Voltada para o público teen, a série da Netflix Sintonia conseguiu inovar diante de um nicho que recebe mais e mais conteúdo a cada dia. Em tempos onde reboots e revivals de produções noventistas estão sendo o caminho para vários estúdios, ver uma produção original brasileira se destacar é excelente. A chave para esse sucesso talvez esteja na linguagem simples que ela adotou, ou ainda nos problemas dos protagonistas, bem alinhados com a realidade.
A boa notícia é que a produção repetiu a fórmula na nova temporada. Famosa por carregar elementos culturais ligados ao funk, como linguagem e moda, a série consegue se manter coesa nos seus objetivos e história no segundo ano. O trio principal trilha os caminhos determinados no final da primeira temporada: Rita (Bruna Mascarenhas) se empenha na igreja da comunidade, Doni (Jottapê) segue sua jornada ao sucesso como cantor e Nando (Christian Malheiros) comanda o crime organizado na comunidade. Tudo sempre acompanhado de uma bela direção artística.
O Omelete assistiu a quatro episódios da nova temporada - e nos dois iniciais, a série segue um ritmo mais morno. Enquanto o capítulo de estreia reúne os protagonistas e apresenta a nova realidade de cada um, o segundo foca na diferença entre os três universos da trama, igreja, tráfico e música. Nesse início, é notável que o tempo de cada um dos episódios poderia ter sido melhor aproveitado para dar uma carga emocional maior.
Passada a reta inicial, a série pega no tranco de verdade no terceiro capítulo, com Doni encontrando novas parcerias na música e no coração, Rita agilizando a reforma na igreja e se aproximando de um pretendente e Nando firmando uma parceria arriscada com um fornecedor impiedoso. É no quarto episódio, no entanto, que o segundo ano de Sintonia lembra o motivo de seu sucesso em 2019. Nele, um velho conhecido retorna para atormentar a vida da mãe de Doni, enquanto pistas deixadas nos episódios anteriores se unem para um desfecho de tirar o fôlego.
A partir das primeiras horas da nova temporada, é possível dizer que a série continua no caminho certo e tende a reconquistar seu público, que há dois anos aguarda novidades da produção. Se os episódios finais seguirem no mesmo nível do quarto, a segunda temporada fechará muito bem o seu ciclo. Do contrário, é possível que a produção tenha desperdiçado uma boa oportunidade de superar as expectativas impostas sobre ela. De qualquer forma, é difícil imaginar que as últimas horas da temporada consigam acabar com o que foi construído nos primeiros quatro episódios — tudo vai depender do destino que foi escolhido para o trio de protagonistas.