Tinha tudo para ser perfeito, mas não foi. Estavam lá os cenários vazios. A maquiagem perfeita. A dramaticidade e o ritmo que normalmente só se vê no cinema. E, claro, os zumbis que deixariam embaçados de lágrimas os gigantescos óculos do mestre George A. Romero. Enfim havia chegado a tão aguardada hora da estreia de The Walking Dead, série que o canal estadunidense AMC adaptou diretamente dos quadrinhos de Robert Kirkman.
Em uma ótima oportunidade de dar a quem baixa as séries a resposta de que existe gente vendo o que está acontecendo e pensando em como diminuir este problema, a o Canal Fox exibiu o primeiro episódio da série com menos de 48 horas de atraso em relação à estreia nos Estados Unidos. Palmas para eles, porém...
The Walking Dead
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O primeiro problema parecia facilmente contornável: quem gosta de ouvir o som original tinha a opção de trocar a dublagem que o canal implementou em toda a sua programação pela versão original e ligar as legendas. Aqui em casa, pelo menos, funcionou perfeitamente, com legendas bem sincronizadas e de boa qualidade.
O primeiro intervalo comercial veio só depois de 26 minutos de exibição. Nada mal para um canal que sobrevive de anúncios, imaginei eu. Mas comemorei muito antes da hora. Nos Estados Unidos, onde a série estreou batendo recordes, o episódio piloto dirigido por Frank Darabont (Um Sonho de Liberdade) durou cerca de 90 minutos - contando os comerciais. Aqui, para poder exibir (acredite!) Doom: A Porta do Inferno, o canal Fox picotou sem dó e começou a mostrar os créditos após apenas 54 minutos, perdendo assim o ritmo cinematográfico citado lá em cima.
A garotinha e o cavalo
A história começa já mostrando que há algo de diferente sendo exibido ali. Logo na primeira cena, o policial Rick Grimes (Andrew Lincoln) aparece procurando por gasolina em um posto no meio do nada. Tudo o que ele vê por onde passa são carros vazios e pessoas em estado de putrefação. Até que avista uma menininha arrastando seu ursinho de pelúcia. Ele tenta chamá-la uma, duas vezes, mas quando ela finalmente se vira, ele percebe que já é tarde demais para salvá-la.
Corta para o passado e começamos a entender um pouco do que aconteceu até ele chegar ali. Grimes é um policial certinho, o sub-xerife de uma cidade pequena que acaba se envolvendo em uma perseguição de carro e é baleado. Depois de ficar um tempo ainda indefinido em coma, ele acorda para ver o mundo como ele conhecia destruído. É impressionante a performance do ator britânico nesta parte. A forma como ele anda, todo desengonçado e curvado, é o que se imagina de alguém que passou meses na cama e agora tem uma necessidade de ir para casa encontrar sua família e apagar de vez a hipótese de que eles também foram atacados e morreram.
Seguindo a cartilha dos filmes de zumbi, Grimes não tem ideia de que o planeta passou por um apocalipse zumbi e demora para assimilar que aquelas pessoas arrastando os pés são mortos-vivos. Mais certinho do que gravata de escoteiro, ele chega a ficar bravo quando vê o primeiro zumbi sendo baleado na cabeça. E é com cenas isoladas como essa que a história vai ensinando como funciona aquele novo mundo: um tiro chama a atenção dos mortos-vivos, que virão na direção do barulho. Sobreviver a um só é fácil, mas quando vários deles se juntam, a coisa fica mais difícil. E Grimes, que chega a Atlanta montado em seu cavalo tal qual um príncipe encantado em busca da princesa, vai aprender isso da pior maneira possível.
O primeiro episódio é tudo o que os fãs de zumbis queriam ver. Darabont dá ao piloto a estética e a carga dramática de um filme. Com a diferença de que ao contrário dos habituais 90 minutos de um longa-metragem, ele e seus parceiros no projeto terão várias horas para desenvolver a história. Bom, pelo jeito, na Fox eles não terão tanto tempo assim...
The Walking Dead é uma produção do canal estadunidense AMC e é exibido no Brasil às 22h das terças-feiras na Fox.
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P.S. bastaram alguns minutos para saber que o Brasil não foi o único que viu versão editada. Em Portugal, onde também é exibido pela Fox, aconteceu o mesmo. Veja um vídeo que compara algumas cenas cortadas.