Séries tratam de temáticas parecidas, mas são as diferenças que as tornam complementares
Mesmo vindo de uma emissora inusitada em termos de ficção como o History Channel, Vikings se tornou um sucesso enorme. A série teve seis temporadas, um derivado garantido na Netflix e também definiu toda a estética de histórias nórdicas mais realistas, ainda que cheia de liberdades criativas. Essa abordagem inspirou de tudo, desde HQs à games, e também outros seriados, como The Last Kingdom.
O programa da BBC é baseado nas Crônicas Saxônicas, de Bernard Cornwell, mas é visível que o sucesso de Vikings agilizou sua adaptação e inspirou seu visual. Assim, há várias semelhanças e comparações válidas entre as obras para que os fãs possam aproveitar as forças de ambas.
Iniciada em 2015, The Last Kingdom acompanha Uhtred (Alexander Dreymon), um saxão é criado pelos dinamarqueses que habitam o território da Inglaterra. Ao ver sua família ser assassinada por outros nórdicos, o guerreiro parte em busca de vingança, ao mesmo tempo que tenta desmentir que foi o responsável pelo massacre. Logo de cara, é possível notar algumas semelhanças com o programa do History. O visual segue à risca o que foi proposto pelo primeiro seriado, tanto nas cores quanto nos cenários exóticos e vestimentas dos guerreiros. Há ainda a presença de nomes históricos, como Ragnar, Ubba e outros, mas aqui bastante diferentes, com aparência mais parruda, e também apenas como personagens secundários.
Há um contraste grande entre as primeiras temporadas de Last Kingdom e Vikings. A série da BBC começa em um nível mais alto de qualidade técnica, por vir de um canal praticamente calejado de fazer produções históricas. Isso significa fotografia impressionante, que destaca os belos campos ingleses e também as frenéticas cenas de ação, como também batalhas e lutas mais complexas. Como teve de provar o potencial de seriados de ficção para a emissora, o programa do History demorou alguns bons anos para se acertar - basta voltar e ver os confrontos do ano um, muito mais simples e limitados. Diferente da seriedade de Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel), a série de Uhtred também tem um pouco mais de humor, que dá as caras pontualmente em diálogos muito bem escritos.
Ao mesmo tempo, o protagonista de Last Kingdom, ou qualquer um do elenco secundário, não é tão marcante quanto os nórdicos “concorrentes”. O início em pequena escala fez com que Vikings se tornasse uma jornada de crescimento, tanto para os personagens quanto para a produção. Ragnar, Rollo (Clive Standen), Lagertha (Katheryn Winnick) e Floki (Gustaf Skarsgard) deixam uma impressão muito mais marcante no público, que passa a torcer por suas conquistas, e são essas que movem a trama. Essa simplicidade narrativa é a força de Vikings, e também a fraqueza da jornada de Uhtred, que muitas vezes soa um pouco confusa ao ter um universo bastante expansivo logo nas primeiras temporadas.
Ambas têm seus acertos e defeitos individuais, e é justamente por isso que assistir as duas se torna uma experiência mais rica para os fãs. Já que as produções tratam de períodos parecidos com abordagens e escopos diferentes, uma pode complementar a outra. Especialmente agora, que Vikings passa por seu último hiato antes de ser finalizada, The Last Kingdom se torna uma excelente alternativa para quem quer continuar vendo lutas épicas de espadas e intrigas históricas enquanto Vikings: Valhalla não faz sua estreia na Netflix.
Todas as temporadas de Vikings e The Last Kingdom estão disponíveis no catálogo da Netflix.