Quem assiste The Handmaid’s Tale costuma se perguntar até quando a protagonista June (Elizabeth Moss) continuará sofrendo em Gilead. E a quarta temporada do seriado, que chega ao Brasil neste domingo (02) pelo Paramount+, começa testando os limites físicos e psicológicos da jovem - e, por consequência, os do público também.
Os três primeiros capítulos se passam imediatamente após a terceira temporada, quando June é ferida após conseguir levar várias crianças para fora de Gilead. Como era de se esperar, ela sobrevive e, ao lado de outras aias, começa a viver escondida para seguir com seus planos de enfraquecer o sistema e reencontrar sua filha. Nesse contexto é apresentada uma nova personagem, Mrs. Keyes, interpretada por Mckenna Grace (Eu, Tonya, A Maldição da Residência Hill).
Atualmente com 14 anos, a atriz acrescenta uma camada ainda mais sombria ao que acontece em Gilead e todos os três primeiros episódios ecoam essa ideia: se as temporadas já lançadas do seriado mostraram crueldade, o nível trazido para o quarto ano é ainda maior. Com isso, é particularmente doloroso assistir a algumas sequências, ao mesmo tempo em que fica clara a importância do que é colocado em tela: a violência física e mental de The Handmaid’s Tale serve ao propósito de nos fazer pensar sobre a sociedade atual. E há um peso maior quando isso acontece durante uma pandemia como a da COVID-19, que escancara o que a série já mostra há muito tempo: quando a sociedade tem problemas, as mais prejudicadas são as mulheres.
Enquanto June trava essa briga de um lado, do outro é mostrado como Serena (Yvonne Strahovski) e Fred (Joseph Fiennes) estão lidando com a nova vida fora do continente, e o que os aliados da protagonista estão fazendo também para ajudá-la. Como esperado, Strahovski e Fiennes entregam diálogos memoráveis e cheios de significado, sem jamais deixar de lado o ar soturno de quem vivia em Gilead. O seriado também acerta bastante ao mostrar que os amigos de June não conseguem a ajudar como gostariam e que nem tudo sai como o planejado após a chegada das crianças. Novamente, são momentos difíceis de assistir, mas muito verdadeiros e que são responsáveis por tornar a série tão instigante.
A parte visual de The Handmaid’s Tale continua impecável e a produção usa isso a seu favor em sequências que são belas e cheias de significado, incluindo ainda outros estilos, como o terror, utilizado para mostrar como o medo se tornou um dos maiores aliados daquele regime opressor. Há simbolismo e cuidado em tudo o que é colocado em cena e esse é um dos pontos que coloca a produção em um alto patamar de qualidade.
Com o quinto ano já confirmado, The Handmaid’s Tale continua uma série poderosa. Ainda que haja a impressão de que a história de June e cia. está se estendendo mais do que deveria, não há como negar que, infelizmente, ainda há muita injustiça que pode ser mostrada em Gilead e resta ao fãs torcer que a protagonista tenha a vitória e o descanso que tanto merece.