vem tramando desde a primeira temporada e cada vez mais parece que suas armações são a longo prazo. O personagem é muito bem escrito, mesmo no meio de tantos papéis maiores que o dele.

Outra polêmica foi a morte de Shireen, causada pelo próprio pai. Stannis Baratheon nunca foi um cara bonzinho, colocaram ele sendo legal com a filha por alguns episódios e pronto, agora vai doer quando ela tiver que ser queimada. Uma construção um pouco mal feita, mas que funcionou. Foi legal ver as interações do Baratheon e sua trupe com Jon Snow. O encontro de Stannis com Brienne (Gwendoline Christie) foi excelente e ficamos sem saber se ele morreu ou não. Sem contar que Melisandre (Carice Van Houten) saiu ilesa e agora só George R.R. Martin sabe as próximas confusões que ela aprontará.

Uma cena muito interessante da temporada foi o primeiro e único flashback da série até agora: Cersei (Lena Headey) quando criança ouve as profecias de Maggy, a Rã (Jhodi May). A trama de Porto Real foi muito bem desenvolvida, afinal, a política é um dos fortes da série. Foi muito agradável acompanhar a dificuldade de Cersei de se manter no poder e cada vez que ela levava uma patada era uma comemoração, até o momento que o karma entrou em ação. A cena da caminhada foi muito bonita e triste ao mesmo tempo. Mesmo sempre torcendo contra a personagem, foi difícil assisti-la passando por tamanha humilhação e mesmo na pior situação possível, Cersei não baixou a cabeça em nenhum momento. Lena Headey arrasou, mesmo usando uma dublê de corpo dos ombros pra baixo. A cereja no bolo foi o Montanha-zumbi (Hafþór Júlíus Björnsson). Ficamos a temporada inteira sem saber o que o ex-meistre Qyburn (Anton Lesser) estava fazendo e o resultado foi impressionante.

O troféu de melhor núcleo da temporada vai para Jon Snow (incluindo a Patrulha, os Selvagens e os Outros). Ele foi o personagem que mais se desenvolveu e mais passou por apuros também. Virar Comandante da Patrulha da Noite foi uma honra para o bastardo, mas assim como Daenerys (Emilia Clarke) e Cersei, ele aprendeu que o poder exige muito esforço. Como se não bastasse enfrentar os Outros, Jon teve uma provação final: os próprios irmãos da Patrulha. Em uma cena maravilhosa e de doer o coração, Jon é esfaqueado. Nos livros, existe uma possibilidade de retorno do personagem, mas tudo indica que na série ele realmente se foi. Isso colocaria uma teoria da série em questão: seria Jon o Azor Ahai? Infelizmente temos que esperar um ano para ter certeza se o querido personagem se foi.

Os Outros finalmente apareceram junto com o inverno que estávamos esperando desde a primeira temporada e, com eles, cenas de lutas muito bem fotografadas - a computação gráfica não deixou a desejar. Os leitores dos livros já sabiam, mas é assustador ver que os Caminhantes Brancos podem multiplicar seu exército com tanta facilidade.

Indo do melhor ao pior, vamos a Dorne, a maior decepção desse ano. Além de muitos personagens cortados, não souberam dar o poder necessário às Serpentes de Areia. Aquela lutinha contra Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) e Bronn (Jerome Flynn) foi lamentável. As filhas bastardas de Oberyn deveriam ser obstinadas como o pai era, não dependentes de Ellaria (Indira Varma). Apesar da locação maravilhosa que foi escolhida, o núcleo foi diminuído à uma vingancinha sem graça e personagens mal escritos. Sem contar que Jaime, que havia crescido tanto nas temporadas anteriores, passou para o papel de coadjuvante, sem ter muito o que fazer. No último episódio, aqueles que acompanhavam os livros tiveram duas surpresas: Jaime conta à Myrcella (Nell Tiger Free) que é seu pai - mas ela já sabia e acha ótimo! Quando tudo parece maravilhoso, a garota morre nos braços do pai, envenenada por Ellaria. Apesar de nos livros a menina sofrer de outras formas, a morte acaba sendo mais chocante. Especialmente por causa da profecia feita à Cersei no início do ano, de que seus filhos morreriam antes dela.

Arya (Maisie Williams) e sua nova estadia em Bravos teve altos e baixos. É emocionante quando a garota chega à cidade e consegue entrar na Casa do Preto e do Branco, mas talvez tenha sido só para quem leu os livros, porque quem não leu ficou por fora. Demorou muito para explicar o que são os Homens Sem Rosto e o que eles fazem. Apesar disso, o final da temporada foi melhorando as coisas para Arya, com montagens bem feitas e oportunidades de ação. O mais instigante aqui é perceber que a garota nunca deixará de ser Stark, principalmente depois da incrível morte de Meryn Trant, com Arya usando várias habilidades em uma cena fenomenal. E como se não pudesse melhorar, Jaqen H'ghar (Tom Walschiha) consegue nos chocar mais ainda.

Um exemplo de como manter um personagem bem escrito mesmo durante transições é Tyrion (Peter Dinklage). Ele foi levado de um lado para outro, mas mesmo assim sua jornada não perdeu a graça. Seu encontro com Daenerys foi muito bem construído e vale lembrar que isso ainda não ocorreu nos livros. Ver o Lannister falando valiriano foi tão agradável e é notável que o personagem tomará o lugar que Sor Barristan ocupa nos livros.

Daenerys passou por uma temporada mais agitada. Foi decepcionante ver que os Filhos da Harpia parecem mais fortes que o exército de Imaculados, principalmente em "The Dance of Dragons", onde eles são massacrados. A série trabalhou tanto o poder dos Imaculados, que são treinados desde crianças, para depois os destruir com tamanha facilidade. Entretanto, a chegada de Tyrion animou as coisas, como era de se esperar. O contraste entre os dois personagens é agradável de se ver e ainda vem acompanhado de diálogos memoráveis. Não dá para deixar de lembrar o clímax de Daenerys: simplesmente subir em Drogon e ir embora! Alguns efeitos especiais do voo terem ficado um pouco caídos, mas isso não atrapalhou a experiência do espectador. Depois de tanto tempo, o sangue de dragão voltou a correr nas veias da Rainha. Claro que isso estava bom demais pra ser verdade e ela acaba se deparando com mais um problema, o inimigo de Khal Drogo agora é Khal e cercam Dany.

O contraste do gelo e fogo deve ter agradado aos fãs dos livros. Foi ótimo ver os dragões de Dany em ação e, ao mesmo tempo, acompanhar a chegada definitiva dos Outros. Apesar disso, a série agora se afastou bastante dos livros, cortando pessoas que poderiam ter ajudado na narrativa, trocando fatos de um personagem para o outro e matando quem ainda está vivo na obra original. A temporada deixou a desejar em alguns pontos, mas Game of Thrones continua sendo a melhor série de fantasia já feita.

Aproveite e saiba mais sobre a Fé dos Sete; Aerys Targaryen, o Rei Louco; Valíria e os Homens de Pedra; Bravos e os Homens sem Rosto; Os Outros e Azor Ahai; e Quem é o Deus de Melisandre? nos nossos artigos especiais sobre a série e os livros.

Confira também nossos Fóruns de Discussão de toda a temporada:

Nota do Crítico
Ótimo

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