Ruptura volta maior, mais misteriosa e mergulhando em sua própria mitologia

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Ruptura volta maior, mais misteriosa e mergulhando em sua própria mitologia

Série do Apple TV+ começa segunda temporada mostrando os motivos de ser um dos melhores sci-fi da atualidade

Omelete
4 min de leitura
07.01.2025, às 11H00.

São quase dois anos desde a estreia da primeira temporada de Ruptura no Apple TV+. A série dirigida por Ben Stiller não só foi uma das melhores estreias de 2022, como também surpreendeu muitos fãs do astro por ser tão diferente de outras obras que ele comandou, como A Vida Secreta de Walter Mitty e Trovão Tropical. A história criada por Dan Erickson mistura ficção, com elementos retrô e uma certa estranheza em seus personagens - que mais parecem saídos de um filme de Wes Anderson - para nos questionar: e se a nossa mente no ambiente de trabalho fosse separada da vida pessoal, sem que uma interfira na outra?

O que parecia uma resposta simples, ganhou contornos de conspiração quando os quatro funcionários do setor de Refinamento de Macrodata da Lumon, a empresa que propõe a ruptura do título, começam a questionar o que estão fazendo ali e quais as reais intenções da empresa com eles.

A segunda temporada de Ruptura começa exatamente de onde paramos em 2022. Mark (Adam Scott) - em sua versão “innie”, ou seja, aquela que trabalha na Lumon - descobre que é casado com Ms. Casey (Dichen Lachman), uma outra funcionária da empresa, que todos fora da Lumon, incluindo Mark, acreditavam estar morta. Quando a rebelião causada por ele, Dylan G. (Zach Cherry), Helly R. (Britt Lower) e Irving B. (John Turturro) é interrompida, exatamente no momento em que ele revelava para a família a verdade, Mark acorda diretamente no elevador da Lumon, pronto para um novo dia de trabalho. A partir daí, somos jogados em um novo emaranhado de tramas e conspirações, mas com algumas novas posições para as peças principais. Helly conhece seu verdadeiro eu fora do escritório, a herdeira do criador do processo de Ruptura. Irving segue sua busca para entender o que aconteceu com Burt (Christopher Walken) e suas visões do corredor escuro. E um dos grandes destaques do primeiro ano, o supervisor Milchick (Tramell Tillman), agora se encontra em uma nova posição dentro da Lumon, que também vai levá-lo a enfrentar a pressão da empresa e, claro, ter que correr atrás das armações dos rebeldes.

É visível que o sucesso da primeira temporada deu a chance de os criadores aumentarem ainda mais o escopo do segundo ano. Há novos cenários e situações que demandam mais tanto dos atores quanto da parte técnica, como o fantástico quarto episódio, passado inteiro ao “ar livre”. Além disso, a história da série cresce ainda mais, adicionando importância ao dia-a-dia e os conflitos dos personagens dentro e fora da Lumon. Britt Lower e Tramell Tillman são os grandes destaques desses primeiros episódios. O trabalho da atriz na variação de personalidade entre as duas versões de Helly é excelente. A ótima forma como roteiro e direção jogam com essa dualidade, colocam dúvidas sobre as reais intenções dela  tanto na nossa percepção quanto na dos companheiros da história. Já Milchick se mostra cada vez mais ameaçador, mas é na hora dos questionamentos e da cobrança da Diretoria que Tramell mostra porque roubou a cena no ano anterior.

A primeira metade da segunda temporada de Ruptura acelera um pouco mais o andamento da história e começa a dar mais forma para a principal linha narrativa: a trama da rebelião dos funcionários. Há no entanto, novos elementos - como o setor de Mamíferos e a trama de Harmony Cobel (Patrícia Arquette) - que continuam a tornar tudo ainda mais esquisito e propositalmente confuso. Depois dos seis episódios que tivemos acesso, fica a pulga atrás da orelha de que o grande desafio dessa segunda metade será não deixar uma enormidade de pontas soltas ao final dos novos episódios. Até porque, nada garante que não teremos que esperar mais dois anos para uma terceira temporada. 

Em muitos momentos, a série do Apple TV+, com suas revelações e conspirações, lembra muito o que era feito em Lost. E goste dela ou não, essa expansão desenfreada da narrativa foi um dos grandes problemas para a conclusão da já clássica série dos anos 2000. Ruptura ainda parece estar com tudo sob o controle e o início do segundo ano aponta o caminho certo para se a série se tornar (de novo) uma das mais celebradas da temporada.

 

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