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Crítica

The Walking Dead - 4ª Temporada | Crítica

"Quem nós somos?"

Omelete
3 min de leitura
01.04.2014, às 13H42.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

The Walking Dead demorou quatro anos para achar o caminho certo. Durante três temporadas, a série da AMC teve altos e baixos, além de mudanças drásticas de tom. Ora um drama preguiçoso, ora um thriller sem cérebro. O quarto ano encontrou a solução ao dar espaço para os personagens se desenvolverem, sem esquecer a tensão inerente a obras pós-apocalípticas.

A primeira metade, que estreou ainda em 2013, serviu como um reparador de danos. Poucos finales foram tão anticlimáticos quanto o da terceira temporada. Pautados por isso, os roteiristas focaram nas abaladas relações do grupo de Rick (Andrew Lincoln) e na vingança do Governador (David Morrissey). Apesar de repetir os temas mostrados durante os primeiros dias de prisão, o seriado aproximou os núcleos que se tornariam importantes mais adiante, além de entregar um episódio de fim de ano conclusivo.

Durante a segunda metade, The Walking Dead confirma a nova abordagem. Fora da prisão, os personagens têm carga suficiente para discutir seus papéis naquele novo mundo e debater isso - sem precisar jogar tudo diretamente para o espectador. Foram inúmeros episódios com poucos diálogos, poucos zumbis e muita contemplação. A carga emocional está ali e é construída a partir do olhar e nos pontuais embates entre os núcleos - Carl/Rick e Daryl/Beth, por exemplo.

Esses dois núcleos protagonizam os melhores momentos da temporada. Os primeiros dias entre pai e filho após a saída da prisão mostram o crescimento acelerado de um garoto criado em mundo morto-vivo, enquanto o pai está moribundo fisica e psicologicamente. A cena dentro da casa em que Rick agoniza na frente de Carl (Chandler Riggs), inspirada pela HQ, revela o esforço de ambos em uma casa vazia. Em um mundo perdido como tal não é preciso um exército zumbi para se sentir ameaçado. Eles são mortais, mas não um grupo de extermínio como nos anos anteriores. A quarta temporada deixa isso claro. Não é preciso mais que um zumbi para ficar alerta.

A ausência das criaturas também deixa a relação entre Beth (Emily Kinney) e Daryl (Norman Reedus) melhor. Eles espreitam a dupla, mas estão ali novamente como ameaças. Os dois personagens têm histórias de vida completamente diferentes, mas encontram no outro um novo lado, uma faceta inédita da própria personalidade. Conseguir moldar o caráter de ser em pleno apocalipse com tamanha sensibilidade não é simples.

É mais fácil impactar pelo grafismo, o choque da violência. The Walking Dead também faz isso neste quarto ano, mas equilibra as medidas. Em vez de sequências de ação e matança, há uma clara opção por momentos trágicos as vezes sem apelas para o visual - as crianças e o arroubo de fúria de Rick são alguns exemplos. E apesar de importantes, essas cenas ficam em segundo plano se comparadas a paulatina evolução dramática dos personagens.

Em dado momento, Carl pergunta a Rick: "quem nós somos?". Além de uma dúvida legítima, a questão do garoto ilustra esse novo momento. A busca da identidade em um local devastado de humanidade e princípios é e sempre foi o tema central da temática zumbi. Hoje, The Walking Dead faz jus a esse legado.

Nota do Crítico
Bom
The Walking Dead
Encerrada (2010-2022)
The Walking Dead
Encerrada (2010-2022)

Criado por: Angela Kang, Frank Darabont

Duração: 11 temporadas

Onde assistir:
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