A chegada de Lin-Manuel Miranda era uma das mais esperadas em His Dark Materials. O astro de Hamilton foi escalado no papel do aeróstata (que pilota balões) Lee Scoresby, um dos personagens mais carismáticos da história de Lyra. E claro que Miranda entregou o esperado, com uma performance muito mais dinâmica do que a do filme A Bússola de Ouro. Mas, além dele, o episódio “Armour” se destaca por dar mais peso à trama geral, com Ruth Wilson mais uma vez incrível como a Sra. Coulter e a citação de conceitos importantes para o futuro.
[Spoilers de “Armour” abaixo]
O capítulo começa com a apresentação de Lee Scoresby em seu balão. Provocativo e displicente, o personagem de Miranda encanta no momento em que entra em cena e adiciona algo muito positivo a His Dark Materials. Até agora, a história da série foi completamente densa, com apenas alguns momentos de alívio. Scoresby sabe da importância da busca pelas crianças e fala sério quando é necessário, mas seu espírito livre traz um quê de humor e leveza.
A dinâmica com sua daemon Hester (Cristela Alonzo) também funciona muito bem, porque ela é totalmente crítica às atitudes impulsivas do aeróstata, assim como nossa consciência sempre está em segundo plano condenando ações questionáveis. A briga de Scoresby em um bar de Trollesund remete imediatamente ao Velho Oeste, estabelecendo o personagem como um tipo de “caubói solitário” do universo de His Dark Materials.
Ter esse contraponto mais leve ajuda, já que o episódio também conta com momentos tensos e emocionantes. É impossível não sentir um aperto no peito quando Farder Coram (James Cosmo) relembra sua triste e intensa história com a feiticeira Serafina Pekkala. O homem chora ao se lembrar do filho morto e isso potencializa sua relação com Lyra. se antes ele já a via como uma “filha que nunca teve”, esse sentimento faz muito mais sentido agora.
A tensão chega ao episódio com a apresentação de Iorek Byrnison, o urso de armadura com a voz potente de Joe Tandberg. O personagem é grandioso de todas as formas, mas o que chama a atenção é a vergonha que Iorek sente. Banido da convivência com os outros ursos e sem sua armadura, Byrnison vive como um pária até que Lyra o encontra e oferece ajuda. O bom uso da tecnologia faz com que as expressões do personagem funcionem muito bem, mudando de vergonha para ódio, poder e reconhecimento da coisa certa a se fazer.
Enquanto isso acontece no Norte, Marisa Coulter vai ao Magisterium e sua presença é, no mínimo, interessante. Em um ambiente cheio de homens poderosos, ela vai de vermelho escuro, mostrando que quer se misturar e ser um deles, ao mesmo tempo em que deseja se diferenciar. Aliás, ela até comenta com certo orgulho o quanto os olhos se viram para ela quando passa. O comentário é seguido de uma reprimenda e fica a impressão de que Coulter vai se submeter ao que lhe dizem, mas a personagem tem uma carta na manga e vira o jogo rapidamente: além de não obedecer, ela ainda exige que o Magisterium entregue respostas. Ruth Wilson mostra, mais uma vez, que tem total controle da personagem Marisa Coulter, entregando várias camadas e sentimentos. Coulter é vulnerável e forte ao mesmo tempo e a forma como Wilson representa isso em tela é digno de admiração.
His Dark Materials encerra seu quarto capítulo citando, pela primeira vez, a palavra “intercisão”, descrita como um processo violento e grotesco feito com as crianças sequestradas, que estão em Bolvangar, outro nome citado no episódio. A primeira temporada tem apenas mais quatro episódios e, se o ritmo continuar assim, os fãs podem se preparar para um dos encerramentos de temporada mais emocionantes dos últimos anos na TV.
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