Durante quase duas décadas, os fãs brasileiros de MMA que acompanharam o auge do Brasil no UFC - com nomes como Anderson Silva, José Aldo ou Junior Cigano - se acostumaram a buscar as lutas no Combate, canal a cabo especializado do grupo Globo. Mas quem quiser assistir à aguardada estreia de Jon Jones entre os pesos pesados, neste sábado, vai ter que procurar um novo caminho.
Isso porque a longa parceria entre o Ultimate e a Globo se encerrou no ano passado e o evento trouxe para o Brasil um antigo sonho: seu próprio streaming. Chamado de UFC Fight Pass, ele não é exatamente uma novidade. O serviço já existe nos Estados Unidos desde 2013, mas nunca tinha vindo ao Brasil por conta do contrato com o canal, que detinha os direitos nesse formato.
“A Globo sempre foi muito parceira, saímos de lá grandes amigos, até que decidimos tomar outro rumo, outro caminho… Mas tudo mudou. Criou-se outras formas de distribuir e de fazer barulho”, explicou Eduardo Galetti, vice-presidente do UFC para América Latina. “Com a mudança no mundo e o dinheiro de mídia indo para vários outros lugares - como Instagram ou Facebook - a verba de TV aberta mudou muito e para compensar, a Globo fez essa transição.”
Em comum acordo, os lados decidiram seguir rumos distintos: e evento finalmente trouxe para o Brasil seu aplicativo de streaming, além de ter voltado com a Band para a TV Aberta, algo que não acontecia desde 2019, quando a própria Globo abriu mão desse direito. Já o canal carioca, com o Combate, decidiu abraçar praticamente todos os outros eventos de MMA de grande de porte do mundo, além de importantes lutas de boxe.
“A gente queria trazer o Fight Pass para cá e isso já era uma decisão. Até tentamos ir juntos nesse caminho, não chegamos a um consenso e decidimos apostar na gente mesmo. E está indo super bem. Criamos um ecossistema para compensar essa saída de mídia espontânea que vinha da Globo - mas sempre com muitas limitações”, completou Galetti.
“Foi boa, foi bem boa [a transferência de assinantes do Combate para o Fight Pass]. Não posso abrir os números, mas foi muito bom também pela promoção de 50% de desconto nas duas primeiras semanas do ano. Mas agora é uma construção, não é algo linear, tem saltos dependendo do evento ou das lutas”, seguiu.
Outro ponto favorável para essa mudança de casa do UFC é a consolidação do mercado de streamings no Brasil neste momento. “A gente é uma empresa que toma decisões sempre muito baseada em dados e o Brasil é conhecido por ser um mercado com grande potencial para o streaming. Em alguns momentos, alguns streamings aqui só não são maiores que a Globo, em termos de receita também.”
“Quando se olha o gráfico de aumento de distribuição de banda larga, e depois por fibra, diminuição das audiências de TV aberta… É para lá que a gente vai. A gente tá olhando a longo prazo, para 10 ou 20 anos. Ainda bem que esses caras vieram na frente e criaram esse hábito de consumo. Pessoal já está acostumado a espelhar na TV, a ver no celular... Ainda temos um caminho, mas ele é bem menor agora. A ideia era ter entrado antes, mas foi bom também para montar toda a estrutura.”
E que vantagem leva quem assinar o UFC Fight Pass no Brasil? Começando pelo básico: durante todo o ano, 100% de todos os eventos ao vivo (na Band é apenas um completo por mês, além de alguns cards preliminares) e sob demanda, assim que eles acabam, além de um acervo com todas as lutas dos 30 anos de história do Ultimate, assim como das marcas que eles adquiriram com o passar dos anos, como Pride ou WEC.
Mas eles apostam em um diferencial que não existe nem mesmo no Fight Pass original dos Estados Unidos: conteúdo narrativo exclusivo. “A luta é a luta e tratamos ela muito bem. Temos agora muitos documentários, que sempre fizemos aqui no Brasil. E quisemos fazer uma estrutura de transmissão diferenciada. Mas nosso principal sempre foi contar histórias, que é o ponto de contato com os fãs. Sempre investimos nisso, com diretores e produtores renomados. Temos mais de 300 horas de produção só para o Brasil.”
E como está sendo voltar para a TV aberta, com a Band? “Podemos voltar a mostrar as lutas em TV aberta, que é sempre legal e importante para educar o público em geral. É bacana mostrar o esporte para um grupo mais democrático, mais heterogêneo. O público do Combate era mais hardcore.”
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