Séries e TV

Crítica

House of Cards - 2ª Temporada | Crítica

Mais um degrau na ascensão de Frank Underwood

24.02.2014, às 18H33.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Um escândalo contra a família Underwood é o principal assunto nos tabloides. Um exército de fotógrafos e repórteres está na frente da residência oficial. "Eles sairão daqui a pouco para negar tudo", comenta Ayla Sayyad (Mozhan Marnò), jornalista que cobre a Casa Branca. Após discutir com um colega, ela decide deixar o local. "Há coisas mais importantes que isso acontecendo dentro governo. Vou trabalhar".

A segunda temporada de House of Cards seria impecável se agisse como a personagem de Marnò. Os conflitos escritos por Beau Willimon são perfeitos para Kevin Spacey e Robin Wright dominarem a tela. Quando a série dá espaço para crises conjugais dos governantes, porém, o âmbito político fica em segundo plano, dando a sensação que algo mais importante está acontecendo. E de fato está.

Ao trocar o ponto de vista do jornalismo investigativo pelos tabloides, o seriado torna irrelevante a perspectiva da imprensa, que foi central para o desenrolar da primeira temporada. Apesar de ter menos importância e ser menos atrativa, a vida particular dos políticos são essenciais para o avanço dos novos episódios - por isso House of Cards perde um pouco do charme. Não importa o ponto de vista, o sensacionalismo sempre soa desinteressante após o primeiro contato.

O casal Underwood

Ainda mais unido que no ano anterior, o casal Underwood é mais um exemplo do heroísmo anacrônico iniciado por Tony Soprano e evoluído por Don Draper e Walter White. A cada degrau que sobe no poder, Frank aumenta o sentimento de ódio e admiração do espectador - independente do contexto, o poder de persuasão do personagem é admirável. Para tanto, Spacey atua no limiar da canastrice; perde a mão nas caretas de revolta, mas encanta no cinismo e na cumplicidade quando quebra a 'quarta parede'.

O diálogo com o espectador, aliás, mantém a medida da primeira temporada. Os olhares de Underwood são econômicos, mas Willimon não se nega a explicar uma negociação que julgue complexa. Ninguém se perde ou se sente menosprezado em House of Cards - explanar as conspirações é mais uma análise de cenário que uma recapitulação de decisões. E ainda que casos extraconjugais e outras futilidades influenciem no nível da história, no fim das contas, a ascensão política de Underwood continua como o carro-chefe do roteiro.

Pautada pela ganância de Frank, House of Cards é de uma qualidade rara. Possui um texto ágil e sem paciência para muitas explicações. Por outro lado, essas mesmas virtudes jogam contra quando assuntos fúteis são trazidos à mesa. Fofocas e casos de família não combinam com a seriedade proposta pela série. Apesar da evidente caída de nível neste segundo ano o seriado continua bem, afinal ele desce do alto de um patamar estabelecido por si.

Nota do Crítico
Bom

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