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Lilyhammer | "As pessoas terão a chance de ver o Brasil de outra maneira", conta Steven Van Zandt sobre o terceiro ano

Série veio ao Rio de Janeiro e o Omelete visitou o set de gravações

19.11.2014, às 12H47.
Atualizada em 15.11.2016, ÀS 00H01

Rio, 40ºC. Steven Van Zandt, roteirista, produtor e protagonista de Lilyhammer, aparece de camisa, calça e sapatos sociais, gravata e suspensórios. A mudança de cenário não parece muito confortável para o mafioso Frank Tagliano, que segue de Nova York para a gélida Lillehammer, na Noeruega, no primeiro ano da série. No entanto, a bela locação serve para mostrar principalmente como a produção da Netflix não está ancorada em apenas um lugar.

"A primeiríssima ideia era simplesmente sair da Noruega. Ir pra algum lugar com essa galera doida vai ser legal. Mesmo fora de contexto é sempre divertido, porque temos personagens muito fortes criados por Eilif [Skodvin] e Anne [Bjørnstad]. Eu queria colocá-los em uma situação diferente, queria alguma coisa latina, e eu acho que tomamos a decisão certa", explica Van Zandt durante uma entrevista que mais pareceu um merecido intervalo entre gravações. De baixo da espessa peruca escorria o suor decorrente de pelo menos uma hora sob o sol escaldante do Rio.

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A cena em questão mostrava Frank em uma séria conversa com Alex (a brasileira Maria Joana) sobre seu irmão, uma ameaça aos trabalhos do mafioso na Europa. Diferente do gringo, Alex vestia um belo e esvoaçante vestido, devidamente fresco para o dia de sol e calor intenso que a cidade maravilhosa proporcionou para as filmagens. "Eu tinha escrito essas cenas em Cuba, usando uns elementos da história relacionados aos velhos tempos do país, como os cassinos. Quando percebemos que seria complicado gravar lá, logo pensamos no Rio", contou o ator. "Nós mudamos a história para ela se encaixar no Rio. Tínhamos um monte de elementos da história relacionados a Cuba que não eram apropriadas para o Rio, então tivemos que adaptar."

Um dos grandes problemas que produções internacionais (e até algumas nacionais) passam quando escolhem o Rio de Janeiro como paisagem são os clichês. "Nós nem chegaremos perto disso. Algumas dessas coisas, como samba, mulher e futebol, podem estar no plano de fundo - porque eles são o plano de fundo. A praia é bem importante aqui, mas não vamos exagerar ou sugerir que essas são as únicas coisas que existem aqui", explicou Van Zandt. Quando à pobreza, o ator diz que a série escolheu seguir para um lado mais "apurada e um tanto engraçado", preferindo passar a sensação de que as pessoas que moram nas favelas têm orgulho disso. "Nós estamos mais interessados em sempre retratar os 'vira-latas' - o homem comum, o trabalhador, a gente tenta dar o ponto de vista deles".

O hotel Santa Teresa proporciona uma bela vista, e Van Zant diz que o Rio "é muito cinematográfico", explicando que existem "muitas possibilidades, [...] as pessoas são ótimas, as imagens ficam boas, a vizinhança... É um lugar interessante." Por estar muito envolvido com a série, o ator, produtor e roteirista conta que "entre a pré-produção e a pós-produção eu trabalho dez meses por anos para dez episódios. Eu sinceramente não sei como fazíamos 13 para Família Soprano."

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Além de comandar praticamente todas as áreas de produção de Lilyhammer, Van Zandt tem ainda outro trabalho que toma boa parte de seu tempo: guitarrista da E Street Band de Bruce Springsteen. Pouco antes da vinda ao Brasil, o ator e músico já havia passado pelo país em turnê com a banda: "nossa última viagem nós passamos seis semanas viajando pela Africa do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Foi o melhor tour que eu já fiz. Fantástico. A América Latina veio logo antes disso". Quando questionado sobre férias, sua casa e tempo livre, Van Zandt garante que sente muita falta de casa: "não quero mais ficar seis semanas fora, é muito tempo. Então eu tento voltar pra casa pelo menos a cada duas semanas. [...] As pessoas ainda perguntam porque vou pra casa quando tiro férias."

Com relação à internacionalidade de Lilyhammer, Van Zandt conta que "quando brasileiros falam com brasileiros, é sempre em português. Igual na Noruega. Mesmo assim, tentamos manter um equilíbrio na série, cerca de 25% de inglês. Mas isso já é o suficiente. É o suficiente para os americanos e outros países de língua inglesa se conectarem com as personagens e mergulharem na jornada com eles. Eles conhecem a Noruega do jeito que Frank conhece". Ele explica que, assim como Frank, existem muitas pessoas por aí que entendem bem uma língua, mas não necessariamente conseguem falá-la. "As pessoas terão a chance de ver o Brasil de uma maneira interessante", finalizou Van Zandt. "Meu português é melhor que o meu Norueguês".

A terceira temporada de Lilyhammer estreia mundialmente em todos os países onde a Netflix atua em 21 de novembro. Assista abaixo ao trailer:

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