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O Jovem Indiana Jones | Lembra Desse?

Muito antes de ser um arqueólogo famoso, Indiana Jones já vivia aventuras pelo mundo na série que escalou mais três atores para o papel

02.07.2015, às 17H45.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 17H02

Produzida em 1992, O Jovem Indiana Jones (The Young Indiana Jones Chronicles) nasceu do interesse de George Lucas por educação e da convicção do diretor e produtor de que a TV era uma ferramenta de grande valor não só para o entretenimento como também para a educação. O projeto da série nasceu na George Lucas Educational Foundation, organização dedicada ao desenvolvimento de ferramentas interativas para a educação. Muito antes da disponibilidade da internet, a equipe estava trabalhando em uma ideia chamada "Uma Caminhada pelo Início do Século XX: História com Indiana Jones", e o que seria um videodisco ligado ao computador com imagens, textos, animações e vídeos disponíveis ao usuário para ensinar história virou série de TV.

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Nascido em 1º de julho de 1899, Henry Walton Jones Júnior, que depois de crescido abandonou esse nome emproado para usar o apelido tirado do cachorro da família, Indiana, era o personagem perfeito para a ideia de Lucas de educação interativa em oposição ao modelo tradicional de lápis e papel. Os três filmes estrelados por Harrison Ford haviam transformado o personagem num ícone. Indiana Jones era esperto, charmoso e inteligente, combinando conhecimento acadêmico e qualidades de um homem de ação. Sua geração também viveria os grandes eventos da história moderna, em especial as duas Grandes Guerras, o que tornava possível colocar o personagem em contato com várias figuras históricas, como já havia acontecido em A Última Cruzada, quando Indy encontra Adolf Hitler.

Produzida a partir de histórias criadas por Lucas e roteirizadas pelo próprio e por nomes como Frank Darabont (Um Sonho de Liberdade, The Walking Dead), Rosemary Anne Sisson (Upstairs, Downstairs) e Gavin Scott (As Brumas de Avalon), além de Carrie Fisher, que trocou a carreira de atriz pela de roteirista; a série retrata o personagem em três fases, aos nove, entre 17 e 21 anos e aos 93. A última é a mais controversa, já que ninguém esperava que Indy sobrevivesse até a terceira idade.

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Na primeira fase, o garoto ainda sem seu apelido famoso é interpretado por Corey Carrier e parte para uma viagem pelo mundo acompanhando o pai (Lloyd Owen, de Miss Potter no papel que Sean Connery interpretou no cinema), professor de história medieval convidado para uma série de conferências em diversos países. Após uma parada em Londres para contratar uma governanta (Margaret Tyzack, de 2001: Uma Odisseia no Espaço), a família segue para o Egito, onde Indy conhece T.E. Lawrence (Joseph Bennet, de Doctors), que um dia seria chamado de Lawrence da Arábia, e Howard Carter (Pip Torrens, de Poldark), o arqueólogo contratado por Lorde Carnavon que em 1922 encontraria a tumba de Tutankhamon.

Em sua fase adolescente, Indy é interpretado por Sean Patrick Flannery (Dexter) e se envolve primeiro na Revolução Mexicana, juntando-se às tropas de Pancho Villa (Mike Moroff, de Um Drink no Inferno). É no México que Indy conhece o belga Remy (Ronny Coutteure, de Maigret), amigo que o acompanha nos episódios que exploram eventos da Primeira Guerra Mundial. Fazem parte desse grupo, "Verdun, Setembro 1916" e "Somme, Início de agosto 1916", episódios que mostram o terror dos ataques com gases, lança-chamas e das trincheiras.

O formato de antologia da série garante apenas Indy, seus pais e a governanta como personagens fixos nas histórias ambientadas entre 1908 e 1910, e Remy no período entre 1916 e 1920. O resultado é uma enorme lista de atores convidados. Muitos deles são talentos locais, como o turco Ahmet Levendoğlu. Desconhecido fora de seu país apesar do início de carreira na Inglaterra, em "Istambul, Setembro 1918", Levendoğlu é Mustafá Kemal, herói da Batalha de Galipoli e mais tarde conhecido como Atatürk, o fundador da República da Turquia.

Mas a caça a nomes conhecidos nos papéis coadjuvantes rende bastante na série. O futuro James Bond, Daniel Craig é um oficial alemão em "Palestina, 1917", enquanto Lukas Haas, o garotinho que contracena com Harrison Ford em A Testemunha é o ilustrador Norman Rockwell em "Paris, Setembro 1908". O veterano Max von Sidow é Sigmund Freud em "Viena, Novembro 1908", episódio que também tem a participação de Pernilla August, a mãe de Anakin Skywalker na franquia Star Wars. Paul Freeman, o Beloq de Caçadores da Arca Perdida, reaparece como Frederick Selous em "África Ocidental Britânica, Setembro, 1909" e "África Ocidental Alemã, novembro 1916". O criador de Downton Abbey, Julian Fellowes, é Winston Churchill em "Londres, Maio 1916" e Roger Ashton-Griffiths, o Mace Tyrell de Game of Thrones é um personagem sem nome descrito apenas como "alemão sinistro" em "Áustria, Março 1917". Sem esquecer a participação especial do próprio Harrison Ford em "Chicago, abril 1920", na qual o ator aparece de barba, denunciando que as filmagens aconteceram no mesmo período da produção de O Fugitivo.

Originalmente, cada episódio era iniciado por Indiana Jones aos 93 anos interpretado por George Hall (Johnny Bom de Transa). Usando um tapa-olho como recordação de suas aventuras, Indy aparecia relatando sua história a alguns garotos como introdução às cenas gravadas com as versões mais jovens de si mesmo. Estas cenas, batizadas book ends, foram depois cortadas quando a série foi relançada em VHS em 1999 com o nome de As Aventuras do Jovem Indiana Jones (The Adventures of Young Indiana Jones). Ao contrário de quando a série foi estreou pela rede ABC em 1992 e foi exibida em episódios de 45 minutos cada, na reedição as histórias foram agrupadas em duplas por data ou tema, formando 22 longas, forma como a série é encontrada em DVD.

A reformulação possui ainda algumas curiosidades, como a inclusão do episódio "Florença, Maio 1908", exibido em alguns países, mas inédito nos Estados Unidos e que somado a "Viena, Novembro 1908" forma o longa Os Perigos do Cupido. Além desse, mais três episódios dos 32 produzidos deixaram de ser exibidos pela ABC, "Praga, 1917", "Transilvânia, 1918" e "Palestina, 1917", todos também incluídos na reformulação, que ganhou ainda cenas novas produzidas apenas para a junção dos episódios. Para quem viu a série em sua versão original, o sentimento é parecido com aqueles que viram Star Wars no cinema nos anos 1970, uma experiência que não voltaria a acontecer.

O cancelamento da série muito antes do planejado foi mais um capítulo na longa divergência entre George Lucas e Hollywood. Foi seu descontentamento com a interferência dos estúdios em suas produções que o levaram a investir os ganhos de Star Wars para criar sua própria empresa e também a deixar de ser membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar e também dos sindicatos dos roteiristas e dos diretores ainda nos anos 1980. Bem sucedida na área técnica, com várias indicações e vitórias no Emmy nas categorias de efeitos visuais, figurino e edição de som, entre outras, O Jovem Indiana Jones era também uma série de produção cara, com filmagens em locações na África, Europa, Índia e China da qual a ABC esperava um sucesso similar aos filmes que lhe deram origem. Sem necessidade de responder a ninguém, Lucas reconheceu em uma entrevista ao The New York Times que se Indiana Jones não estivesse no título, a série não teria saído do papel.

A verdade é que um dos obstáculos ao objetivo de Lucas de "edutainment", a união de educação com entretenimento, é que o encontro de Indy com personagens da história só funciona se o público já tiver um conhecimento prévio dos fatos. Para quem nunca ouviu falar da revolta árabe e T.E. Lawrence, das ações de Atatürk na defesa da Turquia ou dos demais personagens que cruzam caminho com Indy na série, as pessoas que aparecem ali anos antes das ações que os tornaram importantes na história não causam impacto. Sem esse elemento, a produção deixa de ser entretenimento e não chega a ser educação, mantendo apenas a curiosidade de ver o que Indiana Jones fez antes de se tornar o arqueólogo que aparece roubando um ídolo na selva em Caçadores da Arca Perdida, o que o roteiro nem sempre sustenta.

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