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Crítica

Halt and Catch Fire - 1ª Temporada | Crítica

Série tecnológica de época mostra a luta entre a criatividade e a funcionalidade durante a criação dos computadores

13.08.2014, às 19H05.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 15H23

Halt and Catch Fire é uma série estranha. Ela tem ótimos episódios com uma dinâmica fantástica, reviravoltas divertidas e boas interações entre os personagens. Mas ela também tem episódios inundados de clichés, nos quais os personagens se tornam, do nada, incompetentes. No fim das contas, a primeira temporada da série foi mais positiva do que negativa, mas se houver uma segunda temporada, é necessário fazer umas melhoras.

A série se passa no começo dos anos 1980, quando o mercado de computadores pessoais estava ganhando força para o "boom" que viria a seguir. Joe McMillan (Lee Pace) é um executivo com um passado misterioso na IBM mas que vê potencial na Cardiff Electric ou, mais especificamente, em Gordon Clark (Scoot McNairy) e em Cameron Howe (Mackenzie Davis) para criar um produto capaz de competir com os grandes da época, e está disposto a arriscar a própria empresa para conseguir isso.

Não é difícil traçar paralelos com outra série da AMC, Mad Men, já que Halt and Catch Fire também é ambientada dentro dos escritórios de uma empresa, liderada por um alcóolatra, com uma jovem mulher cheia de potencial, e por aí vai. O próprio Joe é mais um dos clones que surgiram após o sucesso de Don Draper. A boa notícia é que tanto a série quanto o personagem acabam sendo uma tentativa um tanto boa de mimicar Mad Men. Joe é de longe o personagem mais divertido, e grande parte disso deve-se à atuação de Pace, que é extremamente carismático e divertido de assistir. McNairy também faz um bom trabalho, aproveitando a energia que Pace traz para as cenas e se apresentando bem ao desafio, já que em diversas vezes seus personagens estão discutindo ou de lados opostos de uma situação.

Já as mulheres não são tão competentes. A culpa é em parte da atuação, já que Mackenzie Davies e Kerry Bishé - que faz a esposa de Gordon, Donna - são claramente o elo fraco de Halt and Catch Fire, e em parte porque o roteiro dos novatos Christopher Cantwell e Christopher C. Rogers reduzem as personagens, muitas vezes, à mulheres indefesas e incapazes. O que é estranho porque desde o primeiro episódio fica claro que ambas são inteligentíssimas e com conhecimento para fazer muito mais que seus parceiros masculinos. Há episódios em que as duas demonstram suas habilidades e é incrivelmente satisfatório vê-las roubando a cena. O que torna frustrante é ver uma caindo no cliché de esposa reclamando do marido que trabalha muito e a outra a tendo um colapso nervoso por causa de um erro de iniciante. Também é desnecessário transformar Cameron no interesse amoroso de Joe desde o primeiro episódio, já que a rivalidade entre os dois é bem mais interessante do que seu relacionamento afetivo. É estranho, mas a forma com a qual o episódio final termina a temporada indica que o futuro pode trazer coisas muito interessantes para as duas, abrindo ótimas possibilidades criativas.

Halt and Catch Fire 1a temporada 31Mar2014 04

Se tem uma coisa em Halt and Catch Fire que é absolutamente fantástica é a trilha sonora. Os sons dos anos 1980 já são marcantes por sí só, mas aplicados ao ambiente da série funcionam ainda mais. E as músicas mudam de acordo com os personagens. Cameron tem as músicas mais barulhentas, aquelas que incomondam quem não quer algo novo. Joe é o mais puro anos 1980, representando a festa e alegria da era, enquanto Gordon recebe bastante eletrônico.

Halt and Catch Fire está em seu melhor momento quando foca no trabalho. Na criação destas máquinas, na luta entre a criatividade e a funcionalidade - refletida muito bem no personagem de Joe - é fascinante ver o time da Cardiff descobrindo seu papel. Quando o seu computador alcança uma nova fase, a audiência comemora junto com os personagens. O problema é que a série tem dificuldade em encontrar o que a torna única quando Joe, Gordon e Cameron têm de encontrar o que fará o seu computador único.

Quando o potencial da série é aproveitado ao seu máximo, ela tem uma energia palpável que implora para ser mais explorada. O penúltimo episódio se passa numa feira de computadores e é divertidíssimo ver como os personagens são desenvolvidos através da indústria, das criações, da competição e do mercado. Isso é o tipo de coisa que um seriado sobre a computação nos anos 1980 tem que fazer. Usar o trabalho como uma forma de ampliar e explorar as diversas personalidades.

Nota do Crítico
Bom

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