Séries e TV

Crítica

Love - 1ª Temporada | Crítica

Comédia de Judd Apatow constrange e diverte na mesma medida

26.02.2016, às 15H41.

Os trabalhos de Judd Apatow trazem sempre uma caricatura depressiva e cheia de dúvidas de uma geração. Normalmente nascidos no fim da década de 1980, esses personagens vivem em busca de um propósito na vida, se gabam das referências pop acumuladas e tratam tudo com um desleixo que beira ao desinteresse. Ligeiramente Grávidos, O Virgem de 40 Anos, Bem-Vindo aos 40 e outros filmes do diretor-escritor seguem este modelo.

Em Love, comédia da Netflix, essa geração enfrenta mais uma vez os problemas da vida adulta com uma postura inocente, quase juvenil. E pautada por um texto recheado de situações constrangedoras, a série segue o modelo de Apatow agora em um formato que dá mais espaço aos dilemas do que às soluções. Se em Ligeiramente Grávidos a resposta vinha após algumas discussões, aqui praticamente não há uma saída. Fadados ao sofrimento, os personagens de Love fazem rir pelo desespero com que levam a vida.

Nos dez episódios de meia hora, Gus (Paul Rust) e Mickey (Gillian Jacobs), constroem uma química semelhante à que Seth Rogen e Katherine Heigl mostram em Ligeiramente. Dois tipos muito distintos que devido ao contexto criam uma conexão além da compreensão imediata - ao menos na primeira temporada. Cada um deles traz uma carga de manias típicas do estereotipo que carregam; o nerd introvertido e seus amigos esquisitos, a garota descolada e seus problemas de auto-estima.

Lendo assim, parece o retrato de toda comédia romântica moderna. Love, porém, se diferencia pela condução pessimista e o humor destrutivo com que trata todos em cena - dos protagonistas aos coadjuvantes do estúdio onde Gus trabalha. O surpreendente Jordan Rock, o assistente de set, é o expoente da metalinguagem pretendida pela série, que também serve como uma crítica à falta de diversidade em Hollywood. Andy Dick, porém, é o grande destaque no elenco de apoio. No episódio mais surtado da temporada, ele e Jacobs fazem uma viagem que discute drogas, compromisso e termina, de novo, no pessimismo icônico do programa.

Love não é para todo mundo. As situações e referências batem com a geração que iniciou uma era de consumo hoje moldada com outros valores e impulsionados pela internet e redes sociais. É um retrato divertido de pessoas com muitos sonhos, poucas ações e vários problemas, mas que pelo carisma criam uma compaixão difícil de se distanciar. Gus e Mickey é um dos casais problemáticos mais queridos que a televisão apresentou nos últimos anos.

Nota do Crítico
Ótimo

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