Industry, a frenética, sexy e afiada série da HBO sobre o mundo das finanças no Reino Unido, está de volta para sua terceira temporada - e podemos adiantar que é a melhor até aqui. Os novos episódios voltam a tratar tanto da intensidade de um mercado de trabalho competitivo, como também dos dilemas da Geração Z que está lutando por seu espaço neste mundo.
Não à toa, Industry já foi chamada de “o primeiro grande drama de escritório da Gen Z.” Em entrevista ao Omelete, os criadores (e ex-banqueiros) Mickey Down e Konrad Kay, e o jovem elenco que inclui Marisa Abela (Back to Black), My’hala (O Mundo Depois de Nós) e, agora, Kit Harington (o Jon Snow de Game of Thrones), falaram sobre essa afirmação, e por que eles acreditam que a série fala tanto ao público jovem.
“Quando a gente estava começando a escrever a série… com que idade estávamos? Devíamos ser oito ou nove anos mais velhos que os personagens. Nós não nos sentíamos totalmente fora do loop do mundo das finanças”, explicou Konrad Kay. “Não é como se a gente tivesse a intenção de escrever uma mensagem didática específica sobre uma geração. A gente estava escrevendo sobre uma experiência universal, de entrar no seu primeiro emprego. As pressões disso, o estresse disso… Todo mundo já teve essa experiência, independentemente de onde trabalham”.
Industry se destaca por nunca parar para explicar para sua audiência cada jargão do fictício banco londrino Pierpoint e do mercado financeiro. Ainda assim, a realidade psicológica e emocional de cada cena é facilmente compreendida graças ao texto dos roteiristas - e, normalmente, a principal sensação transmitida é a de ansiedade e empolgação. Apesar da complexidade, a temática é transmitida.
“Obviamente, o seriado é muito denso em alguns aspectos, e especialmente na primeira temporada, quando realmente não seguramos a mão do público em relação a o que as pessoas estavam fazendo e negociando, pode ser bastante difícil de decifrar o que eles estavam fazendo”, admite Mickey Down. “Tem um monte de jargão técnico e, em alguns aspectos, é muito difícil de entender. Mas eu sinto que, no fim das contas, essa é uma história sobre ambição, e eu espero que haja muitos temas universais ali dentro, temas que não vão requerer um PhD em finanças para decifrar”.
“Acho que uma boa parte do motivo da série funcionar emocionalmente, momento a momento, é uma função da atuação, do naturalismo das performances”, agregou Kay. “Com o estilo da fotografia sendo bem íntimo, eu acho que você consegue sentir uma grande conexão com os atores e a realidade do que está acontecendo. Eles dão o tom com uma performance humana tão sutil, que você consegue se colocar nesses cenários sem necessariamente entender cada palavra que sai da boca deles”.
E o que atores, que - como os criadores falaram -, não são tão mais novos que seus roteiristas, pensam disso?
“Acho que sim”, disse Marisa Abela quando confrontada com aquela definição de "primeiro drama de escritório da Geração Z". “Acho que a principal razão que faz a série parecer isso para as pessoas é que esses personagens não estão necessariamente dispostos a aturar os mesmos padrões que têm sido aceitos por um bom tempo, especialmente a Harper”.
Para Abela, a personagem de My’hala é chave para essa conexão com a Gen Z: “Acho que é nisso que a Harper faz a série parecer algo sobre Gen Z, porque ela não aceita que, só porque as coisas são de um jeito há tanto tempo, elas precisam continuar nesse padrão. Se ela quiser seguir seu próprio caminho, ela vai, e acho que isso é uma das coisas que as pessoas amam nela como personagem”.
Um dos veteranos do elenco é Ken Leung - e, para o ator, a questão do dinheiro, tão abordada na série, é essencial para seu sucesso. “Acho que as pessoas que escolhem ser artistas, como nós, falando de forma geral, não estão tão preocupadas com dinheiro, porque escolhemos um ramo que é famoso por, você sabe, não ter dinheiro confiável”, ele explicou.
Para o resto do mundo, dinheiro é uma das maiores motivações por trás de uma carreira, se não a maior. Ele adiciona que colocar atores para, justamente, falar de dinheiro, é o que gera ótimos resultados: “De repente você está nesse mundo sobre dinheiro, e então, o que é surpreendente é como é divertido quando você encontra uma maneira de se orientar, de se posicionar nele”.
Já My’hala admite que, mesmo com três temporadas, o diálogo ainda é desafiador. Mas ela acredita que a atuação consegue, como falou Kay, fazer a ponte com o espectador: “As pessoas já nos disseram: ‘Ah, agora vocês estão na terceira temporada. Já devem ser traders de verdade’. E toda vez eu respondo: ‘Na verdade, eu ainda não faço a mínima ideia do que estou falando’. Essa sensação vem porque temos roteiristas incríveis, completos e inteligentes. Somos muito sortudos por tê-los e também temos consultores na série que vêm explicar tudo".
"Então, o que eu sei sobre o que Harper fala é se é algo bom ou ruim, para poder interpretar e convencer as pessoas de que eu realmente entendo do que estou falando", completou ela. 'Desde que vocês entendam o que está acontecendo, então, cumprimos nosso trabalho".
Olhando para a terceira temporada, é justo dizer que o trabalho, de fato, foi cumprido. Industry retorna hoje (11), às 22h, na HBO e na Max, e a nova temporada segue com capítulos semanais aos domingos.