Vikings chegou ao fim apenas há alguns anos, mas seu universo já ganhou um novo capítulo pelas mãos da Netflix. Vikings: Valhalla é ambientada mais de um século após a série original, e acompanha um novo grupo de guerreiros nórdicos lutando por poder e territórios ao mesmo tempo que identidade viking começa a desaparecer.
Por mais que já comece muito mais grandiosa que a jornada de Ragnar Lothbrok, o seriado derivado é repleto de acenos aos personagens que consagram a série do History Channel. Confira todas as referências que Valhalla faz a Vikings!
A sagrada casa de Ragnar Lothbrok
Logo de cara, Valhalla já entrega um enorme fanservice para os fãs da série original. O programa apresenta os irmãos exploradores Leif Eriksson (Sam Colett) e Freydis Eriksdotter (Frida Gustavsson), que lideram uma expedição da Groenlândia para Noruega em busca de vingança.
No novo país, eles desembarcam em Kattegat, local que antes de se tornar uma enorme cidade portuária, era uma pequena vila onde o fazendeiro Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel) vivia com sua família. Após os grandes feitos do guerreiro, que explorou o mundo, travou guerras, se tornou rei e teve descendentes igualmente famosos, sua casa se tornou o centro da cidade - e aparentemente um lugar sagrado.
Sem medo de demonstrar sua força, Leif não se deixa intimidar por um guerreiro canastrão, e lhe dá uma boa chave de braço quando ameaçado. Antes que pudesse derramar sangue, ele é impedido por um grupo de guardas, que afirmam que é proibido brigar dentro do salão onde viviam os protagonistas da série original.
A banheira de Harald Finehair
Ambientar Valhalla mais de 100 anos após a original não serve apenas para mostrar outro momento da história escandinava, mas também é a prova do alcance e das conquistas de personagens dos quais acompanhamos a ascensão. Um deles é Harald Finehair (Peter Franzén), guerreiro que se tornou o primeiro rei da Noruega, unificando todos os reinos sob um único comando.
Um dos protagonistas da série derivada é Harald Sigurdsson (Leo Suter), um dos líderes da investida viking contra o rei Aethelred (Bosco Hogan) em vingança pelo massacre dos assentamentos nórdicos na Inglaterra. Ainda mais sensível é o fato de que seu irmão, Sten Sigurdsson (Wolfgang Cerny), foi uma das vítimas do ataque. Acontece que Harald é descendente direto de Harald Finehair. A revelação acontece logo no primeiro episódio, após seduzir Freydis Eriksdotter.
Flertando com a exploradora antes de um banho de banheira, ele tenta se exibir ao dizer que é bisneto do antigo rei. Para sua tristeza, Freydis pouco se importa, já que nasceu na Groenlândia e não conhece sobre a monarquia norueguesa, dizendo: “Não sei quem ele é. Essa banheira é dele?”, prosseguindo com seu banho normalmente.
O novo Exército Não-Tão Pagão
O plano de Harald Sigurdsson é reunir a maior quantidade de guerreiros de toda a Escandinávia, com o objetivo de navegar para a Inglaterra e buscar a cabeça do rei Aethelred como prêmio. Se a ideia parece familiar, é porque ela é.
Na série original, durante a quarta temporada, o protagonista Ragnar Lothbrok foi assassinado pelo rei Ælle (Ivan Kaye), e teve seu corpo jogado em um poço de cobras. Esse fim trágico motivou seus filhos - Bjorn (Alexander Ludwig), Ivar (Alex Hogh Andersen), Hvitserk (Marco Ilso) e Ubbe (Jordan Patrick-Smith) - a reunirem uma força militar que ficou conhecida como o Grande Exército Pagão, que invadiu a Inglaterra em busca de vingança.
O rei Canute (Bradley Freegard) reconta a história como exemplo para motivar suas tropas e apaziguar as diferenças entre os vikings pagãos e os cristãos. Dessa vez, porém, o plano não dá tão certo, já que o rei Aethelred morre de causas naturais antes da vingança dos nórdicos.
Ancestralidade
Um dos momentos em que Vikings: Valhalla conversa com o fã é o fato de que os protagonistas da série original, cujas histórias os espectadores acompanharam por anos, agora se tornaram lendas até dentro desse universo fictício.
O rei Canute claramente se inspira muito nos métodos dos guerreiros antigos, algo que é bastante contestado entre vikings mais modernos ou de outras religiões. No mesmo discurso para tentar motivar as tropas, Canute afirma que um ato criminoso como o massacre cometido por Aethelred não passaria impune em outros tempos: “Nossos ancestrais não ficariam quietos”, ele diz às tropas. “Ivar, Sem Ossos, e Bjorn Ironside não ficariam quietos”.
Citar os nomes dos antigos protagonistas parece ter funcionado, já que dá motivação o suficiente para os guerreiros deixarem suas diferenças de lado por alguns momentos.
Incoerência temporal
Harald Sigurdsson não é o único personagem de Valhalla que é descendente de alguém mostrado em Vikings, mas o caso de Leif Eriksson é um pouco mais complicado. Assim como o explorador na vida real, que é conhecido como um dos primeiros nórdicos a desembarcar na América do Norte, ele é filho de uma figura conhecida como Erik Thorvaldson.
Também conhecido como Erik, o Ruivo, ele é descrito como um berserker que foi banido da Noruega e da Islândia por assassinato. Acontece que a versão do personagem que aparece na série original, que foi interpretado por Eric Johnson na sexta temporada… morreu. Ou seja, é praticamente impossível que ele tenha tido um filho vivo depois de mais um século - e menos ainda um que diz ter convivido com o pai.
Vikings é conhecida por algumas boas imprecisões históricas - como transformar figuras históricas como Ragnar e Rollo em irmãos -, mas essa é uma que segue sem explicações até o fim da primeira temporada.
Ótimos sobrenomes em uma lápide
Não é só pelo fatos históricos que Vikings se tornou o sucesso que é: a série também entrega entretenimento de qualidade. Além de aprender sobre cultura nórdica, há excelentes cenas de batalha e personagens bastante memoráveis. E como nota Eadric Streona (Gavin Drea), seus sobrenomes também são muito legais!
“Ironside, Sem-Ossos, Bloodaxe. Que nomes incríveis!”, fala sobre Bjorn, Ivar e Erik Bloodaxe, o filho de Harald Finehair. A fala, claro, é usada como uma forma de negociar com o príncipe Edmund (Louis Davison), e Streona logo completa: “Sabe o que todos têm em comum, Alteza? Estão mortos”, diz, reforçando o fato de que os vikings podem, sim, ser derrotados.
A linhagem de Rollo
Nem todos os descendentes dos personagens originais continuaram na Noruega. O propósito de Valhalla é mostrar como a presença viking tocou todos os cantos do mundo - incluindo a realeza de outras nações.
Uma das figuras mais fortes do seriado é a rainha Emma da Normandia (Laura Berlin), que auxilia Edmund nas estratégias militares e alianças políticas. Sua força está no sangue nórdico: ela é a bisneta de Rollo (Clive Standen), o irmão de Ragnar Lothbrok em Vikings que começa a série como um guerreiro, mas termina como o duque da Normandia, na França.
Na série original, o personagem não ganha exatamente uma conclusão, após se tornar apenas uma peça secundária na guerra entra Bjorn e Ivar. Mas é bom que o derivado garante que pelo menos Rollo continuou sua linhagem.
Uma visão do Seer
Vikings sempre teve um pézinho no místico e sobrenatural, como forma de representar a fé fervorosa dos nórdicos em deuses como Odin e Thor. Quem melhor representa isso é o Seer, o vidente de Kattegat que prevê os pontos altos, baixos e as tragédias na vida de Ragnar, Rollo, Lagertha (Katheryn Winnick) e de todas as figuras importantes da cidade.
Nem sempre suas previsões eram otimistas, e nem sempre as pessoas lidavam bem em saber de seus vindouros fracassos. Foi justamente assim que o Seer se tornou vítima da ira de Ivar. Sua morte na quinta temporada apenas serve para aumentar sua natureza fantasmagórica, já que ele segue aparecendo em visões.
Em Valhalla, o Seer faz uma nova aparição sobrenatural. Dessa vez, tanto como uma visão para Freydis em sua iniciação no Templo de Uppsala, quanto para Jarl Kåre (Asbjørn Krogh Nissen), que o atormenta sobre seus traumas mal resolvidos e mexe com seu fervor religioso, tornando-o uma figura ainda mais perigosa para Freydis.
Onde Ragnar e Ivar falharam
Após perceberem que não conseguem se vingar de Aethelred, os líderes do exército viking se deixem seduzir por um objetivo ainda maior: assumir o trono da Inglaterra das mãos do príncipe Edmund.
Além de parecer uma conquista fácil pela idade do garoto, os nórdicos se interessam pelo fato de que seria algo único na história de seu povo. Como bem lembra o rei Canute ao apresentar sua ideia aos demais guerreiros, reinar a Inglaterra é uma conquista que nem Ragnar ou Ivar conseguiram, apesar de suas várias vitórias.
Ameaça Russa
Na reta final da série, Canute se ausenta do trono, e abre espaço para a chegada de seu excêntrico pai, Sweyn Forkbeard (Søren Pilmark), que assume as responsabilidades políticas do filho durante esse período. Edmund tem a falta de sorte de precisar lidar com Forkbeard, e ao questionar Godwin (David Oakes) sobre a ausência de Canute, descobre que o rei precisou lidar com uma ameaça na Dinamarca: “O ataque dos Rus, do leste”, explica.
No caso, se trata do Império Russo, que é familiar aos fãs de Vikings. Nas temporadas finais, Ivar se aventurou pelo mundo, e acabou passando um extenso período em Kiev (atual Ucrânia), onde desenvolveu uma estranha amizade com o príncipe Oleg (Danila Kozlovskiy). Por conta disso, os russos foram bastante desenvolvidos dentro do universo do programa, e há uma abertura para eles darem as caras em Valhalla.
Além da menção, há uma conexão histórica entre um dos personagens do derivado com o Império Russo: na vida real, Harald Sigurdsson serviu na guarda real do príncipe Yaroslav, algo que pode muito bem ser retratado no futuro da série.