Após temporadas de expectativas, Succession finalmente teve sua eleição presidencial. Para surpresa de ninguém, Connor, o filho mais velho do patriarca Logan Roy (Brian Cox), não foi longe na disputa – muito para o alívio de seu próprio intérprete, Alan Ruck. “Seria um desastre”, disse o ator em conversa com o Omelete.
“Ele não tem compreensão, nem noção do que o trabalho [de presidente] implica”, continuou. “Acho que ele pretendia só contratar muitas pessoas competentes, delegar, e deixá-las tomando conta de tudo enquanto ele faria discursos. Ele está totalmente fora da caixinha, em muitos sentidos”.
Na entrevista, que aconteceu na época da estreia da quarta e última temporada da série, Ruck afirmou sentir que Connor “não estava vivendo no mundo real”. “Eu acho que há vezes em que ele pensa: ‘bem, se meu pai conseguiu, eu consigo. Ken acha que consegue, eu consigo’. Ele não tem noção. Eu acho que ele provavelmente chegou a fazer faculdade de administração e achou que era bobagem, e depois tentou a escola de artes e percebeu que não tinha talento algum; e então ele percebeu que nunca mais teria que trabalhar na vida”.
Não dá para negar que Connor passou por alguma fortes emoções na temporada derradeira de Succession – foi especialmente palpável o alívio sentido por ele após uma certa reviravolta. Para Ruck, no entanto, não é possível dizer que o primogênito tenha evoluído muito desde o início da série.
“Ele tinha esse plano de concorrer à presidência para impressionar o pai, o que foi uma constante, e ele tentou fortalecer seu relacionamento com Willa, que, contra seu próprio bom-senso, desenvolveu sentimentos por ele”, notou o ator. “Mas não sinto que ele mudou muito. Jesse Armstrong [criador da série] tem uma teoria de que as pessoas não mudam, e acho que isso é verdade em relação ao Connor”.
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Questionado sobre como os quatro filhos Roy se sairiam sem dinheiro, o intérprete de Connor disse acreditar que todos estariam em maus lençóis. “Claro que o óbvio [que se daria mal] é o Connor, mas todos eles são tão mimados, e pensam que são melhores do que todo mundo. Sem as vantagens que eles tiveram por causa dessa enorme riqueza, não acho que eles teriam ido muito longe”.
“É difícil porque eles foram muito privados de amor”, ponderou Ruck. “Eles tiveram tudo, menos amor. Mas não acho que nenhum deles se sairia muito bem sem o dinheiro”.
Falando em dinheiro, aliás, o ator afirmou que Succession é muito realista em seu retrato dos ultra-ricos. “É uma pequena porcentagem das pessoas que são donas da maior parte do mundo. É muito desanimador; os ricos e poderosos manipularam as situações. Historicamente, os salários sempre subiram com o aumento de produtividade, mas isso não aconteceu nos últimos 40 anos, a partir do [presidente norte-americano] Ronald Reagan. A vida das pessoas comuns ficou muito mais difícil, para o prazer da elite. Acho que somos muito precisos quando retratamos como essas pessoas vivem e pensam”.
Ele completou: “Eles acham que são melhores do que todos. Antes, tínhamos reis, rainhas e imperadores, mas agora são capitães da indústria, que acham que o mundo pertence a eles e que nós somos só outro recurso natural”.
“Ponto alto”
Ruck, alçado à fama como o Cameron de Curtindo a Vida Adoidado (1986), definiu Succession como “a série que estava esperando há 30 anos”. “Quando ela finalmente chegou, pude trabalhar com alguns dos melhores atores, roteiristas e diretores que há. Se eu nunca mais fizer algo assim de novo, eu tive isto, e é definitivamente um ponto alto da minha carreira. Talvez o mais alto”, confessou.
O ator vai sentir saudades, principalmente, dos colegas. “Todo mundo vinha para dar o seu melhor, e é uma forma muito emocionante de trabalhar”, recordou. “Quando você está em um ambiente assim, você não pode andar no automático. Você tem que se entregar, fazer o seu melhor e dar tudo o que tem, e eu gostei disso”.
Succession é exibida aos domingos, às 22h, na HBO e na HBO Max. O último episódio da série vai ao ar no dia 28 de maio.