Terra Field, uma engenheira de software da Netflix que é transsexual, afirmou no Twitter ter sido suspenda do trabalho depois de publicar na rede social um fio, onde rebate piadas consideradas transfóbicas feitas por Dave Chappelle. O humorista protagoniza o mais novo especial de comédia da plataforma de streaming, The Closer, no qual ataca diferentes comunidades LGBTQ+. Em nota, publicada pelo The Verge, a empresa negou que esse tenha sido o motivo da suspensão, apontando como real razão uma tentativa de comparecer a uma reunião reservada apenas a diretores.
I work at @netflix. Yesterday we launched another Chappelle special where he attacks the trans community, and the very validity of transness - all while trying to pit us against other marginalized groups. You're going to hear a lot of talk about "offense".
— Terra Field (@RainofTerra) October 7, 2021
We are not offended 🧵
"Eu trabalho na Netflix. Ontem, lançamos outro especial de Chapelle onde ele ataca a comunidade trans e a validade da identidade trans, tudo enquanto nos tenta colocar contra outros grupos marginalizados. Você vai ouvir muito sobre 'ofensa'. Nós não estamos ofendidos", escreveu Field, antes de listar em diversos tweets o nome de diversas vítimas de violência motivada por transfobia.
Em meio a críticas e pedidos de grupos de luta pela causa LGBTQ+ para a retirada de The Closer do catálogo da plataforma, o BuzzFeed publicou o texto de um e-mail interno emitido pelo CEO da Netflix, Ted Sarandos, explicando por que o especial de Chapelle será mantido no ar. "Nunca é uma boa sensação quando pessoas estão sofrendo, especialmente os nossos colegas, então eu quis dar a vocês algum contexto adicional", escreveu o executivo. "Vocês devem estar avisados que algum talento pode se unir a terceiros para nos pedir para remover a produção nos próximos dias, o que não faremos".
"Nós não permitimos que títulos no catálogo da Netflix sejam pensados para para incitar ódio ou violência, e não acreditamos que The Closer cruze essa linha. Eu reconheço, entretanto, que distinguir entre comentário e ataque é difícil, especialmente com stand-up comedy, que existe para confrontar limites", continuou Sarandos. "Externamente, particularmente em stand-up comedy, a liberdade artística é obviamente bem diferente do que permitimos internamente, já que os objetivos são diferentes: entretener pessoas contra manter um espaço de trabalho respeitoso e produtivo", concluiu.