Pôster da segunda temporada de Manhattan (WGN America/Divulgação)

Créditos da imagem: WGN America/Divulgação

Séries e TV

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Manhattan: conheça a série que explorou o projeto de Oppenheimer

Produção sobre o Projeto Manhattan contou com Rachel Brosnahan, David Harbour e mais

Omelete
5 min de leitura
25.07.2023, às 15H26.
Atualizada em 25.07.2023, ÀS 15H38

É muito difícil dissociar a experiência de ir ao cinema em 2023 de Oppenheimer. Pudera: como escapar dos diversos outdoors, comentários nas redes sociais e muitos spots que pipocam pela televisão e internet – e claro, o termo Barbieheimer? No entanto, essa não é a primeira vez na história que o ambicioso projeto de J. Robert Oppenheimer é contado, e não estou falando de documentários sobre a bomba atômica – que existem aos montes. Em julho de 2014, a pequena emissora WGN America, após decidir que iria se aventurar pelo eixo de produção de conteúdo original, lançou um de seus primeiros títulos: Manhattan, série sobre o projeto da construção da bomba atômica, mas, acima de tudo, sobre o dia a dia, sonhos e segredos dos moradores da cidade de Los Alamos. 

Criada por Sam Shaw (Masters of Sex), a produção foi lançada bem naquele período em que séries "chiques e com cara de cinema" estavam começando a aparecer com mais frequência na televisão. Na época, a emissora que, vale notar, fechou as portas em 2021, estava em busca de se firmar no mercado audiovisual de forma marcante, inspirada no sucesso da AMC, um pequeno canal que se tornou um gigante graças às séries Mad Men, Breaking Bad e The Walking Dead. Então veio a ideia do roteirista que logo foi comprada pelos executivos da emissora: drama íntimo e pessoal sobre os personagens, narrativa lenta, elenco repleto de bons atores, produção impecável e, por sorte, uma boa história real para se basear. Pronto, eis aqui a fórmula para montar uma série de prestígio. 

Elenco da primeira temporada de Manhattan (WGN America/Divulgação)
WGN America/Divulgação

Manhattan acompanha o cientista Frank Winter (John Benjamin Hickey, de The Good Wife), baseado em Seth Neddermeyer (que aparece em Oppenheimer na pele de Devon Bostick), um cientista complexo recrutado para trabalhar em um projeto secreto e jamais visto antes – sim, o projeto Manhattan. Frank é acompanhado de sua esposa, Liza (a excelente e subestimada Olivia Williams, de Rushmore), uma mulher cheia de mistérios e que deixou uma importante missão para trás para ficar com o marido na nova cidade – eles também têm uma filha, não muito explorada e presa ao arquétipo de "rebelde sem causa", vivida por Alexia Fast (Jack Reacher).  

Por mais que a série tenha como plano de fundo o projeto Manhattan, ela é bem mais sobre os personagens (quase todos fictícios) de Los Alamos do que sobre a construção da bomba atômica, ou da complicada vida de J. Robert Oppenheimer. O físico, na realidade, mal aparece na série. Aqui, ele é vivido por Daniel London, que é creditado apenas em 8 de 23 episódios.

Existem fatos históricos que, sim, a produção aborda para trazer mais veracidade ao texto, como menções a Albert Einstein, aos planos de segurança do governo e, de fato, a construção da bomba atômica. Contudo, o que Shaw fez ao longo de duas temporadas foi utilizar o projeto como pano de fundo para criar uma novelinha de época embalada com aquela velha e boa premissa de "sexo, segredos, mentiras e reviravoltas". E claro, com a ajuda de um mosaico de personagens interessantes.

Uma delas é a jovem Abby, interpretada por Rachel Brosnahan (a Marvelous Mrs. Maisel e futura Lois Lane da DC), em um dos seus primeiros grandes papéis. Casada com um dos cientistas que atuam no projeto, Dr. Charlie Isaacs (Ashley Zukerman, de Succession), Abby, na verdade, é secretamente lésbica e apaixonada pela amiga, Elodie (Carole Weyers, de Grey's Anatomy). Esta trama é bastante explorada e, aliás, conta com todas as nuances e sutilezas que envolviam uma pessoa se descobrir (ou até mesmo se identificar) como LGBTQIA+ nos anos 1940. E não somente ela tinha uma trama própria, como grande parte da histórias das outras esposas dos cientistas também eram contadas.

Rachel Brosnahan e Carole Weyers em Manhattan (WGN America/Divulgação)
WGN America/Divulgação

Outra narrativa digna de destaque é a de Helen Prins (Katja Herbers, de Evil), uma das pouquíssimas mulheres vistas nos laboratórios entre uma reunião e outra. Ela tinha seus grandes segredos e tramas individuais, e funcionou como fio condutor da trama dos outros homens brancos e de jalecos atuando no projeto secreto. Nesse aspecto, Manhattan quase que serviu como uma prévia do que seria For All Mankind, série da Apple TV+ que conta uma versão alternativa da chegada do homem à lua. 

O problema com Manhattan, na verdade, é que ela parece nunca ter tido a oportunidade de ser uma grande série. Sua emissora, a WGA America, ainda estava começando a caminhar pelo segmento de conteúdo original e não sabia exatamente como vender a produção para o público. Logo, os números de audiência foram baixos. O que poderia ser a salvação, neste caso, o aclamo da crítica, também não foi o suficiente. Embora tenha sido bem recebida pelos jornalistas especializados, Manhattan acabou sendo engolida pela recepção de outras séries de época daquele tempo, como a já citada Mad Men e a maravilhosa The Americans, então nem os textos mais elogiosos sobre a novela da bomba atômica permitiram sua renovação por mais tempo. 

David Harbour em Manhattan (WGN America/Divulgação)
WGN America/Divulgação

Em entrevistas, Sam Shaw havia explicado que Manhattan seria uma série dividida em três atos, com as duas primeiras temporadas funcionando como a primeira parte. Mas foi apenas isso que o público viu – se é que viu, é claro. De lá para cá, o título estava praticamente abandonado na prateleira dos streamings mais avulsos e só ganhou esse novo ar de respiro graças ao filme do Christopher Nolan. 

No geral, Manhattan é uma série interessante, com ótimas personagens e um bom elenco que, além dos já mencionados, também contou com um David Harbour (Stranger Things) ainda não tão conhecido, Justin Kirk (Succession e Weeds), Paul Crosley (Game of Thrones), Griffin Dunne (Depois de Horas), Mamie Gummer (The Good Wife – e filha da Meryl), entre outros.

Com duas temporadas e 23 episódios no total, a produção não é uma daquelas séries "obrigatórias", que ficam na listinha dos críticos, mas é um bom passatempo para quem saiu de Oppenheimer querendo saber mais sobre a história.

No Brasil, você pode assistir Manhattan pela Globoplay e pelo Lionsgate+.  

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