Há quem diga que fazer comédia nos últimos anos ficou mais difícil, mas este não é o caso do produtor, roteirista e diretor Bill Lawrence. Embora ele admita que "não poderia fazer Spin City e definitivamente não poderia fazer Scrubs hoje em dia", isso não lhe parece um problema.
“Você pode reclamar e dizer ‘ah, somos muito politicamente corretos, temos que ter muito cuidado. Temos que ser deste ou daquele jeito’. Eu não gosto disso”, afirmou em entrevista ao Omelete sobre seu novo projeto, Shrinking. A produção acompanha Jimmy (Jason Segel), um terapeuta que, com dificuldades de lidar com a morte da sua mulher, começa a falhar como pai e a abusar do álcool e das drogas. No entanto, em uma espécie de epifania, ele decide colocar os métodos tradicionais da profissão de lado e atender seus pacientes usando uma honestidade brutal. A interferência na vida deles é condenada pelos seus colegas que, como Jimmy, têm seus próprios dilemas para lidar. No entanto, entre erros e acertos, o psicólogo e seus clientes tentam, juntos, levar um dia de cada vez — com muito bom humor, é claro.
“Uma das coisas mais divertidas desta série é que a sala de roteiristas é tão diversa. Eu sou a pessoa mais velha de longe. Se eu fosse tentar escrever a Alice [adolescente filha do protagonista vivida por Lukita Maxwell] ou Gabby [colega do protagonista vivida por Jessica Williams], uma mulher negra numa profissão dominada por homens brancos, seria inautêntico. Para mim, o que me mantém me sentindo jovem é ter pessoas ao meu redor que são deste tempo, do zeitgeist. Se você tem um grupo de pessoas que estão abertas e com quem você se sinta confortável de dizer qualquer coisa, a regra ‘O Mais Engraçado Vence’ ainda se mantém. Amo escrever séries que são para o dia de hoje. Acho que é isso que te faz se sentir relevante”.
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Considerando o período no qual tanto Spin City, quanto Scrubs ficaram no ar — isto é, de 1996 a 2002 e 2001 a 2010, respectivamente —, não é surpresa que algumas tramas e punchlines tenham envelhecido mal. No caso da série médica, por exemplo, o próprio ator Zach Braff admitiu à BBC que, revisitando a série com Donald Faison no podcast Fake Doctors, Real Friends, percebeu que "algumas partes são certamente pouco politicamente corretas para hoje". "Várias vezes a gente sente aflição e pensa 'definitivamente não poderíamos fazer essa piada hoje'". No entanto, não a ponto de tornar a série inassistível, segundo a dupla.
Todas as produções estão sujeitas ao teste do tempo. Por isso, Lawrence diz com tranquilidade: "não me surpreenderia se daqui 10 anos as pessoas não fizessem mais séries como Shrinking e Ted Lasso". Até lá, as duas produções podem ser acompanhadas no Apple TV+.
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