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Harlots | Série sobre duelo entre bordeis tem potencial para ser envolvente e controversa

Já renovado para a 2ª temporada, programa chega ao Brasil pela Fox Premium

04.09.2017, às 18H21.
Atualizada em 04.09.2017, ÀS 19H00

Nunca se teve dúvida a respeito daquela que seria "a profissão mais antiga de todas". A prostituição ocupou o imaginário de todas as civilizações e mais recentemente, passou a exercer um papel de fascínio na dramaturgia. Historicamente falando, até meados dos anos 90 a oferta do próprio corpo foi representada no cinema e na televisão como uma exemplificação da mulher que enfrenta os dramas do sexo vendido de uma forma melancólica e infeliz.

Quase sempre a prostituição na ficção era sinônimo de muita dor e sofrimento; e a realidade dela na vida de uma mulher – já que sempre se falou da prostituição feminina quase que exclusivamente – era resultado de muitos "becos sem-saída".

Esse quadro era traído eventualmente e a coisa ficou mais determinante quando os anos 2000 passaram a contar histórias de prostituição que não tinham a ver com vender-se para sobreviver e sim com vender-se, simplesmente. Essa mulher que se prostitui pelo prazer do sexo ou pelo prazer do dinheiro foi se tornando presente na dramaturgia porque de alguma forma, era como se as histórias estivessem evoluindo para um lugar em que empoderar-se do próprio corpo significava até mesmo dispôr dele para fins monetários, de modo consciente e sem melancolia.

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O que a nova série disponível na Fox PremiumHarlots, propõe é uma espécie de híbrido desses dois momentos distintos da prostituição ficcional.

Estamos falando da Londres do século XVIII, em que ser prostituta poderia muito bem ser a única opção de sobrevivência de uma mulher. Porém, não é por isso que estar no "mercado sexual" não pudesse ser uma escolha consciente pelo prazer e pela ambição. Assim que abre seu primeiro episódio (que fica disponível no aplicativo da Fox Premium por 30 dias, gratuitamente), já sabemos que Harlots não pretende mostrar mulheres sofrendo porque são prostitutas.

Excitadíssimas, elas acompanham a espécie de "resenha" sobre cada uma delas, publicada num periódico que roda a cidade como se fosse um sistema de curtidas em redes sociais. A menina que tiver mais "pontos", garante para o bordel de onde vem, mais prestígio.

Resenha por Cortesia

A história de Harlots é bem interessante quando colocamos sua sinopse em perspectiva. Ela mistura personagens reais com ficção, em meio a uma disputa de poder entre Margaret Wells (Samantha Morton) e Lydia Quigley (Lesley Manville), donas dos principais bordeis da Londres georgiana que mesmo nublada e sombria, é pulsante. A primeira sequência do episódio, inclusive, reforça muito essa atmosfera agitada proposta pela série.

Enquanto as "críticas" obtidas por cada uma das prostitutas atravessa as ruas, uma trilha sonora de influências contemporâneas faz o contraste que Sofia Coppola já tinha usado em sua Maria Antonieta. O resultado provoca alguns ruídos inevitáveis: por mais que o roteiro e a direção queiram fugir do julgamento, em alguns momentos as questões emocionais que esse tipo de história invocaria, parecem ligeiramente superficializadas.

Há um grupo de personagens interessantes e uma boa trama central, apoiada nas filhas de Wells. Jessica Brown Hardley vive a filha mais velha de Margaret, uma glamurosa prostituta que sabe muito bem o que quer: ser independente. Já Eloise Smyth vive Lucy, a mais nova, que tem em sua virgindade o maior trunfo de sua mãe para sair de uma complicada situação provocada pelas constantes tentativas das autoridades de atingir esse centro comercial de prazer.

Talvez o grande apelo de Harlots esteja justamente na naturalização desse enredo, que mostra uma mãe reservando a virgindade da segunda filha para que através dela, possa salvar o próprio negócio. E isso depois de já tê-lo feito com a filha mais velha. Porém, o roteiro não se trava em ressentimentos e mágoas, tudo é muito prático. As filhas sabem que é assim que tem que ser e pronto.

O ritmo frenético da edição também prejudica um pouco os atores. A rivalidade entre Margaret e Lydia é interessante porque uma tem um bordel popular e a outra tem um bordel de luxo em que "saber falar, conversar, ouvir", é importante para o freguês. Enquanto Margaret vende o sexo em sua forma bruta, Lydia vende um status. 

As duas são defendidas com dignidade por Samantha e Lesley, mas a edição aniquila os momentos de respiro da história e prejudica a expressão dessas personagens com a complexidade que elas precisam ter. É emblemático o momento em que Margaret diz que "rezou para ter filhos homens", mas quando esse momento surge, no final do episódio, ainda não pudemos ver essa mulher com a profundidade emocional que essa frase invocaria. Como trata-se de um primeiro contato com o seriado, o tempo pode resolver a questão.

A temporada completa de Harlots já estará disponível no acesso Premium do aplicativo da Fox no dia 4 de Setembro. Ainda que tenha problemas em sua identidade dramática, a série merece uma atenção especial por conta de seu elenco promissor e suas tensões já estabelecidas no piloto.

Se encontrar um caminho equilibrado que permita ao seu ritmo respirar, o programa pode ser envolvente e controverso. Com mulheres fortes e uma perspectiva ousada do que era o sexo comercial do século XVII, Harlots pode não ganhar as melhores resenhas, mas pode garantir o retorno do freguês.

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