Em um cenário televisivo saturado de Inventando Anna’s e O Golpista do Tinder’s, a nova minissérie The Dropout aborda o gênero das histórias criminais baseadas em fatos de maneira diferente: ela quer te fazer rir, mas se sentir culpado por isso. É o que contou o ator Naveen Andrews em entrevista ao Omelete para promover a produção.
“O que [a roteirista] Elizabeth Meriwether e [o diretor] Michael Showalter fizeram foi trazer para a série um tom mais absurdo, mais estranho, que é muito difícil de acertar”, disse. “Com esse tipo de material, quando você se vê, como eu me vi ao rever o primeiro episódio na première, rindo em momentos nos quais você não deveria rir… é um sinal que a série acertou em alguma coisa.”
A trama de The Dropout acompanha um caso sério: Elizabeth Holmes (Amanda Seyfried) funda uma empresa chamada Theranos, que propõe vender um dispositivo médico capaz de testar uma única gota de sangue dos pacientes para várias doenças diferentes. O problema, é claro, é que essa tecnologia não existe - e o braço direito (e amante) da jovem CEO, Sunny Balwani (papel de Andrews), foi instrumental para manter a farsa por anos a fio, mesmo enquanto a empresa entregava resultados incorretos e fazia testes em pacientes com câncer.
Nas mãos de Showalter e Meriwether, como o ator nos adiantou, essa história é em iguais partes assustadora e tão absurda que é impossível não soltar um risinho culpado. The Dropout examina a cultura do Vale do Silício, região nos EUA de onde nascem as principais startups de tecnologia do mundo, e a cultura do empreendedorismo como um todo, e conclui que ela tem algo de grotesco e monstruoso do qual é impossível fugir. Para Andrews e a colega de cena Seyfried, um dos desafios foi criar personagens que parecessem reais nesse cenário.
“Tanto Amanda quanto eu decidimos que talvez não fosse uma boa ideia conhecer as pessoas que interpretaríamos", confessou ele na entrevista. “Quando você está tentando abordar pessoas reais e tentando transformá-las em seres humanos na tela, é imperativo não ter um julgamento sobre elas, não ter uma noção pré-concebida, nascida de quem nós [os atores] somos como indivíduos e nossas ideias de moralidade. Se você faz isso, perde toda a liberdade de criar um personagem crível.”
Ao ver vídeos de Balwani e pesquisar sobre o seu passado, no entanto, o ator encontrou alguns pontos em comum com sua própria vida. “Ele nasceu na província de Sindh, no Paquistão, em uma família hindu [minoria dentro do país]. Ter que se mudar para a Índia, e depois de lá para o Ocidente, fez algo com o senso de identidade dele, informou o quanto ele se sentia sem raízes e sem conexões. É algo com que eu, pessoalmente, posso me identificar”, explicou.
As mensagens de texto
O julgamento dos verdadeiros Balwani e Holmes ainda está acontecendo e, segundo o ator, levou a produção a fazer algumas mudanças de última hora. “Algumas mensagens de texto entre eles foram reveladas ao público durante o julgamento, e nossa roteirista as incorporou à série”, contou Andrews, que explicou também porque o material deu aos dois protagonistas “um senso de alívio muito grande”.
“Desde o começo da produção, eu e Amanda concordamos que a profundidade e a intensidade desse relacionamento era central para a história, então tivemos que tomar algumas decisões muito cedo [sobre como seria a dinâmica entre eles]”, disse. “E é claro que, se você toma uma decisão tão cedo, está brincando com a sorte, porque não tem 100% de certeza. [Quando as mensagens saíram], pensamos: ‘Nossa, acho que estamos no caminho certo no fim das contas’.”
Os três primeiros episódios de The Dropout já estão disponíveis no Star+. Os capítulos seguintes serão lançados semanalmente, às quintas-feiras.
