Foto de The Handmaid's Tale

Créditos da imagem: The Handmaid's Tale/Hulu/Divulgação

Séries e TV

Crítica

The Handmaid’s Tale - 3ª temporada

Série continua poderosa, mas terceiro ano sofre com roteiro lento e desgaste da história

Omelete
4 min de leitura
16.08.2019, às 13H08.
Atualizada em 28.02.2024, ÀS 00H49

O título de “temporada perfeita” é algo pesado de carregar. Quando estreou em 2017, The Handmaid’s Tale foi considerada dessa forma: a história de resistência de June, o roteiro redondinho e a bela fotografia fizeram a série ser aclamada pelo mundo. O segundo ano já foi diferente. Com cenas extremamente pesadas (e muitas vezes, desnecessárias), o seriado foi acusado banalizar o sofrimento apenas para chocar e o showrunner precisou comentar as reações negativas ao desfecho.

Assim, o terceiro ano de The Handmaid’s Tale chegou com uma grande dúvida: será que a qualidade seria retomada, ou o seriado seguiria o caminho de várias outras produções que pioram a cada ano? Colocando de forma simples, os 13 novos episódios não se encaixam em nenhum dos lados. Houve sim uma melhora em comparação com a segunda temporada, mas a série sofreu com o roteiro lento e uma história desgastada, ficando longe da qualidade mostrada no começo.

Uma das mudanças foi em relação à violência física. A produção da série claramente ouviu as críticas sobre as cenas gráficas do ano anterior, incluindo o estupro de June quando ela estava grávida. A frequência diminuiu e agora os embates e desgastes são mais psicológicos. Ainda há a punição física para as Aias e Marthas e cenas fortes aparecem quando são realmente necessárias, mas muitas coisas são mais pensadas do que feitas. O problema é que tal introspecção não foi dosada corretamente na história. Enquanto o começo da temporada e o final contam com grandes acontecimentos que avançam a trama, o meio ficou extremamente arrastado. Ao tentar corrigir o aspecto da violência, os roteiristas deixaram muitos episódios que começam e terminam no mesmo lugar. Há uma regra narrativa que diz: se uma cena não avança nada na história, pode ser cortada. Se isso fosse feito na terceira temporada, The Handmaid’s Tale contaria com, no máximo, uns seis episódios.

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Isso também aponta para um certo desgaste. Enquanto o primeiro livro de Margaret Atwood foi a base para o primeiro ano, o segundo e o terceiro seguem com a supervisão da autora, mas sem um material de base tão concreto, algo refletido claramente na história e no desenvolvimento de June. Além de a trama seguir muito lentamente, as decisões da protagonista deixam o público confuso. Quando o universo de Gilead foi apresentado, ficou muito claro que o local é repleto de regras rígidas e que as punições acontecem o tempo todo, até para o menor “deslize”. Mas a June da terceira temporada parece não se incomodar com isso. Ao ir para a casa de um novo comandante, ela se arrisca demais e toma decisões perigosas, chegando a ouvir de uma Martha a frase: “você se esqueceu de onde está?”. Além disso, quando tais ações passam sem punição a série se torna incoerente. Fica a impressão de que o roteiro, já frágil pela falta de acontecimentos, adotou certas conveniências para chegar ao final desejado.

Força das mulheres

Embora a história de June seja a mais confusa da temporada, ela curiosamente ocupa mais tempo de tela do que antes. Houve muitos acertos, como o episódio sobre o passado de Tia Lydia e a adaptação de Emily a sua nova vida, mas a figura de Serena, por exemplo, passa vários episódios distante e volta apenas no final. O que é realmente uma pena, primeiro pela atuação incrível de Yvonne Strahovski, e segundo pela expectativa criada sobre a relação dela com Fred. Há sim um ou dois momentos na temporada que entregam isso, mas a sensação é que a personagem foi deixada um pouco de lado.

The Handmaid’s Tale realmente volta a ser o que era quando trata de questões profundas das mulheres, como a maternidade. A falta que June sente de Hannah e Nichole é seu grande combustível para lutar, e o mesmo acontece com Serena, que joga toda a sua vida para o alto pela chance de segurar a bebê mais uma vez. A relação da personagem com a maternidade, aliás, é um capítulo à parte. Serena se sente “menos mulher” e “menos digna” quando está longe de Nichole, ou quando a criança estranha sua presença depois de tanto tempo longe. São apenas detalhes, mas o incômodo que Strahovski demonstra no olhar transforma um momento simples em algo poderoso.

Além da maternidade, que aparece em outras camadas com o esforço das Marthas pelas crianças, a união feminina é o que faz com que The Handmaid’s Tale permaneça relevante. Mesmo com todos os problemas já citados, a série emociona quando June recebe um toque nas mãos de uma das Marthas; quando Serena pensa na vida que tem enquanto olha para um passarinho em uma gaiola, em uma clara alusão a sua condição; ou mesmo quando June e a Esposa Eleanor conversam sobre a vida “de antes” e seus projetos. A troca entre mulheres está intrincada no roteiro de The Handmaid’s Tale e isso só cresce com o decorrer dos episódios, culminando em cenas que trazem lágrimas aos olhos. Infelizmente, essa emoção demora para chegar. 

A história termina com várias pontas soltas para serem resolvidas na já confirmada quarta temporada, mas o desenvolvimento destes episódios acende um sinal de alerta. Chegou a hora de The Handmaid’s Tale reencontrar sua própria identidade e preparar o final de suas personagens, antes que a série caia naquele limbo muito comum da história que se estende além do necessário.

Nota do Crítico
Bom

The Handmaid's Tale

The Handmaid's Tale

Criado por: Bruce Miller

Ano: 2017

Lançamento: 26.04.2017

Gênero: Drama

País: Estados Unidos

Onde assistir:
Oferecido por

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